Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

"Sarkozy, o irresponsável" - Revisitar "Outros Cadernos de Saramago" (6/1/2009)

Revisitar "Outros Cadernos de Saramago"
http://caderno.josesaramago.org/19894.html

Terça-feira, 6 de Janeiro de 2009

"Sarkozy, o irresponsável"
"Nunca apreciei este cavalheiro e creio que a partir de hoje passarei a apreciá-lo ainda menos, se tal é possível. E não deveria ser assim, se, como a internet acaba de me informar, o dito sr. Sarkozy anda em missão de paz pelas torturadas terras da Palestina, esforço louvável que, à primeira vista, só deveria merecer elogios e votos do melhor sucesso. Da minha parte tê-los-ia todos se não tivesse utilizado, uma vez mais, a velha estratégia dos dois pesos e das duas medidas. Num arranco de hipocrisia política simplesmente notável, Sarkozy acusa Hamas de haver cometido acções irresponsáveis e imperdoáveis lançando foguetes sobre o território de Israel. Não serei eu quem absolva Hamas de tais acções, aliás, segundo leio a cada passo, castigadas pela quase total ineficácia da bélica operação que pouco mais tem conseguido que danificar algumas casas e derrubar alguns muros. Nunca as palavras doam na língua ao sr. Sarkozy, há que denunciar a Hamas. Com uma condição, porém. Que as suas justamente repreensivas palavras tivessem sido igualmente aplicadas aos horrendos crimes de guerra que vêm sido cometidos pelo exército e pela aviação israelita, em proporções inimagináveis, contra a população civil da faixa de Gaza. Sobre esta vergonha o sr Sarkozy parece não ter encontrado no seu Larousse as expressões adequadas. Pobre França."