Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 29 de junho de 2018

11.º aniversário da Fundação José Saramago



Declaração de Princípios

Os objectivos da Fundação José Saramago, nesta data criada, estão enunciados com toda a clareza nas disposições estatutárias pelas quais deverá reger-se. Não têm, portanto, que ser repetidos aqui em Declaração de Princípios. Contudo, pareceu-me apropriado, na circunstância, expressar de modo pessoal umas quantas vontades (ou desejos) que em nada contradizem os referidos objectivos, antes os poderão enquadrar num todo harmonioso e familiarmente reconhecível. Não me dou como exemplo a ninguém, porém, revendo a minha vida, distingo, ora firme, ora trémula, uma linha contínua de passos que não projectei, mas que, de maneira consciente ou não tanto, me fizeram perceber que nenhuma outra poderia servir-me, ao mesmo tempo que se me ia tornando cada vez mais claro que uma das minha obrigações vitais seria servi-la eu a ela. Ter conhecido Pilar, viver ao seu lado, só viria confirmar-me que tal direcção era a correcta, tanto para o escritor como para o homem. A direcção dos grandes valores, sim, mas também a direcção das pequenas e comuns acções que deles decorrem no quotidiano e que lhes darão a melhor validez das experiências adquiridas e das aprendizagens que não cessam. O paradoxo da existência humana está em morrer-se em cada dia um pouco mais, mas que esse dia é, também, uma herança de vida legada ao futuro, que o futuro, longo ou breve seja ele, deverá assumir e fazer frutificar. Nem por vocação, nem por opção nasceu a Fundação José Saramago para contemplar o umbigo do autor.

Sendo assim, entre a vontade e o desejo, eis as minhas propostas:

a ) Que a Fundação José Saramago assuma, nas suas actividades, como norma de conduta, tanto na letra como no espírito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada em Nova Iorque no dia 10 de Dezembro de 1948.

b) Que todas as acções da Fundação José Saramago sejam orientadas à luz deste documento que, embora longe da perfeição, é, ainda assim, para quem se decidir a aplicá-lo nas diversas práticas e necessidades da vida, como uma bússola, a qual, mesmo não sabendo traçar o caminho, sempre aponta o Norte.

c) Que à Fundação José Saramago mereçam atenção particular os problemas do meio ambiente e do aquecimento global do planeta, os quais atingiram níveis de tal gravidade que já ameaçam escapar às intervenções correctivas que começam a esboçar-se no mundo.

Bem sei que, por si só, a Fundação José Saramago não poderá resolver nenhum destes problemas, mas deverá trabalhar como se para isso tivesse nascido.

Como se vê, não vos peço muito, peço-vos tudo.

Lisboa, 29 de Junho de 2007

José Saramago

A presente declaração de principios que orientam a Fundação José Saramago pode ser consultada aqui em https://www.josesaramago.org/declaracao-de-principios/

https://www.youtube.com/watch?v=F-KKemLlRH8

"No dia 29 de junho de 2007, a meio da tarde, numa casa perto da Praça de Londres, assinava-se a acta de constituição da Fundação José Saramago. Nesse dia, ganhava estatuto legal a aventura, iniciada uns meses antes, de pôr de pé uma casa aberta, múltipla, interveniente, combativa, com objectivos definidos pelas palavras plasmadas na Declaração de Princípios que nos orienta. No final desse documento, o Prémio Nobel português, afirmava: «Como se vê, não vos peço muito, peço-vos tudo». Hoje, passados dez anos, o tudo que se conseguiu, deixa-nos com a certeza de para isso termos trabalhado. Com a mágoa diária de não o termos connosco, levamos o seu legado em cada acção que realizamos, seja na Casa dos Bicos, que desde 2012 nos acolhe, noutros locais espalhados pelo mundo, ou na «infinita página da Internet». Para trás, ficam algumas centenas de iniciativas realizadas, organizadas a sós ou em parceria com outras entidades, fica o trabalho de acolhimento a quem nos visita diariamente a partir dos quatro cantos do mundo, fazendo muitas vezes desta Casa o primeiro espaço a visitar em Lisboa, fica a emoção que observamos nos olhos dos leitores de Saramago. Fica também o justo agradecimento a todos os que, directa ou indirectamente, contribuem para que a Fundação seja uma realidade sólida no espaço cultural português e internacional. E, por fim, fica a certeza de que a estes dez anos muitos mais se somarão. Porque enquanto não se cumprir o «tudo» a que as palavras que José Saramago nos obrigam, o «muito» que se faça será sempre pouco. A todos os que nos visitam, virtual ou fisicamente, o nosso obrigado."
Via Fundação José Saramago

terça-feira, 12 de junho de 2018

"Textos inéditos de José Saramago apresentados em Santarém" via "O Mirante" (11/06/2018)

A notícia pode ser consultada e recuperada aqui
em http://omirante.pt/sociedade/2018-06-11-Textos-ineditos-de-Jose-Saramago-apresentados-em-Santarem

"Textos inéditos de José Saramago apresentados em Santarém"
"A iniciativa, que assinala os oito anos da morte do Prémio Nobel da Literatura, é promovida pelo Grupo “Mais Saramago”.
Textos inéditos de José Saramago vão ser apresentados no dia 18 de Junho, pelas 18h00, no Fórum Actor Mário Viegas do Centro Cultural Regional de Santarém,.

