José Saramago.
Uma visão apaixonada, sobre o homem que da Estátua descobriu a Pedra.
Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"
"A ópera "Divara-Água e Sangue", baseada no drama teatral "In Nomine Dei", de José Saramago, estreia em Portugal. Razão para uma conversa com Azio Corghi, o compositor que se deixou fascinar pela forma como o escritor habita a História e que tentou recriar a sua obra através dos sons.
Dez anos depois de "Blimunda", a ópera de Azio Corghi (n. 1937) baseada no romance "Memorial do Convento", de José Saramago, o público português terá finalmente a oportunidade de conhecer a segunda colaboração entre o compositor italiano e o Nobel português. "Divara-Água e Sangue", a partir do drama teatral "In Nomine Dei" terá a sua primeira apresentação na próxima terça-feira, dia 17, no Teatro Camões, em Lisboa, numa nova encenação assinada por Christop Nel. A produção original teve a sua estreia no Städtische Bühnen de Münster em Outubro de 1993, por ocasião do aniversário dos 1200 anos daquela cidade alemã, e resultou da encomenda de uma obra musical apropriada à ocasião e que evocasse acontecimentos históricos, neste caso as sangrentas lutas entre protestantes, católicos e anabaptistas ocorridas nos inícios do século XVI. Depois deste projecto, a união artística entre Corghi e Saramago tem-se mantido em obras de menores dimensões, como a cantata "Lázaro", inspirada em "Evangelho Segundo Jesus Cristo", já estreada no São Carlos, ou "Sotto l'Ombra", para voz recitante e conjunto instrumental, que será apresentada na próxima edição italiana do festival Sete Sóis, Sete Luas, assinalando o aniversário de José Saramago, no dia 17 de Novembro.
Qual foi o seu primeiro contacto com a obra de José Saramago?
Foi em 1984 através de "Memorial do Convento", pouco depois de este ter sido traduzido e publicado em Itália, com grande sucesso. Senti-me muito identificado com Saramago, com as suas ideias, a sua visão do mundo, a sua grande humanidade, a sua relação com a vida e com a história... A História com "H" maiúsculo e a história com "h" minúsculo. Depois da leitura, tive uma espécie de iluminação: a de também poder habitar a História através da música. Consegui contactar com Saramago e ele acedeu a que o livro fosse convertido num libreto, com Blimunda no centro da trama. Foi a nossa primeira colaboração. A obra estreou no Scala de Milão e foi depois apresentada em Lisboa.O projecto "Divara" nasceu nessa noite, em Lisboa...Exactamente. Nasceu de uma conversa entre mim, José Saramago, Mimma Guastoni (directora da editora Ricordi) e o maestro Will Humburg. Humburg tinha sido recentemente nomeado director da orquestra de Münster. Aproximavam-se as comemorações dos 1200 anos da cidade e a ideia de uma nova ópera para integrar o programa das comemorações surgiu de imediato. Poucos meses depois, Saramago e eu fomos convidados a ir a Münster para ver a cidade e o seu museu. Nessa ocasião, tivemos a ideia de encontrar um argumento de raízes históricas e optámos pelo sanguinário episódio da luta entre protestantes, cristãos e anabaptistas. Estávamos em 1991 e não tínhamos ainda consciência de como este tema era actual. Em 1993, quando a ópera foi estreada, tinha entretanto começado a guerra na ex-Jugoslávia. Creio que a actualidade do tema contribuiu muito para o sucesso de "Divara", que foi reposta em vários teatros: no Festival Ferrara Musica, em Catânia, novamente na Alemanha... Vê-la por fim chegar a Lisboa é uma grande honra - sobretudo poder ver a ópera numa nova produção, o que para um compositor contemporâneo é muito raro e difícil. Estou muito curioso por ver o trabalho de Christop Nel. Na conversa que tive com ele, fiquei fascinado com a sua leitura. É uma leitura mais psicológica, bastante próxima das teses de Saramago do ponto de vista dramatúrgico.
Qual a razão da substituição do título original do livro, "In Nomine Dei", por "Divara"?
A rainha Divara é uma personagem com pouco peso na história de Münster, mas nós tornámo-la importante. Saramago substituiu o seu eu narrativo pelos olhos desta mulher que vê toda esta violência, os jogos de poder, a destruição, a guerra, a imposição de uma ideologia. Tal como em "Blimunda", tratava-se de habitar a História através de uma personagem feminina, que diz grandes verdades. É muito significativa a frase que ela profere antes de morrer: "Senhor, quando dirigirás directamente a palavra a nós mulheres em vez de falares através da boca dos profetas?" Esta ideia é também um ponto de referência em Saramago.É sempre uma personagem feminina que pode ver... Como Blimunda em "Memorial do Convento", ou Madalena em "Evangelho segundo Jesus Cristo".
