São pontos para memória futura, apontamentos.
Boa Viagem
Roteiro de Leitura
1. No dia seguinte ninguém morreu
2. O primeiro dia. O exemplo dos estropiados que não morrem
3. A rainha-mãe que tinha reunida a família real esperando a sua morte, fica em suspenso
4. Os primeiros rumores, as reacções do governo
5. A preocupação da igreja. A desculpa da "morte adiada" para que continue a existir uma razão para a continuidade da igreja
6. As notícias nos jornais e as manifestações de orgulho nacional através das bandeiras à janela
7. O declínio e preocupação da indústria funerária. O seu pedido ao governo para obrigar a equiparação dos funerais dos animais aos das pessoas e empréstimos a fundo perdido
8. Os hospitais em ruptura. Os que não tendo morrido ficam nos hospitais e em que condições normais teriam mordido
9. Os lares de 3a idade e o dilema de poder não esvaziar os utentes actuais e não poder admitir novos.
10. As companhias de seguros e a legitimidade da manutenção das apólices dos seguros de vida
11. Os filósofos da comissão interdisciplinar reúnem-se para debater as consequências da ausência da morte e posições das diversas igrejas
12. O caso da morte adiada ou da vida suspensa de 2 familiares na mesma família o avô e o recém-nascido neto. O avô que não suportando a vida pede que o levem e ao neto a enterrar para lá da fronteira
13. A curiosidade do vizinho. A denúncia prevista junto da guarda.
14. Acabaram por não ser condenados pela justiça mas não evitaram o julgamento popular. O certo é que fazendo 3 meses que ninguém morre, a travessia de pessoas com morte suspensa começou a ser prática.
15. Intervenção do governo com o patrulhamento das fronteiras
16. O surgimento do ultimato efectuado pela máphia e as negociações secretas com o ministro. Os vigilantes do governo que patrulham as fronteiras são desactivados mas mantidos nos locais como disfarce. A máphia assim fará o seu trabalho passando os corpos para além fronteiras.
17. As tropas que se perturbam com a aparente falta de respeito por parte das hierarquias. Foram mandadas regressar em parte aos quartéis para que a máphia fizesse o seu trabalho ilegal sob os olhos fechados do governo. Os 3 países que fazem fronteira também colocaram as suas tropas a tentar impedir a passagem e enterro dos quase mortos.
18. As negociatas entre a máphia e os do outro lado da fronteira para que este trabalho pudesse continuar
19. As máphias dos 4 países que se alinharam no princípio de proporcionar ganhos mútuos
20. A nova esperança para a indústria das funerárias... os moribundos são levados a passar a fronteira para morrer e regressam para serem enterrados
21. O caso das famílias que por vergonha preferem manter os familiares em suspenso, o decrescente número de funerais
22. A reacção da indústria funerária e da máphia. As certidões de óbito mencionando o suicídio dos que preferem morrer e libertar o peso da consciência das famílias
23. Aprendiz de filósofo e o espírito que paira sobre a água do aquário. Discussão sobre a morte, a particular e subalterna e a geral que decide sobre as espécies. Depois a última morte, a suprema que haverá de destruir o universo
24. A fábula
25. As movimentações dos republicanos e a preocupação do rei quanto a um eventual golpe de estado e da viabilidade da segurança social
26. O envelope violeta na secretária do director-geral da televisão
27. O pânico e a alteração de espírito do director-geral. O telefonema para o gabinete do primeiro-ministro. O secretismo dessa reunião. O comunicado do governo e a leitura da carta em directo na televisão.
28. A leitura da carta
29. Agitação social. Da vida que passou de eterna a anunciada com 1 semana de antecedência. Os que estavam com a morte suspensa morreram nessa noite.
30. A reacção da associação das agências funerárias, dos coveiros e das carpintarias. É necessário enterrar toda a gente depressa
31. A suspensão da morte fez 72580 moribundos que com a passagem da meia-noite finaram-se de vez
32. Colocação de bandeiras à janela para indicar a existência de um morto à espera que um médico o vá atestar com a certidão de óbito
33. As reacções na comunicação social e a morte que obriga um jornal a corrigir o teor da carta publicada.
34. O estudo da carta sob o prisma da grafologia
35. A análise à reacção das instituições... lares, hospitais, companhias de seguros. A máphia altera a actividade e impõe-se como defensor das agências funerárias, que não sendo aceite o serviço ameaça com retaliações.
