Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

domingo, 7 de dezembro de 2014

A Porto Editora lança a 55.ª edição do "Memorial do Convento"

(Caligrafia da capa por José Mattoso)

Aqui, o link da editora, 

«Um romance histórico inovador. Personagem principal, o Convento de Mafra. O escritor aparta-se da descrição engessada, privilegiando a caracterização de uma época. Segue o estilo: "Era uma vez um rei que fez promessas de levantar um convento em Mafra... Era uma vez a gente que construiu esse convento... Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes... Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido". Tudo, "era uma vez...". Logo a começar por "D. João, quinto do nome na tabela real, irá esta noite ao quarto de sua mulher, D. Maria Ana Josefa, que chegou há mais de dois anos da Áustria para dar infantes à coroa portuguesa a até hoje ainda não emprenhou (...). Depois, a sobressair, essa espantosa personagem, Blimunda, ao encontro de Baltasar. Milhares de léguas andou Blimundo, e o romance correu mundo, na escrita e na ópera (numa adaptação do compositor italiano Azio Corghi). Para a nossa memória ficam essas duas personagens inesquecíveis, um Sete Sóis e o outro Sete Luas, a passearem o seu amor pelo Portugal violento e inquisitorial dos tristes tempos do rei D. João V.» (Diário de Notícias, 9 de outubro de 1998).

(Fotografia de José Saramago, nas imediações do Convento de Mafra)


Aqui, link da notícia, em http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=749930

«Memorial do Convento», de José Saramago (Porto Editora)
A Porto Editora continua a lançar as obras de José Saramago, com novas capas e novas revisões. O mais recente livro desta nova etapa é “Memorial do Convento”, um dos livros mais marcantes da carreira do Prémio Nobel da Literatura, em 1998. Desta vez, cabe ao historiador José Mattoso “assinar” a caligrafia da capa (recorde-se que todos os títulos das obras editadas são assinadas por grandes figuras da literatura e da cultura portuguesa, além de amigos de Saramago). Editado em 1982 (já vai na sua 55.º edição, a primeira na Porto Editora), “Memorial do Convento” apresenta como nenhum outro o equilíbrio entre a História, a ficção e o imaginário. É verdade que Blimunda (que tem a aptidão de ver o interior das pessoas aquando em jejum) e Baltazar (ex-militar que perdeu uma mão) assumem os papéis principais do livro, mas não podemos ficar indiferentes, por exemplo, ao Padre Bartolomeu de Gusmão (que abençoa o amor infiel de Baltazar e Blimunda), mas também ao povo, faminto devido aos caprichos de um Rei e de uma Igreja que não olham a meios para alcançarem os seus desejos, muitas vezes irreais. Um livro absolutamente obrigatório!

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