Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Pintor Rogério Ribeiro referência para Saramago

A entrevista que José Saramago concedeu a Carlos Vez Marques (Junho de 2008, revista Ler), aponta logo no início para a referência a Rogério Ribeiro, pintor e artista plástico, revelando a sua importância referencial no mundo Saramaguiano.

"Mas é uma figura a que tem uma ligação muito forte, como o azulejo na fachada da casa e o quadro que tem nesta sala provam. (nota: referência à figura de Blimunda)
Isto, são duas obras de Rogério Ribeiro. O meu querido Rogério, que já cá não está. Quando ao azulejo, havia um nicho para que o dono da casa pusesse ali o que quisesse e nós decidimos pôr ali uma Blimunda, que ele (Rogério Ribeiro) nos desenhou, pintou e pôs lá."





A propósito do lançamento da obra "Rogério Ribeiro uma monografia", na qual José Saramago elaborou um prefácio muito elogioso, percebemos que o pintor Rogério Ribeiro foi muito importante e um vector referencial. http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=577578

Para homem que se diz "desajeitado" na hora de felicitar, José Saramago até nem se saiu mal "Rogério Ribeiro é o melhor desenhador vivo em Portugal". O elogio foi deixado no Porto, ontem, durante a sessão de lançamento daquela que é a mais completa edição consagrada à obra do pintor Rogério Ribeiro. Trata-se de um livro com cerca de 600 páginas editado pela Cordeiros Galeria, que representa o artista de Estremoz há mais de dez anos.
Dessas quase seis centenas, uma foi escrita por José Saramago. "Uma página só, quando muitas não bastariam", diz o escritor, para quem "a substância da arte de Rogério Ribeiro é o assombro de sermos". Quem sabe se propositadamente lidas só lá para o fim da intervenção, estas palavras fecharam a mensagem que o romancista fez questão de deixar e que se resume desta forma "Na pintura há muito mais do que a obra visualmente consagrada - é condição nossa pensar".
Porque "a pintura pode ser entendida também como uma forma de expressão filosófica", Saramago afirma que "o mais importante é o que é invisível", o que vai para além "da simples cor e do simples desenho". Numa só expressão, "é a vontade de sermos outra coisa, como sermos humanos". "O que este livro necessita é que não nos contentemos com a imagem, por mais bela que ela seja", disse ainda, para acrescentar que as cores na pintura de Rogério Ribeiro, como na de outros artistas, "servem para dizer aquilo que o pintor não saberia dizer de outra forma". E porque considera que as cores, essas sim, é que podem ser belas, diz que "é um insulto chamar 'bonito' a um quadro". Além do prefácio de José Saramago, o livro "Rogério Ribeiro, uma monografia" contém textos de Eduardo Paz Barroso, responsável pela concepção editorial, Mário Cláudio, Ana Isabel Ribeiro e do próprio artista.
No próximo dia 9, chega às livrarias portuguesas o novo livro de José Saramago, intitulado "Pequenas memórias", um projecto que o autor tem vindo a adiar desde há 20 anos.
São relatos de vários momentos da sua vida, memórias "que começam pelos quatro anos e acabam aos 14 ou 15", como o próprio referiu ao JN. "Não fui uma criança feliz, mas também não posso dizer que fui uma criança infeliz", confessou, criticando o facto de os pais, nos dias de hoje, "quererem que as crianças estejam sempre contentes".
Saramago faz a apresentação pública da nova obra a 16 de Novembro, dia em que completa 84 anos.



Via Wikipédia
"Rogério Ribeiro (Estremoz, 31 de Março de 1930 - Lisboa, 10 de Março de 2008) foi um artista plástico português.
Fez a sua formação académica em pintura, na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, actual Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
Foi sócio-fundador da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (1956), onde desenvolveu intensa actividade como gravador. Trabalhou em cerâmica e em tapeçaria por encomenda de particulares, empresas e organismos oficiais. Em 1961 iniciou a sua actividade de professor de Pintura e Tecnologia na Escola de Artes Decorativas António Arroio (Lisboa). Primeiros trabalhos no âmbito do Design de Equipamento e Gráfico (1964) e colaboração com vários arquitectos nos estudos de cor e integração de materiais e trabalhos artísticos.
Foi professor da ESBAL desde 1970, instituição onde, em 1974, coordenou o grupo de trabalho de reestruturação do currículo escolar na área do Design. Em 1983 foi co-autor do projecto da Galeria de Desenho do Museu Municipal de Estremoz, com Joaquim Vermelho, Armando Alves e José Aurélio, entre outros.
Membro do Partido Comunista Português desde 1975 e do seu Comité Central entre 1983 e 1992, foi fundador da primeira Galeria Municipal de Arte em Almada e também responsável pelo projecto Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, um dos principais pólos culturais do concelho de Almada."




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