Sobre a temática e categorização do "agente" ou "criador" literário, neste caso, referindo-se ao paradigma diferenciador da existência de um autor e/ou narrador, Manuel Frias Martins na sua obra, "A Espiritualidade Clandestina de José Saramago", explana de forma directa e incontornável o posicionamento de José Saramago sobre esta matéria.
Este pequeno excerto (Capítulo I, "O lugar do autor" - "A escrita de si"), foca na primeira pessoa o pensamento inicial e que acompanhará toda a obra - o homem que cria, o gerador da ideia, assume total controle e estatuto de autor
(...) foi o próprio José Saramago quem acabou por confirmar aquilo que aqui chamo de narrativa de si quando se associou às personagens que ia construindo. Num texto de cordato desacordo com alguns académicos acerca das figuras de narrador e do autor, José Saramago afirmou sem quaisquer ambiguidades que o «autor está no livro todo, o autor é o livro todo, mesmo quando o livro não consiga ser todo o autor», acentuando a ideia de que ele, José Saramago, era Blimunda e Baltasar, Jesus e Maria Madalena, José e Maria, Deus e o Diabo, etc., e, suma, todas as personagens que ele havia criado em toda a sua obra. (...)
em "A Espiritualidade Clandestina de José Saramago"
Manuel Frias Martins
Fundação José Saramago, página 38
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