(...) «A morte, porém, esta que se fez mulher, tira da bolsa uns óculos escuros e com eles defende os seus olhos agora humanos dos perigos de um oftalmia mais do que provável em quem ainda terá de habituar-se às refulgências de uma manhã de verão.» (...) Página 190
(...) «Então, apareceu o violoncelista, Ao vê-la, estacou, chegou mesmo a esboçar um movimento de recuo, como se vista de perto, a mulher fosse outra cousa que mulher, algo de outra esfera, de outro mundo, da face oculta da lua.» (...) Página 199
(...) «Ele adormeceu, ela não. Então ela, a morte, levantou-se, abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta cor violeta. (...) A morte voltou para a cama, abraçou-se ao homem e, sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia, sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras.» (...) Página 214
"As Intermitências da Morte"
Caminho, 1.ª edição
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