quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Comunidade de Leitores Ler Saramago - Programa do 1.º Trimestre de 2016

Mais três livros de José #Saramago para ler e discutir na 
Comunidade de Leitores que a Fundação José Saramago acolhe. 
Aqui fica o programa para o primeiro trimestre de 2016.

Ver Informação de Contactos ou através da Fundação José Saramago

Sobre a técnica narrativa em José Saramago, pelo próprio (15/02/1994)

(...) "Regresso a um tema recorrente. Todas as características da minha técnica narrativa actual (eu preferiria dizer: do meu estilo) provêm de um princípio básico segundo o qual todo o dito se destina a ser ouvido. Quero com isto significar que é como narrador oral que me vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem lidas como para serem ouvi-das. Ora, o narrador oral não usa pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras. Certas tendências, que reconheço e confirmo (estruturas barrocas, oratória circular, simetria de elementos), suponho que me vêm de uma certa ideia de um discurso oral tomado como música. Pergunto-me mesmo se não haverá mais do que uma simples coincidência entre o carácter inorganizado e fragmentário do discurso falado de hoje e as expressões «mínimas» de certa música contemporânea..." 

in, "Cadernos de Lanzarote - Diário II"
Caminho, página 49 (15/02/1994)

"Memorial do Convento" pela Éter Produção Cultural, no Palácio Nacional de Mafra (Uma sessão por mês até Junho)


Apresentação da peça de teatro, baseada na obra de José Saramago, o "Memorial do Convento"
Informação Éter Produção Cultural, via página do Facebook, em https://www.facebook.com/EterProducaoCultural/?fref=ts

Mais informações sobre a actividade da Éter Produção Cultural, aqui no link

"Sessões 18h
9 Janeiro, 6 Fevereiro, 5 Março, 2 Abril, 7 Maio e 4 Junho. 

Em 2016 voltamos a apresentar ao público geral o espectáculo MEMORIAL DO CONVENTO, de José Saramago. 
Em cena desde 2007 o público escolar e desde 2008 para o público geral, este espectáculo já foi assistido por mais de 180 mil pessoas. Se ainda não viu, venha assistir num dos dias acima mencionados. 

RESERVAS (ver abaixo)

Sinopse:
Unidos por um amor maravilhoso, Blimunda e Baltasar reúnem-se a Padre Bartolomeu de Gusmão e ao seu sonho de voar. A Passarola, máquina voadora, misto de barco e de pássaro, nasce do saber científico de Padre Bartolomeu, da força de trabalho de Baltasar e dos poderes de Blimunda recolhendo as vontades humanas (“as nuvens fechadas”) que alimentarão a máquina e a farão voar. A história encantada, que revolucionou a literatura portuguesa, do nascimento de um convento no século XVIII.
Na presente adaptação dramatúrgica, a relação dinâmica entre os cinco atores, a música original e os espaços cénicos dão vida a dezassete personagens e a momentos essenciais de Memorial do Convento.



Ficha Técnica:
Texto: José Saramago 
Adaptação Dramatúrgica:
Filomena Oliveira e Miguel Real 
Encenação: Filomena Oliveira

Orgânica sonora e Música original:
David Martins 
Voz: Andreia João 
Piano: Sandra Nunes 

Interpretação: 
Blimunda: Leonor Cabral | Rita Fernandes | Rute Lizardo | Susana Branco
Baltasar: Pedro Oliveira | Pedro Vieira | Sérgio Moura Afonso 
Pde Bartolomeu de Gusmão: João Brás | Paulo Campos dos Reis | Rogério Jacques 
Camareiro, Pai Sete-Sóis, Arquitecto, Manuel Milho, etc.: João Mais | Miguel Simões 
Camareiro, D. Joao V, Scarlatti, Zé Pequeno, etc.: Filipe Araújo | João de Brito | Ricardo Soares