A iniciativa, que assinala os oito anos da morte do Prémio Nobel da Literatura, é promovida pelo Grupo “Mais Saramago”, fundado em Santarém, no dia 1 de Dezembro de 2006, e responsável pela criação da estátua, em homenagem ao escritor, na freguesia da Azinhaga, sua terra natal.

A organização recorda que o autor esteve no Fórum Mário Viegas, no dia 30 de Novembro de 1991, para apresentar a sua obra intitulada “O Evangelho segundo Jesus Cristo”."

sexta-feira, 8 de junho de 2018

José Saramago pela criadora Paula Marques

Agradecer publicamente tão generosa atenção aproveitar para divulgar o trabalho da 
criadora Paula Marques (designer & illustrator)



Dedicar as palavras:
"Há imagens que ficam. E a imagem das coisas tem muito a ver com a pessoa que somos, com o olhar que temos, com a sensibilidade que transportamos dentro de nós." (...)
Entrevista de Gema Veiga a José #Saramago para a revista "Elle" (Madrid, Março de 2007)



Apresentação do livro "Diálogos con José Saramago" do Professor Carlos Reis na Feira do Livro de Madrid (via Real Academia Española, 05/06/2018)


A presente informação pode ser consultada e recuperada aqui



"Diálogos con José Saramago en la Feria del Libro de Madrid
Participó el director de la RAE, Darío Villanueva
Ayer se presentó en la Biblioteca Eugenio Trías el libro Diálogos con José Saramago, del ensayista y catedrático de Literatura de la Universidad de Coimbra (Portugal) Carlos Reis.

En el acto, enmarcado en las celebraciones por la Feria del Libro de Madrid, participaron, además del autor de la obra, Darío Villanueva, director de la RAE; Tomás Albaladejo, catedrático de Teoría de la Literatura y Literatura Comparada de la Universidad Autónoma de Madrid; Filipa Soares, del Instituto Camões, y la periodista y viuda del nobel de literatura portugués, Pilar del Río. 

Tal y como señaló la propia Pilar del Río, «esta obra sirvió para que Saramago recuperara de la memoria sus primeros escritos». Una obra que la editorial La Umbría y la Solana acaba de publicar en español, con traducción de Susana Gil. 


NARRADOR DE IDEAS

Darío Villanueva quiso resaltar de José Saramago que «era un gran creador», ya que tenía una conciencia de la literatura «como un sistema de relaciones insertadas en la sociedad en la que intervienen diferentes agentes. Toda esta suma es la que forma ese sistema de la literatura del que formaba parte Saramago». 

Este sistema literario, continuó Villanueva, parte de un juego entre escritor y lector. Entre uno y otro intervienen otros factores, como el editor, la censura en algunos casos, el agente literario. «Pero la obra existe en cuanto que es leída. Esta idea —añadió el director de la RAE— está muy presente en Saramago, quien reconoció que nunca se sintió escritor hasta que no tuvo muchos lectores». Un libro, añadió Villanueva, que, siendo de conversaciones, «incluye un tratado sobre literatura y nos deja una huella imborrable de quién fue José Saramago». 

Darío Villanueva también quiso referirse al nobel portugués como «un gran narrador de ideas [...]. La función extraordinaria del escritor que plantea en su obra preguntas es una cualidad de Saramago, algo que Carlos Reis ha sabido plasmar muy bien en este libro». 


DIÁLOGOS CON SARAMAGO

Si bien han pasado casi veinte años desde que «iniciamos estas conversaciones», tal y como apuntó Carlos Reis, «Saramago seguirá estando presente con nosotros siempre porque es un gran escritor».

Diálogos con José Saramago nació en Lanzarote, donde residía el nobel portugués y a donde se trasladó Reis. Se recogen en él más de siete horas de conversaciones sobre el oficio de escribir, la trayectoria personal y profesional de Saramago y su opinión sobre otros escritores que le precedieron, sobre su obra y su influencia. Tres días de trabajo en los que ambos, Saramago y Reis, hablaron sobre el lenguaje de la narración, de la inspiración y del trabajo diario, pero también sobre la vida y la condición del escritor, de sus primeras novelas y lecturas, de cómo se eligen los títulos o estos eligen al autor.


LECTURA FASCINANTE

El profesor Tomás Albaladejo recordó que la lectura de este libro tiene, como muchas obras de Saramago, «el sabor de la oralidad». Albaladejo añadió que en la obra de Saramago se hallan todas las preguntas y respuestas, así como los asuntos y problemas más importantes de la literatura. 

Diálogos con José Saramago es, como concluyó Filipa Soares, «un libro fascinante que ofrece la oportunidad a los lectores de reconocer el interior de Saramago»."