Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pilar del Río narradora em "La flor más grande del mundo" - Musicado por Emilio Aragón (6/11/2004)


Emilio Aragón le puso música al cuento de José Saramago "La flor más grande del mundo". 
Teatro Real de Madrid, 6 de noviembre 2004
Música: Emilio Aragón
Texto: José Saramago
Orquesta: Escuela de la Orquesta Sinfónica de Madrid
Narradora: Pilar del Rio

Crónica "O factor Deus" - Publicado nos jornais, "Público" e "El País" (18/09/2001)

Publicado nos jornais, "Público" e "El País", em 18 de Setembro de 2001

Aqui, http://www.publico.pt/destaque/jornal/o-factor-deus-161912


"O factor Deus"

"Algures na Índia. Uma fila de peças de artilharia em posição. Atado à boca de cada uma delas há um homem. No primeiro plano da fotografia um oficial britânico ergue a espada e vai dar ordem de fogo. Não dispomos de imagens do efeito dos disparos, mas até a mais obtusa das imaginações poderá "ver" cabeças e troncos dispersos pelo campo de tiro, restos sanguinolentos, vísceras, membros amputados. Os homens eram rebeldes. Algures em Angola. Dois soldados portugueses levantam pelos braços um negro que talvez não esteja morto, outro soldado empunha um machete e prepara-se para lhe separar a cabeça do corpo. Esta é a primeira fotografia. Na segunda, desta vez há uma segunda fotografia, a cabeça já foi cortada, está espetada num pau, e os soldados riem. O negro era um guerrilheiro. Algures em Israel. Enquanto alguns soldados israelitas imobilizam um palestino, outro militar parte-lhe à martelada os ossos da mão direita. O palestino tinha atirado pedras. Estados Unidos da América do Norte, cidade de Nova Iorque. Dois aviões comerciais norte-americanos, sequestrados por terroristas relacionados com o integrismo islâmico, lançam-se contra as torres do World Trade Center e deitam-nas abaixo. Pelo mesmo processo um terceiro avião causa danos enormes no edifício do Pentágono, sede do poder bélico dos States. Os mortos, soterrados nos escombros, reduzidos a migalhas, volatilizados, contam-se por milhares.As fotografias da Índia, de Angola e de Israel atiram-nos com o horror à cara, as vítimas são-nos mostradas no próprio instante de tortura, da agónica expectativa, da morte ignóbil. Em Nova Iorque tudo pareceu irreal ao princípio, episódio repetido e sem novidade de mais uma catástrofe cinematográfica, realmente empolgante pelo grau de ilusão conseguido pelo engenheiro de efeitos especiais, mas limpo de estertores, de jorros de sangue, de carnes esmagadas, de ossos triturados, de merda. O horror, agachado como um animal imundo, esperou que saíssemos da estupefacção para nos saltar à garganta. O horror disse pela primeira vez "aqui estou" quando aquelas pessoas saltaram para o vazio como se tivessem acabado de escolher uma morte que fosse sua. Agora o horror aparecerá a cada instante ao remover-se uma pedra, um pedaço de parede, uma chapa de alumínio retorcida, e será uma cabeça irreconhecível, um braço, uma perna, um abdómen desfeito, um tórax espalmado. Mas até mesmo isto é repetitivo e monótono, de certo modo já conhecido pelas imagens que nos chegaram daquele Ruanda-de-um-milhão-de-mortos, daquele Vietname cozido a napalme, daquelas execuções em estádios cheios de gente, daqueles linchamentos e espancamentos daqueles soldados iraquianos sepultados vivos debaixo de toneladas de areia, daquelas bombas atómicas que arrasaram e calcinaram Hiroshima e Nagasaki, daqueles crematórios nazis a vomitar cinzas, daqueles camiões a despejar cadáveres como se de lixo se tratasse. De algo sempre haveremos de morrer, mas já se perdeu a conta dos seres humanos mortos das piores maneiras que seres humanos foram capazes de inventar. Uma delas, a mais criminosa, a mais absurda, a