Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Comunidade de Leitores Ler Saramago - Programa do 1.º Trimestre de 2016

Mais três livros de José #Saramago para ler e discutir na 
Comunidade de Leitores que a Fundação José Saramago acolhe. 
Aqui fica o programa para o primeiro trimestre de 2016.

Ver Informação de Contactos ou através da Fundação José Saramago

Sobre a técnica narrativa em José Saramago, pelo próprio (15/02/1994)

(...) "Regresso a um tema recorrente. Todas as características da minha técnica narrativa actual (eu preferiria dizer: do meu estilo) provêm de um princípio básico segundo o qual todo o dito se destina a ser ouvido. Quero com isto significar que é como narrador oral que me vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem lidas como para serem ouvi-das. Ora, o narrador oral não usa pontuação, fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico: sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras. Certas tendências, que reconheço e confirmo (estruturas barrocas, oratória circular, simetria de elementos), suponho que me vêm de uma certa ideia de um discurso oral tomado como música. Pergunto-me mesmo se não haverá mais do que uma simples coincidência entre o carácter inorganizado e fragmentário do discurso falado de hoje e as expressões «mínimas» de certa música contemporânea..." 

in, "Cadernos de Lanzarote - Diário II"
Caminho, página 49 (15/02/1994)

"Memorial do Convento" pela Éter Produção Cultural, no Palácio Nacional de Mafra (Uma sessão por mês até Junho)


Apresentação da peça de teatro, baseada na obra de José Saramago, o "Memorial do Convento"
Informação Éter Produção Cultural, via página do Facebook, em https://www.facebook.com/EterProducaoCultural/?fref=ts

Mais informações sobre a actividade da Éter Produção Cultural, aqui no link

"Sessões 18h
9 Janeiro, 6 Fevereiro, 5 Março, 2 Abril, 7 Maio e 4 Junho. 

Em 2016 voltamos a apresentar ao público geral o espectáculo MEMORIAL DO CONVENTO, de José Saramago. 
Em cena desde 2007 o público escolar e desde 2008 para o público geral, este espectáculo já foi assistido por mais de 180 mil pessoas. Se ainda não viu, venha assistir num dos dias acima mencionados. 

RESERVAS (ver abaixo)

Sinopse:
Unidos por um amor maravilhoso, Blimunda e Baltasar reúnem-se a Padre Bartolomeu de Gusmão e ao seu sonho de voar. A Passarola, máquina voadora, misto de barco e de pássaro, nasce do saber científico de Padre Bartolomeu, da força de trabalho de Baltasar e dos poderes de Blimunda recolhendo as vontades humanas (“as nuvens fechadas”) que alimentarão a máquina e a farão voar. A história encantada, que revolucionou a literatura portuguesa, do nascimento de um convento no século XVIII.
Na presente adaptação dramatúrgica, a relação dinâmica entre os cinco atores, a música original e os espaços cénicos dão vida a dezassete personagens e a momentos essenciais de Memorial do Convento.



Ficha Técnica:
Texto: José Saramago 
Adaptação Dramatúrgica:
Filomena Oliveira e Miguel Real 
Encenação: Filomena Oliveira

Orgânica sonora e Música original:
David Martins 
Voz: Andreia João 
Piano: Sandra Nunes 

Interpretação: 
Blimunda: Leonor Cabral | Rita Fernandes | Rute Lizardo | Susana Branco
Baltasar: Pedro Oliveira | Pedro Vieira | Sérgio Moura Afonso 
Pde Bartolomeu de Gusmão: João Brás | Paulo Campos dos Reis | Rogério Jacques 
Camareiro, Pai Sete-Sóis, Arquitecto, Manuel Milho, etc.: João Mais | Miguel Simões 
Camareiro, D. Joao V, Scarlatti, Zé Pequeno, etc.: Filipe Araújo | João de Brito | Ricardo Soares

