Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 8 de março de 2015

"Como o mundo recebeu o evangelho de Saramago" por Vitor Reis (via homoliteratus.com)

Uma visão sobre a obra "O Evangelho segundo Jesus Cristo, via
http://homoliteratus.com/como-o-mundo-recebeu-o-evangelho-de-saramago/

"Ao lançar O evangelho segundo Jesus Cristo, Saramago faria inimigos e tornaria sua fama fora dos círculos literários ainda maior. Só não contava com uma censura."

José Saramago em sua casa em Lanzarote, 1994. (Foto por Micha Bar Am)

"Em 1991, o português José Saramago já era um escritor consolidado em seu país e no exterior. Havia publiado uma sequência de romances memoráveis – Levantado do Chão (1980), Memorial do Convento (1982), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), História do Cerco de Lisboa (1989) – até que na última década do século XX lançou seu livro mais polêmico: O Evangelho Segundo Jesus Cristo.

A ideia do livro surgiu em 1987. Enquanto andava pelas ruas de Sevilla, o escritor julgou ver numa banca de jornais o título: “O evangelho segundo Jesus Cristo”. A história que passou a fermentar na mente do autor partia daquela que seria uma das cenas centrais do romance, Deus revelando o futuro de Jesus, assim como a religião fundada a partir da sua morte. A história que se contaria era de um Jesus fugindo de seu destino, embora Deus se adiantasse e fizesses os milagres que seriam atribuídos ao filho, de forma que este não pudesse escapar da cruz.

Entre outros trechos polêmicos, o livro apresenta um o messias nascido de carne e osso, filho de Maria e José, que teria sido um criminoso. Traz também um Jesus que vivia maritalmente com Maria de Magdala (Maria Madalena). No entanto, talvez o que mais chame atenção no livro sejam duas personagens: 1) Deus, cuja descrição de Salma Ferraz  no Dicionário de personagens da obra de José Saramago merece ser citada, “um exigente diretor da trama que não permite que nada se altere e que exige o máximo do protagonista Jesus”; 2) e o Diabo, o qual também recorreremos à descrição de Salma Ferraz, “não é um enganador do homem, nem um fanático inimigo de Deus, mas, às vezes, um parceiro dele, embora extremamente moderado e menos sentimental.”

Como definiu João Marques Lopes , biógrafo de Saramago, o livro é “a negação de toda uma cultura judaico-cristão que se transmudara de contrapoder em instituição dominante, repressora e autorreferencial contra a própria humanidade.”


"De onde veio a censura ao livro?"

"Entre as declarações mais polêmicas após o lançamento do livro está a do Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueiras, de maio de 1992:

“Um escritor português, ateu confesso e comunista impenitente, como ele mesmo se apresenta, resolveu elaborar uma delirante vida de Cristo, na perspectiva da sua ideologia político-religiosa e distorcida por aqueles parâmetros. (…) A apregoada beleza literária, a existir nesta obra, longe de atenuante e muito menos dirimente, constitui circunstância agravante da culpabilidade do réu, seu autor.”

Outra crítica recebida veio do jornal Trás-Os-Montes: “Por dever de ofício, tive de ler um livreco pestilento e blasfemo onde o enfunado autor se enterra até as orelhas nas ocorrências que destila como falsário, aleivoso e cínico”; o tipo de crítica que não poderia realmente atingir Saramago.

Contudo, a verdadeira censura partiu de um frente menos provável, afinal já se poderia esperar críticas assim dos religiosos ou da imprensa mediana, com sua necessidade diária de gerar polêmica. O evangelho segundo Jesus Cristo foi suprimido de uma lista de livros propostos por instituições culturais. O responsável foi o subsecretário Sousa Lara, que alegou ser uma obra “profundamente polêmica, pois ataca princípios que têm a ver com o patrimônio religioso dos cristãos e, portanto, longe de unir os portugueses, desunia-os naquilo que é seu patrimônio espiritual”.

Tal exclusão levou Jack Lang, ministro da cultura e da educação da França, a se pronunciar: “não hesitamos em considerar este gesto como um ato inaceitável que atinge um dos maiores escritores do nosso tempo.”

É evidente que havia o aspecto da perseguição pessoal, posto que Saramago sempre se declarou comunista, além do fato de o escritor ter mexido em temas intocáveis de uma sociedade mais religiosa do que demonstra. E tudo isso fez com que em 1993, Saramago partisse para Lanzarote, uma ilha do arquipélago das Canárias, em uma espécie de exílio voluntário, muito embora tenha mantido pelo resto da vida sua casa em Lisboa.

Nem a tradição, o preconceito ou a ignorância puderam calar este que é um dos melhores romances do século XX, O evangelho segundo Jesus Cristo, de José Saramago."

Coordenador Miguel Koleff "Catedra Libre José Saramago" Universidad Nacional de Córdoba - Argentina (Programa 2015)

É com muito orgulho que aqui publico, o Programa 2015 da "Catedra Libre José Saramago".
Mais informação em http://catedrasaramago.blogspot.pt/2015/03/programa-2015.html?m=1

"Programa 2015
UNIVERSIDAD NACIONAL DE CÓRDOBA - FACULTAD DE LENGUAS

CATEDRA  LIBRE JOSÉ SARAMAGO

Coordinador Académico:  MIGUEL ALBERTO KOLEFF
Año Académico: 2015

«Teatro Saramaguiano y Acción Política»

Nada resulta más higiénico para la conciencia personal y colectiva que fustigar el poder; interrogarse acerca de comportamientos y actuaciones arbitrarias que jamás han descansado en la más mínima racionalidad democrática. Es evidente que existe –y que, además, es exigible- una necesidad cada vez más imperiosa en el mundo de solicitar argumentos cuando la arbitrariedad del poder se pone de manifiesto. Si tuviéramos que elegir entre los elementos de combate que despliega Saramago ante dicho fenómeno, no nos quedaría más remedio que quedarnos con la maestría del lenguaje (Joan Morales Alcúdia, Saramago por José Saramago)."

CRONOGRAMA TENTATIVO  Y SELECCION DE LECTURAS

Aula 1 20-03
Presentación de José Saramago y de la propuesta 2015

Palabras de Apertura a cargo de la Sra. Decana: Dra. Elena Pérez
Exposición a cargo del Dr. Miguel Koleff – Biografía de José Saramago y Periodización.

Aula 2 17-04
Propedéutica – Clara Ryfenholz

Aula 3 15-05
A noite (1979) 
Ximena Rodríguez

Aula 4 12-06
A segunda vida de Francisco de Assis (1987) 
Miguel Koleff

Aula 5 10-07
Que farei com este livro? (1989) 
 Alejandra Britos

Aula 6 21-08
Análisis de In Nomine Dei (1993) 
Victoria Ferrara

Aula 7 18-09
Análisis de In Nomine Dei (1993) 
Matías Omar Ruz y Alejandro Mingo

Aula 8 16-10
Análisis de Don Giovanni ou o dissoluto absolvido (2005) 
Graciela Perrén.

Aula 9 20-11
Evaluación

Palavras de José Saramago sobre as mulheres



Dia Internacional da Mulher
Via página de Facebook da Fundação José Saramago