que mais ofende a simples razão, é aquela que, desde o princípio dos tempos e das civilizações, tem mandado matar em nome de Deus. Já foi dito que as religiões, todas elas, sem excepção, nunca serviram para aproximar e congraçar os homens, que, pelo contrário, foram e continuam a ser causa de sofrimentos inenarráveis, de morticínios, de monstruosas violências físicas e espirituais que constituem um dos mais tenebrosos capítulos da miserável história humana. Ao menos em sinal de respeito pela vida, deveríamos ter a coragem de proclamar em todas as circunstâncias esta verdade evidente e demonstrável, mas a maioria dos crentes de qualquer religião não só fingem ignorá-lo, como se levantam iracundos e intolerantes contra aqueles para quem Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como os outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar. Disse Nietzsche que tudo seria permitido se Deus não existisse, e eu respondo que precisamente por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o pior, principalmente o mais horrendo e cruel. Durante séculos a Inquisição foi, ela também, como hoje os taliban, uma organização terrorista que se dedicou a interpretar perversamente textos sagrados que deveriam merecer o respeito de quem neles dizia crer, um monstruoso conúbio pactado entre a Religião e o Estado contra a liberdade de consciência e contra o mais humano dos direitos: o direito a dizer não, o direito à heresia, o direito a escolher outra coisa, que isso só a palavra heresia significa.E, contudo, Deus está inocente. Inocente como algo que não existe, que não existiu nem existirá nunca, inocente de haver criado um universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer os maiores crimes para logo virem justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória, enquanto os mortos se vão acumulando, estes das torres gémeas de Nova Iorque, e todos os outros que, em nome de um Deus tornado assassino pela vontade e pela acção dos homens, cobriram e teimam em cobrir de terror e sangue as páginas da História. Os deuses, acho eu, só existem no cérebro humano, prosperam ou definham dentro do mesmo universo que os inventou, mas o "factor Deus", esse, está presente na vida como se efectivamente fosse o dono e o senhor dela. Não é um deus, mas o "factor Deus" o que se exibe nas notas de dólar e se mostra nos cartazes que pedem para a América (a dos Estados Unidos, não a outra...) a bênção divina. E foi o "factor Deus" em que o deus islâmico se transformou que atirou contra as torres do World Trade Center os aviões da revolta contra os desprezos e da vingança contra as humilhações. Dir-se-á que um deus andou a semear ventos e que outro deus responde agora com tempestades. É possível, é mesmo certo. Mas não foram eles, pobres deuses sem culpa, foi o "factor Deus", esse que é terrivelmente igual em todos os seres humanos onde quer que estejam e seja qual for a religião que professem, esse que tem intoxicado o pensamento e aberto as portas às intolerâncias mais sórdidas, esse que não respeita senão aquilo em que manda crer, esse que depois de presumir ter feito da besta um homem acabou por fazer do homem uma besta.Ao leitor crente (de qualquer crença...) que tenha conseguido suportar a repugnância que estas palavras provavelmente lhe inspiram, não peço que se passe ao ateísmo de quem as escreveu. Simplesmente lhe rogo que compreenda, pelo sentimento se não puder ser pela razão, que, se há Deus, há só um Deus, e que, na sua relação com ele, o que menos importa é o nome que lhe ensinaram a dar. E que desconfie do "factor Deus". Não faltam ao espírito humano inimigos, mas esse é um dos mais pertinazes e corrosivos. Como ficou demonstrado e desgraçadamente continuará a demonstrar-se."

