terça-feira, 24 de novembro de 2015

"A Viagem do Elefante" em BD de João Amaral - Exposição em Viseu - Momentos














«Como referi anteriormente, estive no passado dia 14 em Viseu, na inauguração de uma exposição sobre A Viagem do Elefante, a adaptação que fiz para banda desenhada do romance de José Saramago. Foi um dia inesquecível com conversa, convívio e trabalho à mistura, sinais de momentos bem passados. A todos os que por lá passaram, pude falar um pouco sobre o making-of deste trabalho que, para mim também implicou uma grande viagem, quer a nível físico, quer psicológico. A própria exposição, constituída por vários núcleos, revela algumas pranchas do livro executadas em diferentes técnicas, mas também uma pequena mostra sobre como é que elas foram elaboradas, bem como esboços, desenhos e fotografias de alguns locais por onde passei, para me documentar.
Depois deste dia que foi de muitas e intensas emoções, fica mais uma vez expresso o meu agradecimento ao GICAV que montou a mostra, bem como à autarquia de Viseu, representada nas figuras do seu presidente da câmara e da vereadora da cultura por terem apoiado a iniciativa.
A todos os que se possam deslocar ainda à biblioteca D. Miguel da Silva, na rua Aquilino Ribeiro, em Viseu fica a nota de que esta exposição estará patente até ao próximo dia 30 de Novembro. Para já, deixo aqui algumas fotos, que falarão melhor do que eu. E quem quiser ver  ainda mais pormenores sobre este acontecimento, pode sempre consultar a minha página de facebook, o by João Amaral, cujo acesso se pode fazer directamente através do selo que poderão visualizar do lado direito deste blogue.»

O trabalho de João Amaral, pode ser acompanhado em diversas plataformas.



(Fotos: Cristina Costa Amaral)






Revista Blimunda - Edição #42 Novembro 2015

(capa da edição #42 - Novembro 2015)


Pode ser descarregada gratuitamente, não só a presente edição, como as anteriores, aqui

Sinopse da edição
«Foi em Novembro de 1995, há 20 anos, que foi publicado o Ensaio sobre a Cegueira, romance que José Saramago definiu como “um livro indignado” e que inaugurou uma nova fase na sua criação literária. A Blimunda deste mês dedica várias páginas a esse livro cruel e duro, “francamente terrível”, nas palavras do seu autor, mas portador também de beleza e alguma tímida esperança. As fotos que ilustram a secção Saramaguiana, dedicada ao Ensaio, são de Alexandre Ermel e foram captadas durante a rodagem do filme Blindness, de Fernando Meirelles.

Com As Primeiras Coisas, Bruno Vieira Amaral recebeu vários prémios, entre eles o José Saramago/Fundação Círculo de Leitores – atribuído em outubro passado. Alguns dias depois do anúncio da distinção, a Blimunda apanhou o barco até ao Barreiro para uma conversa com o escritor sobre a Vila Amélia (bairro ficcional criado pelo escritor), o ofício de escrever e as expectativas e projetos para o futuro.

Na secção de Cinema o assunto é a Ficção Científica (FC) e o seu potencial para antecipar ou prever o futuro. João Monteiro analisa o género, desde as primeiras produções até ao momento atual.

Aos 73 anos, muitos deles dedicados aos livros, a colombiana Sílvia Castrillón visitou Portugal pela primeira vez. Veio para participar no Folio (Festival Literário de Óbidos) e aproveitou para passar uns dias em Lisboa, cidade que “conhecia” através do livros de António Tabucchi. Nesta passagem pela capital portuguesa, a escritora, editora e bibliotecária foi entrevistada por Andreia Brites.

Boas leituras e até Dezembro!»

Roteiros de Leitura da obra "O Homem Duplicado"

Roteiro de Leitura
"O Homem Duplicado"
Caminho, 2002

Um roteiro não nos mostra o local físico, porém, 
nos orienta pelos caminhos a percorrer até ao seu destino.
São 83 pontos de interesse, em sucessão e não antecipáveis, tal como se pode imaginar e idealizar num trajecto entre o ponto de partida e o de chegada. Pelo meio, um caminho percorrido. 
Mil vozes e imagens transporta este "O Homem Duplicado".
(9 a 23 de Novembro de 2015)


