Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

2 de Janeiro de 1997 - "Cadernos de Lanzarote V"

"É corrente ouvir dizer que são tantas as leituras de um livro quantos tiverem sido os seus leitores (...), o que quererá dizer, se não interpreto mal, que o autor mais afortunado será aquele que, graças a uns quantos leitores atentos que lhe vão comunicando as suas impressões de leitura, está continuamente em processo de aprendizagem sobre a própria obra." (...)

Sobre a carta enviada por Barbara Probst-Solomon, escritora norte-americana a propósito do Evangelho segundo Jesus Cristo.
Pilar del Río recordou a sua morte no passado dia 2.9.2019


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2 de Janeiro de 1996 - Cadernos de Lanzarote IV

"De El Hierro, a ilha mais pequena e mais ocidental do arquipélago, chega-me a carta de um professor primário que assina, simplesmente, António. É uma jóia para a caverna de um Ali-Babá que nunca roubou nada a ninguém, mas a quem tem sido dado, às mãos cheias, o que no mundo existe de mais precioso: palavras boas. 
Eis a carta" (...)

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