Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ópera "Lucia de Lamermoor" de Donizetti, pronuncio de desgraça?

(...) "A entrada na sala foi unanimemente festejada com sorrisos e pequenas vénias de cabeça. Salvador, esquecido de agravos ou diplomaticamente fingidor, abriu de par em par as portas envidraçadas, à frente passaram Ricardo Reis e Marcenda, como devia ser, é ele o convidado, aqui onde nós estamos não se consegue perceber o que a telefonia toca, muito daria que pensar a coincidência se fosse a marcha nupcial de Lohengrin, ou a de Mendelssohn, ou a menos célebre, talvez por ser tocada antes de uma desgraça, a da Lucia de Lamermoor, de Donizetti." (...)

em "O Ano da Morte de Ricardo Reis"
Caminho, 11.ª edição (página 131)


Breve trecho ópera que pode ser vista via YouTube

"Dame Joan Sutherland performing 'Eccola!' (The Mad Scene) 
from Donizetti's Lucia di Lammermoor 
in the Australian Opera's - 1986 
production at the Sydney Opera House."

Breve informação via Wikipédia

"Lucia di Lammermoor é uma ópera em 3 atos de Gaetano Donizetti, com libreto de Salvatore Cammarano, baseada no romance "The Bride of Lammermoor" (A Noiva de Lammermoor), de Walter Scott. Juntamente com Don Pasquale e L'Elisir d'Amore, é uma das óperas mais representadas de Donizetti na atualidade. A sua estreia ocorreu no Teatro San Carlo em 26 de setembro de 1835.

Sinopse
Ato I
Jardins do castelo da família Lammermoor. Normanno, capitão da guarda do castelo, acompanhado de outros serviçais, está procurando um intruso. Ele conta logo a Enrico Ashton de Lammermoor que suspeita que tal intruso é Edgardo de Ravenswood, de uma família inimiga, que vem ao castelo para encontrar-se com Lucia, sua irmã mais nova. Ao descobrir que Normanno estava certo, Enrico dispõe-se a acabar de uma vez com a relação entre ambos.
Diante de uma fonte, na entrada próxima ao castelo, está Lucia, esperando por Edgardo. Lucia explica a Alisa, sua serviçal, que viu o fantasma de uma menina assassinada nesse mesmo lugar por um ciumento ancestral da família Ravenswood - a mesma de Edgardo. Alisa vê nisso um mau pressentimento e alerta Lucia para que desista do romance. Edgardo aparece e explica que vai à França, em missão política, acreditando poder selar a paz com Enrico e casar-se com Lucia. E, diante das dúvidas da aceitação ou não por parte de Enrico, trocam alianças selando o compromisso.

Ato II
Dentro dos aposentos de Lorde Enrico, acontecem os preparativos para o casamento arranjado de Lucia e Arturo Bucklaw. Enrico, preocupado com a reação de Lucia, forja uma carta supostamente escrita por Edgardo dizendo que ele já a esqueceu e está casado. Raimondo, o capelão, tenta convencer Lucia a esquecer Edgardo pelo bem de sua família.
Tem início a cerimônia nupcial. Arturo e Lucia, contrariada, assinam o contrato nupcial. Edgardo aparece de súbito e ameaça os presentes. Raimondo mostra a Edgardo o contrato nupcial e este, irritado, faz com que Lucia se desfaça dos anéis de compromisso. E é forçado a se retirar do castelo.

Ato III
Enrico e Edgardo marcam um duelo. Dentro do castelo, Raimondo noticia que Lucia assassinou Arturo cravando-lhe um punhal durante a noite de núpcias. Fora de si, Lucia se imagina na noite de núpcias com Edgardo e roga-lhe perdão pela traição. Lucia chegara à loucura.
Amanhece, e atrás do cemitério dos Ravenswood, Enrico e Edgardo se encontram para o duelo. Surge uma procissão lamentando a morte de Lucia (não é explícita a causa - se Lucia foi condenada à execução, suicidou-se ou adoeceu). Dobram os sinos anunciando a morte e Edgardo, que não suporta a idéia de vê-la morta, suicida-se com uma punhalada no peito."

Sem comentários:

Enviar um comentário