1. Tertuliano Máximo Afonso (TMA) professor de Historia do ensino secundário TMA

2. Homem divorciado, com quase 40 anos, solitário e a solidão

3. Aluga filme Quem Porfia Mata Caça, sugerido pelo colega de matemática

4. Alusão ao livro de estudo das antigas civilizações mesopotâmicas

5. O filme que é visionado e a insónia que o desperta e faz de novo percorrer o filme

6. O primeiro espanto e o choque... a descobeta de um actor em tudo igual a TMA

7. Ligeiras diferenças fisionómicas, o cabelo e o bigode, a cara mais magra

8. O filme tem 5 anos e TMA descobre através de uma fotografia que há cinco anos não tinha diferenças em relação ao actor

9. A insónia e as novas perguntas. O que é ser um erro?

Imagens do filme "Enemy" baseado na obra em análise
Aqui link para mais informações em https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Homem_Duplicado_(filme)

10. Amanhece e a consciência fala. A consciência chama-se Senso Comum. Perguntar ou não ao colega o porquê da sugestão de um filme antigo e de segunda categoria!? Teria alguma outra intenção? Dar passos, mas quais passos. Deixar tudo como está

11. O confronto com o seu eu reflectido no espelho

12. Na escola o encontro com o colega de matemática, as trocas de impressões sobre as culpas do mundo. A pergunta fulminante que atinge TMA

13. A ira dos mansos e os humores da Antiguidade e do Agora

14. Alusão de TMA em reunião de professores ao método de ensino da História. Deveria começar no presente até ao passado. A força dos gestos e subgestos

15. No vídeo clube compra a cassete que tinha alugado e traz mais 6

16. A procura do nome do actor por exclusão de repetições dos elencos dos filmes

17. A mensagem no gravador de Maria da Paz (MP) e do colega de matemática. A alusão à ex-mulher. A reflexão com o senso comum

18. A resposta para o gravador de MP

19. É identificado o dia da semana, que sendo uma sexta feira permite alugar todos os filmes disponíveis na loja. Alusão ao tipo de cidade onde a acção se desenrola

20. Um continuo que pede a presença do senhor doutor no gabinete do director da escola. A conversa no gabinete sobre a forma de ensinar a História e que continuou ao almoço. 

21. Passagem pelo vídeo clube. 36 cassetes para alugar já à sua espera. Fim de semana para apurar da lista de nomes qual o do seu igual. Filmes de fraca qualidade e o actor sempre presente em papéis secundários


22. A visita supresa de MP. O pânico de TMA por ter as cassetes à vista e dar uma justificação falsa mas credível
23. MP visita TMA na sequência das mensagens trocadas nos gravadores de mensagens. Queria ter uma resposta e uma esperança
24. TMA cedeu ao pânico e amou mais uma vez MP. Sairam de casa como casal. Chegou a casa como homem a procura da sua cópia.
Em A Deusa do Palco descobre-o, chama-se Daniel Santa-Clara (DSC)

25. Começou a procura de DSC. Os nomes pela lista telefónica. 3 nomes com o mesmo apelido. 2 telefonemas e sem avanços, ao terceiro telefonema do outro lado dizem que já alguém tinha procurado a mesma pessoa

26. Os 3 contactos feitos, TMA decide enviar uma carta à produtora dos filmes a pedir informações de DSC. Não pode enviar com seu nome e morada. Dá uma falsa desculpa a MP para enviar com os dados dela. Aceita mas fica no ar a dúvida dela. Caminhos falsos e falsificações. TMA perde o controlo na relação que queria romper

27. A carta escrita e a assinatura de MP falsificada pronta a seguir para o marco do correio. Antes uma última tentativa. Telefona para o número que nunca foi atendido sem sucesso

28. Telefona a Carolina Máximo (CM) a mãe de TMA. Uma conversa preocupada. A mãe ansiosa

29. A carta colocada no marco e os filmes entregues no clube de vídeo


30. O colega de matemática que o acha estranho desde que viu o filme. O director que lhe propõe um trabalho para as férias dando razão à forma como TMA pretende ensinar a História, da frente para trás

31. Duas semanas de marasmo. MP telefona do banco a comunicar a chegada da resposta à carta. Recolhe a carta e fica a saber o seu conteúdo. Uma fotografia autografada por DSC e uma carta informando o nome verdadeiro do actor - António Claro - e a morada da residência

32. É para lá que vai. A busca de AC o homem e não o actor é mais efectiva e sólida. O senso comum entra no carro para lhe dar os últimos avisos. Confronto entre TMA e o seu senso comum