36. A reacção da Igreja Católica
37. A morte que se anuncia em envelopes violetas e personalizados. O mecanismo do processo. As reacções.
38. A quase investigação criminal da morte. Quem é, onde está, como se move
39. Poderá ter a aparência de uma mulher de 36 anos.
40. Adensam os temores sobre a morte. A população e o medo de receber a carta violeta no dia seguinte.
41. A posição da Igreja perante a inevitabilidade do regresso da morte
42. A absurda excepção. Um envelope violeta veio de volta.
43. A morte reenvia-a de novo. Tem consigo a gadanha. As cartas são enviadas com um simples aceno da mão direita.
44. A devolução da mesma carta pela segunda vez, passados 30 minutos
45. O terceiro envio e a terceira devolução. O Violoncelista que deveria ter morrido com 49 anos e neste dia de devolução dos envelopes violetas faz 50 anos. A morte incrédula e furiosa
46. A morte que cede à tentação de particularizar o caso e ir procurar o destinatário das cartas devolvidas.
47. A casa do Violoncelista. Homem só com seu cão. 50 anos feitos.
48. A sala de música. O atril e a pauta com as peças de Schumann. O quarto onde dorme o Violoncelista e seu cão.
49. A morte que os observa
50. As reflexões, a organização dos arquivos, a lei geral que a rege e a suposta hierarquia
51. A legitimidade adquirida e o estatuto firmado
52. Mais 248 envelopes de cor violeta escritos e assinados ao que juntou pela 4.a vez o do Violoncelista. 10 segundos depois estava de volta.
53. A alteração do verbete na data de nascimento e na idade do Violoncelista. A gadanha fala pela primeira vez.
54. No teatro o Violoncelista ensaia com a Orquestra e a morte enche toda a sala sentada discretamente na sua cadeira a assistir ao ensaio
55. Nos próximos 3 dias a morte faz-se de sombra do sei alvo.
56. O retrato e a vida solitária do Violoncelista. A música de Chopin com que se auto define. A companhia do cão
57. A morte que o segue para o entender
58. O Violoncelista foi com o cão a um jardim e leva um livro de entomologia. A descrição da borboleta de capa Acherontia Atropos.
59. A morte absorvida por este quadro pensa inclusive que deveria ter enviado borboletas em vez de envelopes violeta.
60. A morte que pede ajuda à silenciosa gadanha. Ausenta-se durante uma semana e deixa organizada toda a correspondência a enviar diariamente pela gadanha.
61. A morte que se veste de mulher de 36 anos, bonita segundo a gadanha
62. A alusão à mulher gorda vestida de preto e a Marcel Proust
63. A mulher/morte apanha um táxi e segue até ao teatro. Comprou o seu camarote para as duas sessões onde o Violoncelista irá actuar.
64. Hospedada num hotel aguardará a chegada da hora do 1.o concerto
65. Assistiu ao concerto e a sua presença de mulher fez-se notar. No final procurou o Violoncelista junto dos camarins.
66. O diálogo. A mulher/morte enigmática e o Violoncelista incrédulo. O trajecto de táxi até casa do músico e a morte que segue para o hotel. Até ao próximo concerto.
67. O telefonema tardio da mulher/morte pedindo desculpa pelo desenrolar da conversa. O mesmo rumo da conversa a desconversar. O Violoncelista sabe de uma suposta carta que a mulher lhe pretende entregar. A conversa acaba de forma abrupta.
68. O suposto ou eventual diálogo que poderia ter tido de seguida com o cão. As horas seguintes de incerteza e inquietação.
69. A mulher/morte não apareceu no segundo concerto. Nem na porta dos artistas ou à porta de casa. Frustração. Amargura. Resignação
70. Domingo e o passeio no parque com o cão. A mulher/morte que o aguarda no banco de jardim para se despedir e o envelope violeta que ficou no hotel. Diálogo e mais uma despedida repentina. O Violoncelista regressa a casa com o sentimento de amor não correspondido.
71. Fim da noite e a mulher/morte bate à porta. A surpresa. A carta prometida para ser entregue mais tarde. E o pedido de tocar o violoncelo. Bach Opus 1012.
72. Depois beijaram-se. Na cama. O Violoncelista que adormeceu. A morte que pega no envelope e o queima. A mulher que regressa à cama e sem entender o que se passa adormeceu pela primeira vez