Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Congresso Internacional “José Saramago: Vinte Anos com o Prémio Nobel”

Congresso Internacional “José Saramago: Vinte Anos com o Prémio Nobel”

Coimbra, Convento São Francisco

8, 9 e 10 de outubro de 2018

Organização: Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra e
Câmara Municipal de Coimbra



© Fotografia de Pedro Soares

"Para celebrar os 20 anos da atribuição do  Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, o Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra  organiza, com a Câmara Municipal de Coimbra, o Congresso Internacional  “José Saramago: 20 Anos com o Prémio Nobel” (8  a 10 de outubro de 2018, no Convento São Francisco, em Coimbra). Veja o programa provisório. 

Está em curso, até 31 de julho, a segunda fase de apresentação de propostas de comunicação (aceda aqui à terceira circular e também à ficha de inscrição.). As inscrições sem proposta de comunicação encerram-se a 15 de setembro, tendo sido fixado um máximo de 200 participantes.

Como atividade paralela, foi instituído um prémio de ensaio literário, destinado a estudantes do ensino secundário português. O prazo de envio de trabalhos terminou a 31 de julho. Aceda aqui ao regulamento do concurso.

Foi  atribuída acreditação ao congresso pelo Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua (grupos: 200 Português e Estudos Sociais/História; 210  Português e Francês; 220  Português e Inglês; 300  Português). 

Apoios: Reitoria da Universidade de Coimbra; Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra; Fundação José Saramago; Porto Editora."


8 de outubro
9h30 Cerimónia de abertura.
10h45 Eduardo Lourenço: apresentação do Último Caderno de Lanzarote, de José Saramago.
11h00 Pausa para café.
11h15 Conferência por Teresa Cristina Cerdeira: “Primo Levi e José Saramago: a obra eterna e o quadro infinito”.
13h00 Almoço.
14h30 Sessões paralelas: comunicações.
16h00 Pausa para café.
16h15 Mesa plenária: “Personagens e identidades”.
Ana Paula Arnaut: “Ricardo Reis: o mesmo e o outro”.
Miguel Koleff: “De Juan Maltiempo a Cipriano Algor. Tres o cuatro pinceladas
sobre los personajes saramaguianos”.
Antonio Sáez Delgado: “José Saramago, transiberista”.

9 de outubro
9h30 Mesa plenária: “Diálogo sobre Deus e Saramago”.
Gerson Roani: “Deus como mito literário na escritura de José Saramago”.
Anselmo Borges: “Sobre o Deus de Saramago”.
11h00 Pausa para café.
11h15 Sessões paralelas: comunicações.
13h00 Almoço.
14h30 Mesa plenária: “Outros Saramagos: transmediações”.
Jorge Urrutia: “Intermedialidad y transformación en el cine sobre Saramago”
Filomena Oliveira: “Memorial do Convento e O Ano da Morte de Ricardo Reis – propostas dramatúrgicas”.
Mário Vieira de Carvalho: “Blimunda de Azio Corghi / José Saramago encenada
por Jerôme Savary (1990)”.
16h00 Pausa para café.
16h15 Conferência por David Frier: “De crónicas familiares à construção dum romance: da génese de Levantado do Chão”.
20h00 Jantar do congresso (por inscrição).

10 de outubro
9h30 Conferência por Roberto Vecchi: “Disjecta membra do século breve: memórias em risco e história a contrapelo em dois romances de José Saramago”.
11h00 Pausa para café.
11h15 Sessões paralelas: comunicações.
13h00 Almoço.
14h30 Sessões paralelas: comunicações.
16h00 Pausa para café.
16h15 Conferência por Carlos Reis: “José Saramago e a personagem como alegoria”.
17h00 Sessão de Encerramento: com Pilar del Río.
17h30 O Ano da Morte de Ricardo Reis (adaptação dramatúrgica de Filomena Oliveira e Miguel Real; por Éter – produção cultural).

"Lembro-me" de Marcelo Buanain, fotógrafo e documentarista

A reportagem fotográfica pode ser recuperada e consultada aqui
em, http://www.buainain.com/blog/2013/6/7/lembro-me

"LEMBRO-ME"

"LEMBRO-ME que em 25 de fevereiro de 1996, em Lisboa fui buscar o escritor José Saramago em uma casa localizada no bairro da estrela. Enquanto o conduzia em um simplório carro – por acaso neste mesmo automóvel tive também a honra de transportar o fotógrafo Sebastião Salgado e a sua esposa Lélia – tentava dissimular a minha ansiedade com conversas sobre a nossa amiga em comum, a jornalista Cristina Duran, responsável pela conexão entre nós dois e que gentilmente nos cedeu a sua casa em Alfama para a sessão fotográfica."


A história dessas imagens surge a partir de uma insatisfação pessoal em relação ao padrão dos retratos clichês que na época predominavam nas mídias, levando-me a conceber o projeto Caras e Pessoas, cuja proposta era apresentar uma personalidade portuguesa sob duas óticas: uma face que espelhasse o normal e a outra - a exemplo da famosa fotografia de Albert Einstein com a língua de fora - o insólito, o inusitado. Bingo! A ideia estava concebida, faltava apenas a elaboração de uma lista com os nomes, a concepção para cada retrato e a produção, esta a parte menos atrativa uma vez que se tratavam de celebridades, da disponibilidade de suas agendas e das barreiras geralmente colocadas pelos seus assessores e empresários.