A escrita de Saramago sugeriu-lhe uma linguagem ou um estilo musical próprio?
Um dos aspectos que mais me fascinam em Saramago é a sua forma de habitar a História. Tentei também habitá-la com música, através da utilização de referências de outros tempos, de outros séculos. Uma das personagens que concebi - não sei se o encenador a irá manter...- é a do compositor Franz Liszt. Liszt usou um coral dos anabaptistas na sua monumental Fantasia para órgão ["Ad nos, ad salutarem undam"] e fez uma grande composição sobre o tema. Na minha ópera este tema insere-se em simultâneo com outros corais luteranos, mas também com referências irónicas a outras épocas, por exemplo, a "Don Giovanni" de Mozart, ou a "História do Soldado", de Stravinski. Utilizei estes temas como se fossem pedaços de História, tal como o faz Saramago. Por outro lado, a escrita de Saramago tem um fluir contínuo. Este sugeriu-me uma linguagem musical que fizesse uso de temas que se sobrepõem e que caracterizam as personagens. Não são propriamente "Leitmotivs" wagnerianos, mas estão em constante devir. É também uma linguagem que flui e que me permitiu afastar-me do tipo de ópera que escrevi antes, que tinha uma estrutura com formas fechadas, mais à italiana. No caso de "Divara", optei por um estilo de derivação expressionista, ligado a um teatro muito forte, no qual a palavra tem um papel determinante.
Tanto em "Divara" como em "Blimunda", não existem apenas cantores, mas também actores. Que critério usou para seleccionar as personagens que falam e as personagens que cantam?
Depois da estreia, muitos jornais escreveram: "As mulheres cantam, os homens falam." Os homens estão todos absorvidos pelas lutas de poder e por isso falam. As mulheres estão submetidas à violência. Para reagir, para exprimir a sua solidariedade, conseguem comunicar mais e melhor através do canto. Divara é a personagem que canta sempre. Só fala no fim, quando está prestes a morrer. No final, enquanto os homens se massacram, ressurgem todas as mulheres que sofreram, e cantam em conjunto: a mulher que reincarna Giuditta - que pensa matar o bispo, mas que afinal é morta - , a última mulher de Jan Van Leiden que é assassinada pelo marido diante de todos, a mãe que viu morrer os filhos... É uma ópera feita de guerra, poder, violência. As mulheres conseguem encontrar uma força de vida que provém da sua solidariedade. Há também uma forte denúncia desta violência. Divara é a única que não renuncia a nenhuma das suas ideias. É morta e torturada, mas não renuncia.
Qual o papel da electrónica em "Divara"?
É muito importante. Por um lado, permite a utilização de microfones de modo a escutar-se bem as vozes dos actores em qualquer espaço. Por outro, permite usar novos movimentos de som no espaço em conjunto com a orquestra. A sua concretização dá-se em conjunto com a direcção do maestro. É um processo muito complexo, que necessita de muitos técnicos e músicos para a sua realização. Cinco anos depois de Blimunda a tecnologia tinha avançado muito, sobretudo no domínio da electrónica ao vivo, com a criação de sequenciadores que podem funcionar bem com os gestos do maestro e que me permitiram um trabalho mais apurado.
A sua obra musical combina a mais avançada tecnologia com as referências ao passado. Como compositor, como encara a dualidade entre tradição e inovação?
Vivemos na era da globalização, da comunicação veloz, num mundo que muitos apelidam de "pós-moderno". Tudo o que acontece pode ser imediatamente conhecido noutro lado. A nossa cultura é continuamente posta em confronto com outras culturas, com outras visões do mundo. Tal como Saramago na sua escrita, penso que a minha forma de abordar a linguagem musical está bastante longe daquilo que há anos se chamava "coerência linguística". Ou seja: está longe da convicção de que a evolução da linguagem musical resultava de uma série de mutações que tendiam para o novo, para o que nunca se tinha feito antes. Hoje, isso não é possível. Há muita coisa nova, mas a inovação nas questões de linguagem já não pode colocar-se nos mesmos moldes dos anos posteriores a Darmstadt. Um som novo não significa nada fora de um contexto linguístico ou fora do uso que se lhe quer dar para comunicar. Hoje fala-se em contaminação, em relações com outras culturas. Nos EUA, isto é possível porque as culturas coexistem, convivem umas com as outras. Na Europa, é muito diferente, temos fortes raízes culturais com as quais devemos fazer a nossa história. Há que encontrar soluções de comunicação também no campo da música. Foi por este motivo que escolhi o teatro musical, porque esta é já uma forma contaminada, com vários géneros artísticos dentro. Sou um homem do meu tempo, a minha ambição é comunicar."