Desenho de Luz: Carlos Arroja 
Operação Luz/Som: Carlos Arroja | David Martins Pedro Moreira | Nuno Gomes | Bruno Oliveira 
Criação e adaptação do espaço cénico: 
Carlos Arroja | Vitor Fernandez 
Guarda-Roupa e Adereços: 
Éter | Câmara dos Ofícios 
Fotografia: 
André Rabaça | Edgar d’Oliveira | Filipa Vieira 
Frente de Sala: 
Filipa Vieira | Inês Oliveira Martins | Raquel Mattos 

Produção: ÉTER-Produção Cultural

RESERVAS/INFORMAÇÕES 
ÉTER: book@virtualeter.com | 911 906 778
TICKETLINE: Ligue 1820 (24 horas) | A partir do Estrangeiro ligue +351 21 794 14 00
LOCAIS DE VENDA: Palácio Nacional de Mafra, www.ticketline.sapo.pt, Fnac, Worten, El Corte Inglés , C. C. Dolce Vita, Casino Lisboa, Galerias Campo Pequeno, Ag. Abreu, A.B.E.P., MMM Ticket e C. c. Mundicenter, Fórum Aveiro, U-Ticketline, C.C.B, Time Out Mercado da Ribeira, Shopping Cidade do Porto, Lojas NOTE, SuperCor – Supermercados e ASK ME Lisboa

Inquéritos e dicas... Escolhas de Saramago para o Público e Expresso (05/04/1994)

in, "Cadernos de Lanzarote Diário II"
Caminho, páginas 85 e 86



5 de Abril de 1994

"Mal refeito ainda da viagem de regresso, tive de decidir-me a responder, enfim, aos inquéritos do Público e do Expresso, ambos sobre o vigésimo aniversário do 25 de Abril. A Vicente Jorge Silva, que convidou «vinte personalidades representativas dos mais variados sectores e quadrantes da vida nacional» a escolherem «os dez melhores e os dez piores acontecimentos, situações e fenómenos registados» desde a revolução, respondi brevissimamente: que o pior do 25 de Abril foi o 25 de Novembro; que o pior de Otelo foi Saraiva de Carvalho; que o pior de Vasco Gonçalves foi Vasco Lourenço; que o pior do Primeiro de Maio foi o Dois de Maio; que o pior da Reforma Agrária foi António Barreto; que o pior da Descolonização foi Agora Amanhem-se; que o pior das Nacionalizações foi Salve-se Quem Puder; que o pior da Reforma do Ensino foi Não Haver Ensino; que o pior da Liberdade de Expressão foi ser Liberdade Sem Expressão; que o pior da Democracia (até agora) foi Cavaco Silva. E a Joaquim Vieira, que me pedira 125 palavras sobre as circunstâncias em que recebi «a notícia de que estava em curso o derrube do Estado Novo» e «as recordações mais marcantes do período que se seguiu, até finais de 1975», dei-lhe rigorosamente as palavras pedi-das, que assim rezam: «Nesse mês dormi algumas noites em casas de amigos não marcados pelo regime. Vários camaradas meus haviam sido presos, a minha vez podia não tardar. Passei uns dias em Madrid, mas, como a polícia não se "manifestou", regressei a Lisboa. Vim a saber depois que a minha prisão estava marcada para o dia 29... Numa reunião na Seara (ouviam-se ainda tiros nas ruas) fui encarregado de escrever o editorial para o primeiro número "livre" da revista.» E rematei: «Não esquecerei o Primeiro de Maio, nem o 26 de Setembro, nem o 11 de Março, nem a Assembleia do MFA em Tancos, nem os meses em que fui director-adjunto do Diário de Notícias. Não esquecerei o Alentejo nem a Cintura Industrial. Não esquecerei o que então chamámos Esperança.» 
Suspeito que não terão apreciado as respostas nem o tom em que foram dadas. O caso é que inquéritos destes me irritam pela sua inutilidade. Servem para encher papel."