Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Manchete do DN - 12 de Abril de 1975

Pode ser recuperado e consultado via site do DN, aqui
em https://www.dn.pt/edicao-do-dia/12-abr-2020/o-pacto-mfa-partidos-12060280.html

"Aconteceu em 1975 - O pacto MFA-partidos
PS, PPD, PCP, CDS, FSP e MDP/CDE estiveram em Belém 
para assinar o acordo que abriria o "verão quente".

Edição de 12 de Abril de 1975

"No Palácio de Belém é assinada a Plataforma de Acordo Constitucional, mais conhecida por pacto MFA-partidos. O Presidente da República, Costa Gomes, falou perante os dirigentes dos maiores partidos - PS, PPD, PCP, CDS, FSP e MDP/CDE -, que compareceram à cerimónia. "Largos estratos do nosso povo não sentiram ainda a força criadora do uso das liberdades democráticas", é a frase do Presidente que a direção do DN - Luís de Barros e José Saramago - escolheu para a manchete do dia 12.

O objetivo do pacto foi o de "estabelecer uma plataforma política comum, que possibilite a continuação da revolução política, económica e social iniciada em 25 de abril de 1974, dentro do pluralismo político e da via socializante que permita levar a cabo, em liberdade, mas sem lutas partidárias estéreis e desagregadoras, um projeto comum de reconstrução nacional".

O documento previa um "período de transição" de três a cinco anos, durante o qual o Conselho da Revolução e a Assembleia do MFA se manteriam como órgãos de soberania. Caber-lhes-ia defender as "conquistas legitimamente obtidas ao longo do processo, bem como os desenvolvimentos ao programa impostos pela dinâmica revolucionária que, aberta e irreversivelmente, empenhou o País na via original para um Socialismo Português".