"A partir da obra homónima de José Saramago, Nuno é um homem que trabalha numa roulotte de bifanas, mas que inventou uma máquina que promete revolucionar a indústria do calçado - um digitalizador de pés. No meio de um embargo petrolífero e deparando-se com uma estranha dificuldade, Nuno tenta obstinadamente vender a máquina, obcecado por um sucesso que o fará descurar algumas das coisas essenciais da sua vida. Quando Nuno fica estranhamente enclausurado no seu próprio carro e perde uma oportunidade única de finalmente produzir o seu invento, vê subitamente a sua vida embargada…
Realização: António Ferreira
Produção: PERSONA NON GRATA PICTURES
Co-Produção: Vaca Films (Espanha), Diler e Associados (Brasil), Sofá Filmes (Portugal)
Produtores: Tathiani Sacilotto e António Ferreira
Produtores Associados: Borja Pena, Emma Lustres, Diler Trindade.
Elenco: Filipe Costa, Cláudia Carvalho, Pedro Diogo, Fernando Taborda, José Raposo, Miguel Lança, Eloy Monteiro.
Argumento: Tiago Sousa, a partir da obra homónima de José Saramago
Fotografia: Paulo Castilho
Música Original: Luís Pedro Madeira
Produção Executiva: Tathiani Sacilotto
Financiamento: ICA, IBERMEDIA e Ministério da Cultura
CPB N. 11013658
M/12
83 min - Portugal/Espanha/Brasil 2010
Crónica de Sérgio Andrade, jornal "Público" (25/02/2010), pode ser consultada e lida, aqui
"Embargo" é Saramago feito cinema muito antes de o potencial cinematográfico do autor de "Ensaio sobre a Cegueira" se ter tornado evidente. António Ferreira foi o primeiro a vê-lo: "Embargo" tem antestreia quarta-feira, no Fantasporto
Ainda o Nobel da Literatura para José Saramago era uma miragem, e com ele o salto na notoriedade internacional que viria a justificar a atenção do cinema pela sua obra - com as adaptações de "Jangada de Pedra" (2000), de Georges Sluizer, e "Ensaio sobre a Cegueira" (2008), de Fernando Meireles -, e já um jovem estudante de cinema de Coimbra achava que as histórias do escritor português davam um filme.
António Ferreira (n. Coimbra, 1970) tinha 23 anos, acabara de entrar na Escola de Cinema em Lisboa, e ficara fascinado com a leitura do "Evangelho Segundo Jesus Cristo". "Gostei muito do livro, e comecei a ler quase tudo o que havia do Saramago", recorda. Entre essas leituras, houve um conto da compilação "Objecto Quase" (1978), "Embargo", que lhe despertou um irresistível desejo de cinema: "Sempre achei que o Saramago tem uma escrita muito cinematográfica, os seus livros provocam-nos imagens muito fortes". E, de uma forma que agora admite ter sido um pouco "naïve", decidiu mesmo começar a filmar essa história numa curta-metragem. Fez algumas sequências, mas depressa as arrumou no baú dos projectos adiados que normalmente se acumulam nessa idade.
Década e meia depois, "Embargo" aí está, crescido para uma longa-metragem - a segunda na carreira do realizador de "Esquece Tudo o que te Disse" (2002) -, que vai ter antestreia na próxima semana no Fantasporto (sessão no dia 3 de Março, às 21h, no pequeno auditório do Rivoli). "Curiosamente, reencontrei há pouco tempo algumas das cenas que fiz na altura, e onde não há nada que se aproveite - na verdade, é mesmo horrível!", confessa António Ferreira, contente, apesar de tudo, por assim ter provas materiais da sua admiração pré-Nobel pela obra do escritor. Aliás, está mesmo a pensar incluir essas sequências no "making of" do filme, o que permitirá documentar a evolução da abordagem que fez do conto de "Objecto Quase".
Saramago escreveu "Embargo" a pretexto da grave crise petrolífera mundial de 1973, na sequência da guerra israelo-árabe do Yom Kippur. O escritor dramatiza a dependência do homem perante o automóvel, símbolo de uma civilização que o seu construtor deixou de conseguir dominar.
"É uma metáfora da nossa sociedade, da nossa dependência das máquinas", sintetiza António Ferreira. A crise provocada em Portugal, em Junho de 2008, pelo bloqueio dos camionistas levou o realizador a aperceber-se, uma vez mais, da actualidade da "mensagem" de Saramago. "Nessa altura, pude assistir, um pouco, àquilo que ele escrevia no seu conto: em tão poucos dias, por causa de um bloqueio decidido por um grupo de pessoas, a nossa sociedade pareceu desmoronar-se", diz António Ferreira, lembrando-se de como então viu em Coimbra os supermercados a ficarem de prateleiras vazias. "Era uma espécie de aviso: de um momento para o outro tudo o que temos por seguro pode colapsar", diz, realçando a nossa fragilidade - um tema caro, aliás, à obra de Saramago.