Saramago em Castril - fala de política, de Cuba, e os apelos aos estudantes presentes (24/04/2003)

Crónica no "El País", de Jesus Arias
Castril, 24 de Abril de 2003

"Saramago habla en Castril con más de 300 niños de política y letras"

Aqui, link recuperado no site do jornal "El País",
em, http://elpais.com/diario/2003/04/24/andalucia/1051136560_850215.html



"Dudo mucho que al sistema en que vivimos se le pueda llamar democracia". Así de tajante se mostró ayer el Premio Nobel de Literatura José Saramago durante la presentación del centro cultural que llevará su nombre en el pueblo granadino de Castril de la Peña, a 150 kilómetros de la capital. "No es democracia una situación en la que el poder real, que son las industrias y las multinacionales, prima sobre el poder político", señaló. Saramago también volvió a pronunciarse sobre la situación en Cuba tras la ejecución de tres personas. "No soy yo quien se ha distanciado de la revolución cubana", señaló, "sino ella la que se ha distanciado de sí misma".

José Saramago protagonizó en la mañana de ayer un curioso acto antes de visitar por la tarde la que será sede provisional del centro cultural del pueblo, un proyecto que realizará el arquitecto portugués Álvaro Siza. El escritor se desplazó hasta un colegio público y, en el patio de recreo, se expuso a las preguntas de más de 300 niños de entre cinco y trece años. "El mundo está enfermo hoy", les dijo, "con las guerras y con todo sucede. Será gracias a vosotros si en el futuro el mundo es un poco mejor". El autor de La balsa de piedra, hijo predilecto de Castril desde hace unos años, manifestó que para él era "un grandísimo honor" que el pueblo haya planeado construir un centro cultural con su nombre. Por ahora, en tanto se completa el proyecto de Álvaro Siza, la sede estará en el teatro y en la biblioteca municipal. El alcalde del pueblo, el socialista José Juan Mar, explicó que el centro albergará en el futuro diferentes exposiciones, tendrá talleres para niños, y servirá también para proyectar películas y hacer montajes teatrales. El proyecto definitivo estará concluido en dos años.

El día de ayer fue casi festivo para Castril. Todos los niños del pueblo y anejos del municipio se concentraron en el patio del colegio público Nuestra Señora del Rosario para escuchar las respuestas de Saramago a sus preguntas. "Tenéis que leer mucho, muchísimo. Para llegar a escribir bien es necesario que antes leáis todo lo que podáis". Militante radical por los derechos humanos, Saramago expuso su cruda visión de la realidad actual en el mundo desarrollado. A preguntas de un grupo de periodistas, manifestó: "Dicen que ha terminado la guerra, pero en mi opinión hay dos batallas que deben mantenerse siempre: la de la democracia y la de los derechos humanos. Sin democracia, no hay derechos humanos. Y sin derechos humanos, no hay democracia". "No es democracia una situación en la que el poder real, que son las industrias y las multinacionales, prima sobre el poder político". También criticó duramente al presidente del Gobierno, José María Aznar. "Ahora dice que han ganado la guerra. ¿Cómo se gana una guerra sin haber participado en ella?", se preguntó.

Citador #22 ... ter esperança ou impaciência?

Citador #22
"Caderno"
Caminho, 2.ª edição
Páginas 43 e 44
"Esperanças e utopias", dia 30 de Setembro de 2008

"Penso que, na prática, aconselhar alguém a que tenha esperança não é muito diferente de aconselhá-la a ter paciência. É muito comum ouvir-se dizer da boca de políticos recém-instalados que a impaciência é contra-revolucionária. Talvez seja, talvez, mas eu inclino-me a pensar que, pelo contrário, muitas revoluções se perderam por demasiada paciência. Obviamente, nada tenho de pessoal contra a esperança, mas prefiro a impaciência. Já é tempo de que ela se note no mundo para que alguma coisa aprendam aqueles que preferem que nos alimentemos de esperanças. Ou de utopias."

"História do Cerco de Lisboa" na visão do escritor Edmund White - The New York Times (13/07/1997)

Edmund White, escritor norte-americano, publicou a crítica literária, à tradução da obra "História do Cerco de Lisboa", sob o título "O revisor subversivo", alusão directa a Raimundo Silva.
Este aparece mencionado como "um humilde empregado de escritório celibatário, discreto e indeciso, neste caso um revisor que um dia quebra todas as regras da sua profissão e comete um lunático acto criativo".
João Céu e Silva, faz alusão a esta informação, em "Uma longa viagem com José Saramago" - Porto Editora, página 111. 


Aqui, via Wikipédia, link para consulta dos dados do referido escritor, 
em, http://pt.wikipedia.org/wiki/Edmund_White
"Edmund Valentine White III (13 de Janeiro de 1940) é um romancista, escritor de contos e crítico literário, nascido em Cincinnati, Ohio, nos Estados Unidos da América.
A sua obra mais conhecida é, provavelmente, A vida privada de um rapaz, o primeiro volume de uma trilogia autobiográfica que tem continuação com Um belo quarto vazio e Sinfonia a despedida."

Aqui link, directo para consulta do artigo, na página do "The New York Times",


"The Subversive Proofreader", by Edmund White

The story of a humble clerk who decides to rewrite Portuguese history
"The History of the Siege of Lisbon", by Jose Saramago
Translated by Giovanni Pontiero. 314 pp. 
New York: Harcourt Brace & Company


"Like his near contemporaries Franz Kafka and Constantine Cavafy, Fernando Pessoa (1888-1935) was a writer and a clerk, but he encapsulated many different literary personalities. He lived in Lisbon most of his adult life, though he'd been brought up in Durban, South Africa, and his first poems were in English. Pessoa made his living by translating business letters into Portuguese, but in his spare time he wrote poems and prose pieces under many different names and in many styles. For instance, his most famous prose work, ''The Book of Disquiet,'' was written under the name Bernardo Soares.