33. Volta a casa. Tem o nome e morada falta o número de telefone que está na lista telefónica. E agora, pergunta-se

34. Telefona para AC e atende uma mulher. A mulher reconhece a voz de AC. Gera-se a confusão. TMA pergunta por DSC e não por AC. Desliga fica no ar a suspeição

35. TMA opta por procurar um disfarce para não ser reconhecido na incursão à rua de AC

36. Jantar com MP. Ela confronta-o com a carta e seu conteúdo. Conflito e suspeição. Na chegada à casa de MP,  TMA decide confessar as mentiras mas sem se pronunciar sobre a razão das mesmas. Clima de paz entre os dois. MP contenta-se em saber que a mentira existe e que a verdade chegará

37. TMA disfarçado com barba postiça visita a área onde mora AC

38. Fica a dúvida será TMA o original ou a sua cópia

39. Deu o passo seguinte. Telefonou e atendeu a mulher de AC. Com AC apresenta-se e falam da voz, das parecenças físicas e sinais que ambos têm. AC exige não voltar a ser incomodado


40. AC conversa com a mulher. Helena (H). Dúvida e inquietação. Que quererá TMA? Serão mesmo iguais? E quem será um ou o outro? Fica a pairar o temor. TMA sente-se confortável, fez o que tinha e podia fazer
41. A busca de TMA e a sua inquietação foi transferida para cada de AC e H. Pairam sombras nesta casa

42. Noite de sonhos ou pesadelos para H e que na manhã seguinte procura a morada de TMA na lista telefónica

43. AC sai de casa e vai em direcção da rua onde TMA vive. Coloca um bigode para disfarce. TMA em casa trabalha no documento sobre a forma de ensinar a disciplina de História. Não se cruzam

44. O narrador anuncia que TMA não voltará à escola e ao ensino. A saber depois

45. AC vai para casa e adensa a incerteza e incómodo do passo a tomar. Tem nova personagem para preparar, um advogado

46. AC telefona a TMA. Marcam um encontro para tirar as dúvidas. Num local fora da cidade que AC enviará os dados da localização por carta. Um irá armado sem balas o outro não

47. Encontro com MP, perde-se a chama definitivamente?
48. TMA põe a barba postiça e faz reconhecimento da casa onde se irá encontrar com AC

49. TMA telefona à mãe CM. Da promessa da visita em breve até à prometida conversa franca entre ambos

50. Chega o momento do encontro. AC incrédulo. TMA preparado. As comparações fisionómicas, os sinais, cicatrizes. A menção à forma como TMA chegou a AC. Os telefonemas aos 3 DSC e que já tinha sido contactado por outro homem que não o TMA

51. A comparação da data de nascimento e hora ou a presunção de que o primeiro a nascer será o original do seu duplicado


52. TMA nasceu 31 minutos depois de AC. Ficou em clara desvantagem. Morrerão ao mesmo tempo ou com diferença de 31 minutos. E a prova do teste de ADN recusada por ambos. Despediram-se. Terminou o momento de crise. O encontro e comprovação das semelhanças físicas

53. De volta a casa TMA tem o senso comum dentro do carro. O diálogo de TMA vem a dar por concluído este episódio. O senso comum dá-o por agora iniciado

54. Inesperadamente TMA envia a barba postiça para AC. H e AC têm um confronto verbal pelo que será o futuro. Ignorar o impossível ou manter vivo o pensamento. H mostra-se sofredora

55. TMA visita a mãe. O cão Tomarctus e a tentativa de se furtar à conversa com CM

56. AC lembra-se da conversa com TMA, a da carta a pedir a morada dele

57. H vive numa completa letargia alimentada a comprimidos. O conhecimento da existência de TMA é um foco de destruição do casal

58. A ida de AC à produtora mostrou-se frutífera, uma funcionária consegue localizar uma carta enviada não por TMA mas por MP

59. AC assume agora a posição de ataque. Deixa mensagem a TMA a exigir novo encontro, telefonará sem dizer nada a MP a quem passará a seguir os seus passos, e H não será conhecedora destes dados

60. AC tem o primeiro contacto visual com H e segue-a de autocarro até ao trabalho
61. TMA conta à mãe CM as razões do seu desassossego, o encontro com AC e a relação sôfrega com MP