Foi essa mensagem que António Ferreira quis manter no seu filme, cujo argumento foi escrito por Tiago Sousa (com quem já tinha também trabalhado em "Esquece Tudo o que te Disse"), mas sem qualquer contacto pessoal com o autor de "Caim" - "Propus a participação dele, mas percebi logo que ele não tinha tempo para estas coisas", diz o realizador.
A passagem da curta à longa-metragem - e posta de parte a experiência de há década e meia, quando António Ferreira se limitara a "ilustrar passagens do conto" - obrigou os autores a "criar uma história nova, mas partindo dos pressupostos" do curto conto de Saramago.
"Mad Max à portuguesa"
"Embargo", o filme, começa com uma sequência tintada de cores gastas pelo tempo, num lugar e numa época indefinidos, num mundo esvaziado de pessoas e com as bombas de gasolina esgotadas - "uma espécie de Mad Max à portuguesa", diz o autor. O guarda-roupa das personagens e um velho Opel Kadett transportam-nos para a década de 70, mas o aparecimento de um computador, um "scanner" e um telemóvel, do mesmo modo que a associação da pop anos 60 com a música tecno, vêm baralhar a datação. "O filme, como não é passado nem presente, só pode ser futuro", o que torna a mensagem ainda mais inquietante. Com esta indefinição, o realizador quis também evitar o risco de ver os espectadores a procurarem a verosimilhança dos adereços, lançando-os antes para "um mundo suspenso de um embargo" em que um homem (Filipe Costa, actor e músico) se vê de um momento para o outro literalmente presa do seu carro e da voracidade deste pela gasolina que cada vez é mais escassa.
No conto de Saramago, o homem sobrevive à morte do automóvel. No filme, António Ferreira quis preservar essa ideia de "libertação", mas não vai revelar o epílogo desta história fantástica, por razões óbvias.
"Embargo", como a primeira longa-metragem e as curtas que depois realizou - "Respirar (Debaixo de Água)", 2000; "Humanos - A Vida em Variações" (2006) e "Deus Não Quis" (2007) -, é uma produção da ZED Filmes, sediada em Coimbra, cidade a que António Ferreira regressou e onde se fixou depois de ter vivido em Lisboa, Paris e Berlim.
"É uma escolha natural filmar em Coimbra. Temos lá a produtora, é lá que temos desenvolvido a maior parte do nosso trabalho", diz, fazendo notar não ter nenhuma preocupação em fazer "manifesto" por um qualquer cinema de país real. "Não trabalhamos em Coimbra para sermos contra Lisboa, nem contra nada. Se amanhã tiver uma história que se passe em Lisboa, irei filmá-la lá, sem problema nenhum". Mas é em Coimbra que se sente em casa: "Conheço os sítios, sei a quem tenho de telefonar para arranjar aquilo de que preciso", explica o realizador, que à volta da ZED Filmes, constituída há uma década, reúne uma equipa que nos últimos anos expandiu a sua actividade para a produção de documentários, videoclips, filmes institucionais e publicidade.
"Embargo" expressa, por outro lado, o cruzamento que os filmes de António Ferreira sempre fazem com o teatro e com a música também "made in" Coimbra. Exemplo disso é o actor protagonista, Filipe Costa, músico dos Sean Riley & the Slowriders, que já passou pelos Bunnyranch, e que o realizador considera ter sido "uma escolha acertada", decidida "logo à primeira". O autor da música é Luís Pedro Madeira, que já tinha também musicado "Esquece Tudo o que te Disse" e integrou outra banda local, os Belle Chase Hotel. "É tudo um ambiente familiar", resume António Ferreira, que gosta de transportar essa atmosfera para o "plateau", onde normalmente trabalha sem grandes preocupações de pré-planificação.
O realizador espera que a estreia de "Embargo" no Fantasporto ajude ao lançamento nacional do filme, que deverá chegar ao circuito comercial depois do Verão - com distribuição também assumida pelo próprio.
Na calha, tem já dois novos projectos: fazer a adaptação de um livro de Rosa Lobato de Faria, "A Trança de Inês" - "é a história de Pedro e Inês situada em três momentos históricos também indefinidos, entre o passado, o presente e o futuro" -, ou avançar com um argumento original, "A Bela América", no qual está a trabalhar desde que terminou "Esquece Tudo o que te Disse". Mas mais pormenores sobre estes projectos ficam sob embargo.