Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

9 de Janeiro de 1996 - "Cadernos de Lanzarote IV"

"Os dados estão lançados. Expedida por Ray-Güde Mertin, uma longa tira de papel saída do fax, que reproduz treze páginas do contrato, diz-me que cedi os direitos de adaptação cinematográfica da Jangada de Pedra." (...)

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9 de Janeiro de 1995 - "Cadernos de Lanzarote III"

"Duzentas e vinte milhas a nordeste de Lanzarote, o mar grosso meteu no fundo um barco de pesca português. Leio que, entre tripulantes marroquinos e portugueses, morreram vinte pescadores. O barco era de Sesimbra e chamava-se Menino de Deus. Têm-me dito que Deus e Alá estão em toda a parte, como é próprio de deuses. Não duvido que estejam, mas não salvaram os seus meninos..."

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9 de Janeiro de 1994 - "Cadernos de Lanzarote II"

"Assim são as coisas. Gabei-me aqui de não ter gasto muito tempo a dissuadir Zeferino Coelho da sua vontade de levar os Cadernos para publicar já, e afinal o José Manuel Mendes levou ainda menos a convencer-me do contrário. (...) Compreendi que a relutância provinha só de um temor não confessado a enfrentar-me com reacções suscitadas por referências feiras nestas páginas a pessoas e procedimentos." (...) 

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"Invitation au voyage L’Alentejo de José Saramago" de Linda Lorin para o canal Arte (em Françês)

"Invitation au voyage
L’Alentejo de José Saramago / Malaisie / Le pont de Brooklyn"

A reportagem pode ser consultada aqui
em https://www.arte.tv/fr/videos/091152-007-A/invitation-au-voyage/?fbclid=IwAR3wdwIJNxuZtzrPDOha4Oq16PZGh-NtNHsjDcZ5r7dOUNncElcITcml32o

"Linda Lorin nous emmène à la découverte de notre patrimoine artistique, culturel et naturel. Dans ce numéro : L’Alentejo vibrant de José Saramago - So british, la Malaisie des Cameron Highlands - Sur le pont de Brooklyn, ça trompe énormément.

L’Alentejo vibrant de José Saramago
En 1976, José Saramago, alors journaliste au chômage, séjourne dans la région de l’Alentejo au Portugal. Le futur prix Nobel de littérature puise dans ces terres sèches et dans le destin tourmenté des travailleurs agricoles l’inspiration pour écrire "Relevé ""de terre", l’un de ses romans majeurs."


"O Conto da Ilha Desconhecida" no Teatro Municipal Baltazar Dias (Funchal - Madeira)

A notícia pode ser recuperada e consultada aqui
em https://www.dnoticias.pt/impressa/hemeroteca/diario-de-noticias/conto-de-saramago-musicado-estreia-a-22-de-maio-no-tmbd-CA5640756


"‘O Conto da Ilha Desconhecida’ é um conto musical composto por Sérgio Azevedo a partir da obra homónima de José Saramago, uma encomenda do Teatro Municipal Baltazar Dias (TMBD) a estrear no dia 22 de Maio pela Orquestra Académica do Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira."
"Francisco Loreto mostrou a partitura que já tem em mãos, nas redes sociais."
Fotografia dnoticias.pt

"Sérgio Azevedo (na foto) é o autor da música do conto criado por José Saramago." 
Fotografia de David Rodrigues dnoticias.pt

8 de Janeiro de 1997 - "Cadernos de Lanzarote V"

"Leio (...) que o retrato do primeiro-ministro António Guterres vai ser colocado nas paredes das repartições públicas do país. Pensava eu que nos havíamos curado destas demonstrações iconográficas depois de tantos anos a aturar deus-pátria-família e seus derivados, com o sábio varão de Santa Comba a fiscalizar do alto os impostos que pagávamos à boca do cofre ou com juros de mora, sob a presidência, conforma as épocas e mandatos, do bigode mosqueteiro de Carmona, do ar de quero-mas-não-posso de Craveiro Lopes, da expressão transcendentalmente estúpida de Américo Tomás..." (...) 

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8 de Janeiro de 1996 - "Cadernos de Lanzarote IV"

"Na noite de Natal puseram-me no sapatinho a promessa de uma antena parabólica. Pilar tinha achado que eu não podia continuar a viver sem notícias regulares da pátria, especialmente nestes dias que vamos ter eleições para a Presidência da República. (...) Sabia, pelas informações da meteorologia espanhola, que andava a chover muito em Portugal, mas não imaginava que o desastre atingisse tal dimensão. Percebi então que estar longe é não poder participar, não ser molhado pelas mesmas chuvas, não sentir as mesmas aflições." (...)

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8 de Janeiro de 1995 - "Cadernos de Lanzarote III"

"Há tempos prometi a Lakis Proguidis, para o seu L'atelier du roman, um ensaio sobre Ernesto Sábato, para o qual até já dispunha de título, uma vez que, como é minha incorrigível tineta, baptizo sempre a criança antes de ela ter nascido. Chamar-se-ia O Olhar Sobrevivente. O condicional já está aí a dizer que a promessa não chegou a ser cumprida. Talvez regresse um dia a esse projecto, mas nunca antes de me libertar da legião de cegos que me rodeia. Aliás, é bem possível que o título me tenha vindo, por desconhecidos caminhos, daquele «olhar sobrevivente» que, em sentido literal, existe no Ensaio sobre a Cegueira. Isso e, por diferentes vias, o Informe sobre Cegos do mesmo Sábato (onde o número de cegos não conta comparado com os do Ensaio...), é o que provavelmente me terá levado ao título desse outro «ensaio» que ficou por escrever." (...) 

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José Saramago com Ernesto Sábato

8 de Janeiro de 1994 - "Cadernos de Lanzarote II"

"Chegaram-nos ecos do desastre que terá sido a participação de Zita Seabra no programa de Manuela Moura Guedes. Entristece-me verificar como afinal valia tão pouco, intelectual e eticamente falando, alguém a quem os acasos e as necessidades políticas colocaram em funções e confiaram missões de responsabilidade dentro e fora do partido." (...)

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