Although Pessoa is mentioned only once in ''The History of the Siege of Lisbon,'' by Jose Saramago, he is present everywhere in this cryptic, ingenious novel (now translated by Giovanni Pontiero). Here is the single direct reference: ''Raimundo Silva thought to himself, in the manner of Fernando Pessoa, If I smoked, I should now light a cigarette, watching the river, thinking how vague and uncertain everything is, but, not smoking, I should simply think that everything is truly uncertain and vague, without a cigarette, even though the cigarette, were I to smoke it, would in itself express the uncertainty and vagueness of things, like smoke itself, were I to smoke.'' (It should be pointed out that Pessoa smoked 80 cigarettes a day.)

The serpentine whimsicality of this passage establishes the link between Saramago and Pessoa (Saramago's novel ''The Year of the Death of Ricardo Reis'' is named after another one of Pessoa's literary ''heteronyms''; the hero of this earlier novel takes long walks and talks to the dead Pessoa). Like Bernardo Soares, like Pessoa himself, Raimundo Silva is a humble, celibate clerk, described as withdrawn, indecisive, in this case a proofreader who one day breaks with all the rules of his profession and commits a lunatic creative act. While correcting the proofs of a standard history of Portugal, he inserts a single word, ''not,'' which totally derails the national saga. As amended by Silva, the text now reads that the crusaders did not come to the aid of the 12th-century Portuguese King who was laying siege to Lisbon, aiming to expel the Moors from the kingdom.

Only 12 days later does his publishing house discover this grave folly. Now the editors above him no longer trust him, but out of consideration for his many years of faithful service, they decide to give him another chance. And his new boss, Maria Sara, who is in charge of all proofreaders, indicates she is fascinated by his subversiveness. Indeed, she even suggests that he write a new history of Portugal based on the false supposition that all but a few crusaders refused to help the King, who was now outnumbered by the Moors, though still capable of laying siege to the city and starving his enemies into submission."

(Pintura de Alfredo Roque Gameiro, "A Conquista de Lisboa", 1917)


"Raimundo Silva is haunted by her suggestion -- and by her. He writes the new, fictitious history while keeping up his proofreading. And he indulges his obsession with Maria Sara night and day. Saramago's text becomes an ever-shifting blend of straightforward narrative about Silva and Maria Sara in the present, passages from Silva's fanciful history of the past, and Silva's thoughts, which seamlessly slide between present and past, reality and fiction, between himself and Maria Sara and their counterparts in the 12th century, a Portuguese hero, Mogueime, and a concubine, Ouroana. We deduce that the fertility of Silva's historical imagination is prefigured by his long-dormant but now fully awakened feelings for a woman. He writes the happy ending that he and his lover are about to experience.

I found the verbal pierce and parry of the two proofreaders' courtship the most persuasive and vivid aspect of the novel. Saramago has a sure sense of the pleasurable danger of seduction, the fear of offending, the wild hope of wooing, and he renders the lovers' dialogue in long, virtually unpunctuated paragraphs (in which the reader is often not certain who is speaking) that superbly reproduce the delirium of desire: ''My problem in this situation is to know whether I should have blushed before or if I should be blushing now, I can recall having seen you blush once, When, When I touched the rose in your office, Women blush more easily than men, we're the weaker sex, Both sexes are weak, I was also blushing, How come you know so much about the weakness of the sexes, I know my own weakness, and something about the weakness of others.''

The rest of the writing can sometimes seem to be nothing but digressions, although the author scatters plenty of clues that he fully intends his periphrases and divagations. At some point he tells us that a story can be 10 words long or 100 or 100,000 -- that every story, in fact, is infinitely extensible. He jokingly refers to his own long-windedness -- which differs from real pomposity in that it is never dull or humorless.

If Pessoa provides Saramago with the ur-example in Portuguese of heteronymic writing (the assumption of one mask after another), then the blending of past and present and of Islam and Roman Catholicism can be traced to the influence of another living Iberian modernist, Juan Goytisolo, Spain's greatest avant-garde novelist. In book after book (''Marks of Identity,'' ''Landscapes After the Battle'') Goytisolo has played with time and imagined a Europe that embraced rather than rejected its Muslim heritage. Saramago is more a game player than Goytisolo, closer than he to the intertextual vivacity of the Borges of ''Pierre Menard,'' a story about a 20th-century dandy who reinvents ''Don Quixote,'' much as Silva has reinvented the founding myth of Portugal. Word has it that Saramago is overdue for a Nobel Prize; no candidate has a better claim to lasting recognition than this novelist who was born in 1922 but was in his mid-50's before he began to publish the fiction that has won him an international reputation."