Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 28 de maio de 2015

"Dispostos em cruz" a poesia de José Saramago cantada por Luis Pastor


Musicado por Luis Pastor, do álbum "Nesta Esquina do Tempo"

Poema de José Saramago, em "Provavelmente Alegria"
Caminho, 3.ª Edição, páginas 90 e 91

«Dispostos em cruz»

Dispostos em cruz desfeitos em cruz
em cada caminho três portas fechadas
um vento de faca um resto de luz
o espanto da morte nas águas cortadas

Um corpo estendido um ramo de frutos
um travo na boca da boca do outro
o branco dos olhos o negro dos lutos
o grito o relincho e o dente do potro

As feridas do vento as portas abertas
os cantos da boda no ventre macio
as notas do canto nas linhas incertas
e o lago do sangue ao largo do rio

O céu descoberto da nuvem da chuva
e o grande arco-íris na gota de esperma
o espelho e a espada o dedo e a luva
e a rosa florida na borda na berma

E a luz que se expande no pino do Verão
e o corpo encontrado no corpo disperso
e a força do punho na palma da mão
e o espanto da vida na forma do verso

Resenha da obra "Alabardas, Alabardas, Espingadas, Espingardas" no blog "Literar"

Via página do Facebook da Fundação José Saramago, aqui
em https://www.facebook.com/fjsaramago?fref=nf

«Uma crítica a "Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas" publicada pelo blog Literar, do Brasil: "Pode parecer estranho publicar um livro incompleto, mas essa é justamente a graça de toda a obra de Saramago: o futuro está aí para ser escrito, todos os dias, o tempo todo."»



Link do blog "Literar" (Brasil), aqui em http://www.literar.com.br/
Link da resenha da obra, via blog "Literar", aqui para consulta e leitura 
em http://www.literar.com.br/alabardas-alabardas/


«Na minha cabeça, algumas pessoas são imortais. Eu sei, eu sei: a vida tem etapas, e morrer faz parte desse processo natural. Racionalmente, eu sei (mas vai dizer isso para aquela parte de mim que espera que Manuel Bandeira, Ariano Suassuna e Gabriel García Marquez estejam sempre por aqui). Para minha felicidade completa, minha teoria às vezes se prova certa. Mais de três anos após deixar milhares de órfãos pelo mundo, José Saramago volta a bater na minha porta com Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas. O que eu poderia fazer senão tirar a tranca do portão e convidá-lo para um chá com bolachas?

Alabardas, Alabardas… é o último romance escrito por Saramago, com um porém: o escritor se foi antes que pudesse terminá-lo. Na verdade, o que temos nas páginas publicadas pela Companhia das Letras são os três capítulos iniciais da obra, acompanhados de anotações feitas por José sobre o caminho que pretendia seguir daí para frente. Parece pouco, né? E em certo ponto, é mesmo. É pouco porque as palavras de Saramago tem o efeito de te abraçar com força logo nos primeiros parágrafos. Depois de conhecer seus personagens, é difícil aceitar que não vamos acompanhá-los até o final de suas jornadas. Por outro lado, o romance cumpre o papel essencial de um livro: colocar a imaginação para trabalhar a todo vapor. Se não há final, há páginas e páginas em branco para que novos destinos surjam na cabeça de quem lê.


O livro nos introduz a Artur Paz Semedo, trabalhador de uma indústria armamentista e defensor da arte da guerra, e sua ex-mulher Felícia, uma pacifista convicta que acabou rompendo seu casamento por não acreditar na ideologia do marido. Em um livro sobre a Guerra Civil Espanhola, Artur lê um trecho que lhe chama a atenção: em determinado local, funcionários do setor de armas sabotaram materiais que seriam usados na guerra. Impulsionado por esse fato, ele decide pesquisar, dentro da empresa que trabalha, os históricos referentes a essa época e tentar descobrir se algo similar se passou também por lá.

Além dos três capítulos, o livro traz ilustrações incríveis de Günter Grass, alemão ganhador do Nobel de literatura, e três ensaios sobre a obra de Saramago. Escritos por Fernando Gómez Aguilera, Luiz Eduardo Soares e Roberto Saviano, os textos formam um complemento importante para entender a importância dessas últimas páginas de um dos maiores escritores que o mundo conheceu. Pode parecer estranho publicar um livro incompleto, mas essa é justamente a graça de toda a obra de Saramago: o futuro está aí para ser escrito, todos os dias, o tempo todo.

Se eu precisasse tirar uma única lição de toda a obra de José Saramago, seria: o mundo é feito de pessoas. Pessoas que pensam, se relacionam e comunicam. Pessoas que não tem ideia de todo o potencial que se esconde por trás de seus dia-a-dia monótonos. Pessoas que desconhecem a mágica por trás de suas histórias mundanas e seus relacionamentos. Por isso, não, eu não acho estranho ler seu último livro e nunca saber como ele termina. Afinal, Saramago me ensinou a ver além, a enxergar mais do que se vê.



Com Alabardas, Alabardas… Saramago entrou na minha casa, deixou o casaco no cabineiro, provou do chá e pediu por uma colher de açúcar, mas teve que ir embora antes dos biscoitos saírem do forno. Fica tranquilo, Saramago, seu lugar na mesa vai estar sempre separado – e eu mando fazer um pacote especial com as guloseimas ainda quentinhas. Palavra de amigo. ;)»
Luiz Marcatto

"A Casa José Saramago" de Tías Lanzarote lança a iniciativa "TODOS SOMOS SARAMAGO" - 18/06/2015 (5 anos)



Via página do Facebook, aqui 

"Faltan solo 3 semanas para recordar a José Saramago en el homenaje TODOS SOMOS SARAMAGO. ¡Esperamos vuestros vídeos y colaboraciones!

¿Nos ayudáis a difundirlo?
El próximo mes (jueves 18 de junio) se cumplen 5 años sin José ‪#‎Saramago‬. 5 años de ausencia en los que su memoria y su literatura se nos hacen más necesarias que nunca. Desde A Casa hemos pensado hacerle un homenaje libre y abierto a todos sus lectores y amigos. Para ello os invitamos a grabar un vídeo corto (con una cámara de móvil o webcam servirá), de no más de 3 minutos, recitando, cantando o interpretando algún poema o estrofa que os guste de cualquiera de sus libros, y nos los hagáis llegar a nuestro correo: acasajosesaramago@gmail.com

TODOS SOMOS SARAMAGO

No próximo mês (quinta-feira 18 de junho ) reuniu-se cinco anos sem José Saramago. 5 anos de ausência em sua memória e sua literatura nos tornamos mais necessário do que nunca . De A Casa nós tê-lo pensado um tributo gratuita e aberta a todos os leitores e amigos. Para este fim, nós convidamos você para gravar um vídeo curto ( com uma câmera de celular ou webcam irá fazer) , não superior a três minutos, recitando, cantando ou tocando um poema ou verso você gosta de alguns de seus livros, e todos nós devemos fazer chegar nosso e-mail : acasajosesaramago@gmail.com

TODOS SOMOS SARAMAGO"