José Saramago.
Uma visão apaixonada, sobre o homem que da Estátua descobriu a Pedra.
Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"
"No dia em que principiei estes Cadernos, tinha começado também a escrever o que viria a ser O conto burocrático do capitão do porto e o director da alfândega, aproveitando um caso real de acumulação de funções que tive conhecimento por Ângela Almeida (...)
O conto foi recuperado e publicado neste blog aqui
(...) "Fui ver no mapa onde fica Urqueira (...) a uns dez quilómetros de Vila Nova de Ourém. Tem uma Caixa de Crédito de Agrícola que, segundo se descobriu e a polícia investiga, fazia parte de uma rede de falsificação de meios de pagamento a traficantes de órgãos humanos.
Graças a Deus, imagino, os directores da Caixa nunca tocaram com as suas honestas mãos os fetos congelados: só faziam a contabilidade, passavam cheques e guardavam comissões. Para a educação dos filhos, claro."
"Reminiscências histórico-melancólicas. Durante séculos, como se tivessem sido testemunhas presenciais do milagre, os portugueses acreditaram piamente que Cristo apareceu a D. Afonso Henriques antes da batalha de Ourique, garantido-lhes não só ajuda imediata como protecção para o futuro, tanto para ele como para os seus descendentes." (...)
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"O Milagre de Ourique" é uma pintura a óleo sobre tela do pintor português Domingos Sequeira realizada em 1793 e que está em exposição no Museu Louis-Philippe do Palácio de Eu em França.
A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río.
Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo -- ou, pelo menos, em torná-lo melhor.
José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, "tudo pode ser contado de outra maneira".
(...) "José dormia, com um sorriso resignado nos lábios, mas triste era como se sentiria se ouvisse Maria dizer-lhe, Que o não queira o Senhor, que de ciência certa sei eu que esse homem não tem onde descansar a cabeça. Em verdade, em verdade vos digo que muitas coisas neste mundo poderiam saber-se antes de acontecerem outras que delas são fruto, se, um com o outro, fosse costume falarem marido e mulher como marido e mulher." (...)