Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

"Viagem a Portugal" 1981 - «É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»

«É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»

«De Nordeste a Noroeste, caminhos que vão dar às “Meninas de Castro Laboreiro”, à “História do soldado José Jorge” ou ao Monte Evereste de Lanhoso. Depois, as “Terras baixas, vizinhas do mar”. Encontramos nelas “Um Castelo para Hamlet”, e descobre-se que nem todas as ruínas são romanas. Viaja-se ainda pelas “brandas beiras de pedra”, com as “novas tentações do demónio” e “o fantasma de José Júnior”. Um convite, entretanto, a parar em todo o lado, entre Mondego e Sado, para observar “artes da água e do fogo” ou as chaminés e laranjais. E um passeio pela “grande e ardente terra de Alentejo”. Aí, “a noite em que o mundo começou”; aí, “uma flor da rosa”; aí, onde “é proíbido destruir os ninhos”. E mais o sol, o pão seco e o pão mole do Algarve, com “o português tal qual se fala”. “Pelos caminhos de Portugal / Eu vi tantas coisas lindas vi o mundo sem igual”, canta o cancioneiro popular, e assim faz Saramago, com a diferença essencial que a qualidade da sua escrita está bastantes furos acima. Uma viagem, se não pelo Portugal profundo, pelo menos por uma forma profunda de ver Portugal.»

Via Fundação José Saramago, em http://www.josesaramago.org/viagem-portugal-1981/

Capa da edição "Viagem a Portugal" - Circulo de Leitores (1981)

Fotografias. 
Saramago foi a palavra escrita e lida,
foi a palavra dita e ouvida,
Saramago é a fotografia e a imagem,
é o ver, olhar e reparar,
o ousar e transgredir,
o inquieto, a inquietude e a inquietação,
o desassossego, o desassossegado, o desassossegar,
e a bondade,
sim a bondade que falta ao ser humano...


José Saramago na Póvoa de Varzim após o lançamento de "Viagens a Portugal" em 1981
Foto Luís Severo - JN

José Saramago passeando pela Calçada da Estrela, em Lisboa, em Maio de 1990
Foto António Aguiar - JN

O escritor em reunião do Partido Comunista Português, no Hotel Altis, Lisboa, em Março de 1995
Foto Bruno Peres - JN

Saramago nasceu em Azinhaga, no Ribatejo, no seio de uma família humilde
Foto Adelino Meireles - JN

José Saramago, engraxando os sapatos, em Agosto de 1992 - Foto António Aguiar - JN

O romancista em visita ao Diário de Notícias, em 1998, onde foi director-adjunto 
Foto Alexandra Silva -  JN

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