"Em setembro os leitores de José Saramago terão nas mãos um novo livro, fruto do trabalho de um atento e interessado editor independente e da genialidade de dois grandes nomes da cultura em língua portuguesa. Alejandro García Schnetzer, argentino radicado em Barcelona, foi o mentor do encontro entre as palavras de José Saramago e o inconfundível traço do artista brasileiro J. Borges. Umas e outro compõem O Lagarto – texto publicado no começo dos anos 70 como crónica num jornal e posteriormente incluído em A Bagagem do Viajante.
Há quatro décadas, quando José Saramago, em Lisboa, escrevia crónicas para jornais, no interior do estado de Pernambuco as xilogravuras de J. Borges começavam a ser conhecidas além do universo da literatura de cordel – género literário que une versos rimados com ilustrações, contando assim uma história. Nos anos 90, quando o português recebeu a consagração definitiva com o Prémio Nobel de Literatura, o brasileiro obteve o merecido reconhecimento internacional com as gravuras que criou para um livro de Eduardo Galeano.
José Saramago admirava o trabalho de J. Borges, tinha em casa algumas gravuras do artista brasileiro,
mas não chegou a conhecê-lo. Agora, seis anos depois da morte do escritor, dá-se, por fim, esse feliz encontro. As xilogravuras feitas especialmente para ilustrar o livro são uma linda homenagem ao Prémio Nobel e um importante contributo para que a história de um lagarto que aparece no Chiado renasça, mais de 40 anos depois de escrita. «Um texto só sobrevive quando muda, e um livro só existe se é lido; senão é um cubo de papel», defende García Schnetzer na entrevista que a Blimunda deste mês publica.
O Lagarto, edição que a Porto Editora em breve apresentará aos leitores, permite que o texto de José
Saramago seja lido e relido de outra maneira. E, assim, volte a existir."
Página 4
(Capa da edição #51)
A presente edição pode ser descarregada gratuitamente e consultada, aqui
em http://www.josesaramago.org/blimunda-51-agosto-2016/Sinopse da edição apresentada pela Fundação José Saramago
«Um livro só existe se é lido; senão é um cubo de papel», diz Alejandro García Schnetzer na entrevista publicada na Blimunda deste mês. Ele é quem está por trás de O Lagarto, que une as palavras de José Saramago ao traço do artista popular brasileiro J. Borges. À revista, o editor contou sobre o processo de criação desse livro que agora chega aos leitores portugueses.
Mais do que cubos de papel foi o que a escritora e editora portuguesa Carla Maia de Almeida viu na visita que fez à Biblioteca Internacional da Juventude, em Munique. Criada em 1949, numa tentativa de se trazer um pouco de cultura a um país arrasado pela guerra, a biblioteca reúne hoje mais de 600 mil livros. «É uma espécie de paraíso», relata Carla Maia no texto que escreve especialmente para a revista.
Livros na estrada, On the Road, é um projeto que leva – sobre rodas – autores em língua portuguesa aos turistas que visitam Lisboa. Sara Figueiredo Costa passou um tarde com os responsáveis pela iniciativa – uma ideia da livraria Fonte de Letras, de Évora – e relata aos leitores da Blimunda o que viu.
Na secção Visita Guiada, Andreia Brites foi até ao Porto para conhecer a editora Tcharan.
Ainda nas páginas da Blimunda, um artigo sobre o encontro realizado na Fundação José Saramago que teve por objetivo pensar em estratégias para que a cultura portuguesa tenha uma participação mais efetiva na Festa Literária Internacional de Paraty, no Brasil.
Boas férias e boas leituras!"
Epigrafe da presente edição