62. Regressado a casa. A paz no espírito. Tem mensagens no gravador do telefone. Director e o colega de matemática. A 3a é de AC exigindo novo encontro. Da paz ao terror num ápice

63. O banho frio para acalmar e só depois as chamadas que ficaram por ouvir. A 4a foi de um silêncio de quem não quer falar, a última de MP em tom de cobrança e mágoa. TMA devolve a chamada, promete-lhe amor e vida em conjunto

64. Decorrem alguns dias em que TMA despacha o trabalho para entregar ao director para depois pensar na mudança de casa. Viverá com MP e sua mãe, deixará a sua cada

65. AC desloca-se a casa de TMA numa atitude de vingança. TMA mexeu num assunto que tomou dimensões incontroláveis. AC pretende colocar MP em jogo já que H sofreu um choque que a abalou e à relação




66. Entre TMA e AC existe um confronto verbal e quase físico de agressão. A jogada de AC sobre TMA é de vingança. Faz-se passar pelo namorado e terá combinado levar MP a passar uma noite na casa de campo. Resignação de TMA. AC prepara o disfarce levando roupa e o carro de TMA. Momento alto de crise

67. AC faz de TMA na sua casa de campo onde está vingando a ousadia inicial do seu duplicado. Não deixa de ser um encontro sexual. MP é uma mulher feliz

68. TMA em casa decide como se tratasse de uma jogada de xadrez tomar posição. Pega nas roupas e haveres que AC deixou na mudança e toma-os para se colocar na figura de AC. Segue para casa dele e leva consigo o livro dos mesopotâmicos

69. No elevador tem companhia. O senso comum a quem desvenda o seu plano. TMA dormirá com H e deixará a AC a amarga surpresa de quando retornar a sua casa ter de explicar que na noite anterior ter dormido com H sem o saber. Está na sua casa de campo com MP sem saber que TMA está nesse momento na sua casa

70. TMA passa uma noite de sexo e pesadelos. O conforto de H e o sexo de novo presente

71. A manhã é de paz. TMA com a ansiedade de sair de casa para não ser confrontado por AC. O tempo que passa e o sentimento de permanência que vai aumentando. H sai para ir às compras

72. Passa o tempo e não há sinal de AC. TMA sai do apartamento à pressa. H em choro

73. TMA ao sair do apartamento decide primeiro telefonar para casa de MP. Alguém atende e diz que MP e o seu noivo morreram num acidente de automóvel

74. TMA cai num assombro de culpa. A culpa moral e o peso da consciência

75. Para onde irá? É um noivo, professor de Historia e filho morto. Não poderá assumir a vida de AC. Procura um hotel para passar a noite e reflectir sobre os passos a dar de seguida

76. Agonia crescente. Liga para casa na esperança da mãe já ter chegado. Ninguém atende à 1a e na segunda tentativa deixa recado no gravador de chamadas. Espera que ela oiça. Deixa os dados do hotel onde está e o nome do cão Tomarctus

77. A mãe chega ao hotel e TMA revela toda a história. Fica a saber que o acidente acontece porque o carro foi atirado para debaixo de um camião

78. Na manhã seguinte compra os jornais e fica a saber que o carro é atirado para debaixo do camião e o os ocupantes MP e AC iriam a esbracejar

79. TMA leva o jornal da notícia do acidente e apresenta-o em casa de H. H surpresa porque pensa que AC saiu ontem de casa sem dar mais notícias e agora é confrontada com a sua presença e o mundo lhe desaba aos pés. AC não está e o seu duplicado se apresenta a dar a notícia da morte. Devolve o anel e a carteira e outros haveres

80. MP deitada ao lado de TMA que supunha ser o seu noivo e não AC descobre a marca da aliança retirada. O acidente é consequência desta descoberta

81. TMA e H, o desenrolar da conversa leva a que ela proponha ao duplicado que ocupe o lugar de AC. A cena termina num abraço e de aliança novamente ao dedo de TMA

82. CM chorará o filho que não morreu e H fingirá que AC não está morto

(Capa da edição actual da Porto Editora)

83. TMA agora AC sentado a ler o seu livro que o acompanha durante toda a história. Toca o telefone e do outro lado alguém pergunta por DSC, a conversa que TMA tinha originalmente efectuada e agora repetida por um terceiro duplicado. Marcam de imediato um encontro. TMA sob capa de AC sai vestido com a arma carregada. Adivinha-se mais uma morte