sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Citador #30 - filosofias e incongruências que o "Viajante" deixa alertado - "Viagem a Portugal"

Citador #30
... filosofias e incongruências que o "Viajante" deixa alertado
Caminho, 11.ª edição
Página 195

(...) "Há aqui basta matéria para dissertar sobre incongruências, e, quando já o dedo vai em riste para apontar a primeira, descobre o viajante que deve começar por si mesmo: mau mundo é esse para quem o poeta é poeta só, e cada um de nós nada mais do que pareça. (...)

"Viagem a Portugal" - Este é o Portugal de 1981. Como será o de 2015?

Fotografia com encenação do propósito da obra.
O mapa de Portugal e o livro que resulta das "estórias" do "Viajante".

Deixo um pedido para reflexão.

Este é o Portugal de 1981. Como será o de 2015?


Sinopse da obra, também com edição através da Companhia das Letras (Brasil)
Via página da Fundação José Saramago, em http://www.josesaramago.org/viagem-portugal-1981/

"Em Viagem a Portugal, o pacto de Saramago com a língua se materializa com tanta clareza que chega a parecer um destino – é como se as coisas e as pessoas estivessem estado à espera de seu escritor. Um milhão de viajantes viram os rios, as encostas e as florestas que Saramago viu. Entraram nos mesmos castelos e igrejas. Pediram informação àquele pastor, à fiandeira e ao velho da encruzilhada. Todos deram pasto à vista e à imaginação. Nenhum deles, entretanto, teve como levar a viagem para casa, refazê-la por escrito e escolher que iria partilhá-la infinitamente. Conhecemos, neste livro, que nome se dá às coisas em Portugal, qual é a comida que vai para a mesa, quem pintou o teto daquela capelinha, quando é que chove, de que cor são os olhinhos de Nossa Senhora da Cabeça, o que aconteceu com as flores das amendoeiras que o rei mouro mandou plantar para a sua princesa nórdica, quanto custa passar o tempo nas ruas de Serpa, até que ponto são rápidas as águas do Pulo do Lobo, de que modo se conserva a seriedade perante o são Sebastião sorridente e orelhudo de Cidadelhe, por que morreu Inês, a amante de Pedro, o Cruel, o Cru, o Filho-Inimigo, o Tartamudo, o Dançarino, o Vingativo, o Até-Ao-Fim-do-Mundo-Apaixonado."



Citador #29 ... o "Viajante" e os traços da futura epígrafe do "Ensaio sobre a Cegueira"

Citador #29
O "Viajante"
Caminho, 11.ª edição
Página 152

(...) "os livros de pergaminho iluminados, as pratas, e se todas estas coisas vão assim mencionadas ao acaso, sem critério nem juízo formulado, é porque o viajante tem clara consciência de que só vendo se vê, embora não esqueça que mesmo para ver se requer aprendizagem. Aliás, é isso que o viajante tem andado a tentar: aprender a ver, aprender a ouvir, aprender a dizer." (...)

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” - epígrafe da obra "Ensaio sobre a Cegueira"

As formas várias de olhar, as formas de ver, o que se observa e o que se repara.
Intuir, absorver informação, interpretar e desenvolver a capacidade de interagir com o mundo que nos rodeia.