Desenho de Luz: Carlos Arroja 
Operação Luz/Som: Carlos Arroja | David Martins Pedro Moreira | Nuno Gomes | Bruno Oliveira 
Criação e adaptação do espaço cénico: 
Carlos Arroja | Vitor Fernandez 
Guarda-Roupa e Adereços: 
Éter | Câmara dos Ofícios 
Fotografia: 
André Rabaça | Edgar d’Oliveira | Filipa Vieira 
Frente de Sala: 
Filipa Vieira | Inês Oliveira Martins | Raquel Mattos 

Produção: ÉTER-Produção Cultural

RESERVAS/INFORMAÇÕES 
ÉTER: book@virtualeter.com | 911 906 778
TICKETLINE: Ligue 1820 (24 horas) | A partir do Estrangeiro ligue +351 21 794 14 00
LOCAIS DE VENDA: Palácio Nacional de Mafra, www.ticketline.sapo.pt, Fnac, Worten, El Corte Inglés , C. C. Dolce Vita, Casino Lisboa, Galerias Campo Pequeno, Ag. Abreu, A.B.E.P., MMM Ticket e C. c. Mundicenter, Fórum Aveiro, U-Ticketline, C.C.B, Time Out Mercado da Ribeira, Shopping Cidade do Porto, Lojas NOTE, SuperCor – Supermercados e ASK ME Lisboa

"A Jangada de Pedra" no top dos mais vendidos em Dezembro de 1986 (Recorte jornal "O Diário")

in Jornal "O Diário"
Dezembro 1986

Inquéritos e dicas... Escolhas de Saramago para o Público e Expresso (05/04/1994)

in, "Cadernos de Lanzarote Diário II"
Caminho, páginas 85 e 86



5 de Abril de 1994

"Mal refeito ainda da viagem de regresso, tive de decidir-me a responder, enfim, aos inquéritos do Público e do Expresso, ambos sobre o vigésimo aniversário do 25 de Abril. A Vicente Jorge Silva, que convidou «vinte personalidades representativas dos mais variados sectores e quadrantes da vida nacional» a escolherem «os dez melhores e os dez piores acontecimentos, situações e fenómenos registados» desde a revolução, respondi brevissimamente: que o pior do 25 de Abril foi o 25 de Novembro; que o pior de Otelo foi Saraiva de Carvalho; que o pior de Vasco Gonçalves foi Vasco Lourenço; que o pior do Primeiro de Maio foi o Dois de Maio; que o pior da Reforma Agrária foi António Barreto; que o pior da Descolonização foi Agora Amanhem-se; que o pior das Nacionalizações foi Salve-se Quem Puder; que o pior da Reforma do Ensino foi Não Haver Ensino; que o pior da Liberdade de Expressão foi ser Liberdade Sem Expressão; que o pior da Democracia (até agora) foi Cavaco Silva. E a Joaquim Vieira, que me pedira 125 palavras sobre as circunstâncias em que recebi «a notícia de que estava em curso o derrube do Estado Novo» e «as recordações mais marcantes do período que se seguiu, até finais de 1975», dei-lhe rigorosamente as palavras pedi-das, que assim rezam: «Nesse mês dormi algumas noites em casas de amigos não marcados pelo regime. Vários camaradas meus haviam sido presos, a minha vez podia não tardar. Passei uns dias em Madrid, mas, como a polícia não se "manifestou", regressei a Lisboa. Vim a saber depois que a minha prisão estava marcada para o dia 29... Numa reunião na Seara (ouviam-se ainda tiros nas ruas) fui encarregado de escrever o editorial para o primeiro número "livre" da revista.» E rematei: «Não esquecerei o Primeiro de Maio, nem o 26 de Setembro, nem o 11 de Março, nem a Assembleia do MFA em Tancos, nem os meses em que fui director-adjunto do Diário de Notícias. Não esquecerei o Alentejo nem a Cintura Industrial. Não esquecerei o que então chamámos Esperança.» 
Suspeito que não terão apreciado as respostas nem o tom em que foram dadas. O caso é que inquéritos destes me irritam pela sua inutilidade. Servem para encher papel."