Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 30 de agosto de 2015

"O Evangelho segundo Jesus Cristo" - Projecto de adaptação cinematográfica de Miguel Gonçalves Mendes

Pode ser consultado e lido aqui
em http://mgm.org.pt/mgm_projetos_evangelho.shtml



"Encontramo-nos no ano zero. Certo dia, José e Maria de Nazaré recebem a visita de um mendigo que lhes pede comida. Ao devolver a tigela, o mendigo, anuncia a Maria que esta está grávida e oferece-lhe uma estranha terra luminosa desejando-lhe que o filho não tenha o mesmo destino que ele. Em "O Evangelho segundo Jesus Cristo" é nos contada a história humanizada da vida de Jesus filho de Maria, que “conhece o amor da carne e nele se reconheceu como homem”. Esta perspectiva, da humanização de Cristo, distancia-se largamente da representação tradicional do Evangelho, evidenciando a fragilidade e vulnerabilidade de Jesus, um homem que não compreende a metamorfose a que está sujeito e que liminarmente a rejeita. É a história de toda uma humanidade que se encontra à mercê dos desígnios de um Deus, contra os quais não pode lutar quaisquer que sejam, e em nome do qual tudo é permitido e justificado até o ato mais cruel e horrendo. A presente adaptação trata simplesmente de transpor para uma dimensão terrena um homem, a quem foi atribuída uma função sobre-humana que nunca pediu, nem desejou, e quais as consequências deste destino na sua vida e no mundo que o rodeia. Esta obra cinematográfica "O Evangelho segundo Jesus Cristo", põe de parte as questões polémicas que se levantaram aquando da publicação do livro de José Saramago e aspira ser a simples transposição para cinema de uma das mais belas narrativas escritas em língua portuguesa.

Nota do diretor
O que me atrai neste livro é a ideia de culpa, de impotência e de livre arbítrio. A culpa como um estado psicológico existencial. A impotência não só da humanidade em geral mas sobretudo, a de Jesus perante um desígnio que o ultrapassa, que não desejava e, a forma inevitável como terá de o aceitar. Existe neste Jesus uma espécie de recusa adolescente que vai dando lugar a uma serenidade e secura. Uma espécie de passagem para a idade adulta. E o livre arbítrio como que manietado pelas duas ideias anteriores. Este filme pretende assim retratar a que ponto chega a crueldade humana, seja em nome do poder, do dinheiro, das relações ou de um deus. O grotesco neste filme assume um papel fundamental: não no sentido escabroso do termo, mas sim no sentido do reconhecimento da realidade. Trata-se simplesmente de retratar a realidade como ela é, sem subterfúgios ou condescendência, pacificando-nos com isso."

"Viagem a Portugal" Novo projecto de Miguel Gonçalves Mendes para 2015?

Aqui informação via http://mgm.org.pt/mgm_projetos_viagem.shtml

"Em 2015 a produtora JumpCut e a Fundação José Saramago se unem para homenagear os 30 anos de lançamento do livro “Viagem a Portugal” de José Saramago. O projecto pretende elaborar uma releitura da obra para os tempos atuais, de um Portugal contemporâneo, pós crise económica e pós Troika, através do olhar do diretor Miguel Gonçalves Mendes."


Exposição "Lanzarote a janela de Saramago" de João Vilhena em Oeiras de 19/9 a 18/10



A Câmara Municipal de Oeiras apresenta a exposição “Lanzarote a janela de Saramago” 
de 19 de setembro a 18 de outubro de 2015, 
no Centro Cultural Palácio do Egipto. 

“Lanzarote a janela de Saramago” é uma exposição composta por fotografias, 
da autoria de João Vilhena, a preto e branco, sépia e cor, 
da ilha de Lanzarote e do escritor.

A exposição incorpora também uma instalação feita com palavras de José Saramago 
que interagem com as fotografias 
e uma partitura sonora criada para o efeito pelos músicos Cindy Kat. 


Horário: 
Terça- feira a Domingo, das 12h00 às 18h00.
Encerrado aos feriados.

Centro Cultural Palácio do Egipto (CCPE)
Rua Álvaro António dos Santos
2780-182 Oeiras
Telf: 21 440 83 91 (CCPE); Telf: 21 440 87 81 (Posto de Turismo de Oeiras)

"Geometria fractal" post no Blog/Livro "O Caderno"

Pode ser consultado e lido aqui
em http://caderno.josesaramago.org/33361.html

(Fotografia aérea de Héctor Garrido)


"Geometria fractal"
"Tal como o sr. Jourdain de Molière fazia prosa sem o saber, houve um momento na minha vida em que, sem me ter apercebido do fenómeno, me encontrei metido em algo tão misterioso como a geometria fractal, da qual, escusado seria dizê-lo, ignorava tudo. Foi isso pelo ano de 99, quando um geómetra espanhol, Juan Manuel Garcia-Ruiz, me escreveu a pedir a minha atenção para um exemplo de geometria fractal presente no meu livro Todos os Nomes. Indicava-me a passagem em questão, a qual reza assim: “Observado desde o ar… parece uma árvore tombada, com um tronco curto e grosso, constituído pelo núcleo central de sepulturas, de donde arrancam quatro poderosas ramas, contíguas no seu nascimento, mas que depois, em bifurcações sucessivas, se estendem até perder-se de vista, formando… uma frondosa copa em que a vida e a morte se confundem”. Não pensei em mudar de ofício, mas todos os meus amigos notaram que havia uma convicção nova no meu espírito, uma espécie de encontro na estrada de Damasco.Durante aqueles dias ombreei com os melhores geómetras do mundo, nada mais, nada menos. Aquilo a que eles haviam chegado à custa de muito estudo, alcançara-o eu graças a um golpe de intuição científica, do qual, falando fracamente, apesar do tempo que passou, ainda não me recompus. Dez anos depois, acabo de sentir a mesma emoção na figura de um livro intitulado Armonía Fractal – De Doñana a las marismas de que Juan Manuel é autor, juntamente com o seu colega Héctor Garrido. As ilustrações são, em muitos casos extraordinárias, os textos de uma precisão científica nada incompatível com a beleza das formas e dos conceitos. Comprem-no e regalem-se. É uma autoridade quem o recomenda…"
O Caderno 2, entrada de 31 de Março de 2009

(Partenon e a edificação através da Proporção Áurea)

Sobre esta temática, a académica e estudiosa Eula Carvalho Pinheiro, elaborou para o número 2 da "Revista de Estudos Saramaguianos" um trabalho denominado "Todos os Nomes do Homem Duplicado ou o Caos é uma Ordem por Decifrar"