"O drama humano narrado no livro Ensaio sobre a Cegueira, de autoria do Prêmio Nobel José Saramago, inspirou-me a produzir uma série de retratos com ênfase nos olhos do escritor português. A namorada da época declara que a ideia de utilizar a bola de metal partiu dela... Não querendo ignorar o mérito de ninguém, porém é fato que este exercício de brincar com a visão do Nobel para mim não se tratava de uma experiência inédita, pois na década de 80, durante uma sessão fotográfica com o então vizinho, o poeta Manoel de Barros, em alusão à sua figura reservada e avessa à fotografia, servi-me de um caracol para também vedar os seus olhos.
Quando o assunto é retrato, acredito que além da técnica e criatividade seja necessário uma cumplicidade entre o fotógrafo e o seu personagem. Em se tratando do Nobel Saramago, nada foi as Cegas, a sessão aconteceu sem perda da acuidade visual."

Marcelo Buanain
"Nasceu em 1962 na cidade de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do sul – Brasil. (...)  fotógrafo e documentarista"


"El legado de Saramago se completa con un texto inédito" de Francisco Chacón (ABC, 19/08/2018)

Pode ser consultado e recuperado aqui
em https://www.abc.es/cultura/libros/abci-legado-saramago-completa-texto-inedito-201808190210_noticia_amp.html?

"Saramago, en su casa de Lanzarote en 2009 - EFE"


El legado de Saramago se completa con un texto inédito
«El cuaderno del año del Nobel», que verá la luz en octubre, permitirá conocer su diario de 1998, año en que fue premiado por la Academia sueca

Francisco Chacón (@chaconbilbao), 19/08/2018

"«El arte no avanza, se mueve», escribió José Saramago en sus «Cuadernos de Lanzarote». Fue poco después de un encuentro literario en Ponta Delgada, donde confrontó sus ideas con Joao de Melo, Francisco José Viegas o Urbano Tavares en medio de la serena inspiración de las islas Azores. Hoy, 25 años después, la Fundación que preside su viuda, Pilar del Río, contribuye a completar su legado sacando a la luz la sexta y última de esas entregas, «El cuaderno del año del Nobel».

Será una edición casi simultánea de este inédito del único Nobel portugués: el 8 de octubre se publicará en Portugal de la mano de Porto Editora (vinculada a la histórica Librería Bertrand, la más antigua del mundo y refugio favorito de Fernando Pessoa durante sus años lisboetas); tres días después Alfaguara la difundirá en España... en el año en el que los escándalos sexuales de la Academia Sueca harán que no se reúna el jurado.

Congreso
Según ha podido saber ABC, la puesta de largo se celebrará el mismo día que se inaugurará el primer congreso acerca de la obra del autor de «Ensayo sobre la ceguera» en la Universidad de Coimbra. El desembarco en las librerías coincidirá, por tanto, con el XX aniversario de la concesión del máximo premio mundial de las Letras, un orgullo para el país vecino, donde su espíritu se mantiene vivo en la Casa dos Bicos, ese feudo del Campo das Cebolas donde la Fundación Saramago despliega su labor.

«En este cuaderno, hay menos vida personal que en los anteriores, en especial el primero. Y hay un mayor posicionamiento cultural y ético», explica Pilar del Río a este diario.

Justo cuando se acaban de cumplir ocho años de la muerte del comprometido escritor, nos llega este broche final a sus diarios, relativo a un año que cambió su vida para sumergirlo en un maremágnum de citas, conferencias y entrevistas con la referencia puesta en su entonces flamante Nobel.

Otros autores, como Günter Grass, han testimoniado la revolución personal que supone la entrega del codiciado galardón. Y Saramago lo comprobó enseguida, tanto que él mismo anticipó que se trataría del cuaderno postrero, ya que se le vino encima toda una avalancha de compromisos.

De acuerdo con Pilar del Río, «el libro aparece en el momento en que más se necesita: entenderán lo que digo cuando vayan avanzando en su lectura. Veinte años después, es el momento adecuado para ciertas reflexiones y confidencias».

Lo que está claro es que no quedó completamente perfilado, a juzgar por las lagunas que se encontraron en el archivo que había permanecido en el disco duro de su ordenador. Por ejemplo, algunos temas no se desarrollan, sino que únicamente se mencionan.

Carpeta
Quien fue su infatigable compañera testimonia las excepcionales circunstancias del hallazgo: «Fernando Gómez Aguilera estaba preparando un volumen centrado en los discursos y conferencias de José. Entonces una noche, mirando en su ordenador en Lanzarote, vi una carpeta en la que no había entrado nunca, llamada “cuadernos”. Ahí vi por primera vez que había un sexto volumen». Y prosigue su relato para este periódico: «Me quedé no ya emocionada, sino helada. También vi que él mismo avanzaba que se publicaría en 2001, aunque luego no fue así».

Pilar del Río subraya la vigencia de los pensamientos contenidos en este libro: sobre la inmigración, sobre Europa, sobre la democracia, sobre la libertad, sobre América Latina.

Además, la edición se completará con la de «Un país levantado en alegría», escrito por Ricardo Viel, brazo derecho de Pilar del Río en la Fundación, para radiografiar el contexto que rodeó a Saramago en aquel 1998. Y todo se amplificará a través del privilegiado altavoz de la Feria del Libro de Guadalajara (México), que contará con Portugal como país invitado del 24 de noviembre al 2 de diciembre."

UIMP Universidad Internacional Menéndez Pelayo - Fotografia de Juantxu Rodríguez (Arquivo da UIMP)

"Universidad Internacional Menéndez Pelayo 
La foto es obra de Juantxu Rodríguez, perteneciente al Archivo de la UIMP."