Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 24 de junho de 2015

"Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho 2014" atribuído a Manuel Frias Martins pela obra «A Espiritualidade Clandestina de José Saramago»

O detalhe da notícia pode ser consultada e lida, aqui
em http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=779004

"«Há mais mistérios entre Saramago e Deus do que possamos prever». 
A frase é da investigadora brasileira Selma Ferraz, que José Tolentino Mendonça citou, em Fevereiro último, na crítica que assinou no semanário Expresso ao livro «A Espiritualidade Clandestina de José Saramago». A obra, vista pelo crítico como um «interessantíssimo ensaio», acaba de valer ao autor, Manuel Frias Martins, o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho 2014."

(Montagem cénica, da obra de Manual Frias Martins, 
conjuntamente, com o "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Caim", 
obras abordando a temática de Deus e religão)  


Nesta sua sexta edição, o galardão, promovido em parceria pela Associação Portuguesa de Escritores e a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, distinguiu por unanimidade a obra escrita pelo crítico, professor universitário e ensaísta português.

O livro, editado pela Fundação José Saramago, choca com o assumido ateísmo de Saramago, conforme se percebe com uma rápida leitura do prólogo: «(…) as obras de Saramago se dirigem inequivocamente aos interesses e às necessidades práticas dos leitores (…) apontando ao mesmo tempo para a espiritualidade como expressão intensa da verdade.»  

O Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho foi instituído em 2010 e distingue, anualmente, uma obra de ensaio literário, publicada em livro, com o valor monetário de 7.500 euros.

«Trata-se de uma homenagem que pretende perpetuar o grande ensaísta Eduardo Prado Coelho, falecido em 2007, que doou ao nosso município o seu espólio bibliográfico de 12.500 títulos, disponível para consulta na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco», explica a propósito o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha.

O Grande Prémio de Ensaio premiou em 2014, José Gil; em 2013, Rosa Maria Martelo; em 2012, João Barrento; em 2011, Manuel Gusmão e em 2010, Vítor Aguiar. A data da cerimónia de entrega do prémio será divulgada oportunamente.

Sinopse de «A Espiritualidade Clandestina de José Saramago»
Saramago pertence àquele grupo de escritores que parecem ter lido em toda a parte ou vivido em todo o lado, mapeando o humano por sinais identificáveis por todos ao mesmo tempo e decifrados por cada um à sua maneira. Tanto as suas construções ficcionais das atmosferas judaica e cristã como as observações subsidiárias que encontramos dispersas por entrevistas e artigos refletem uma amplitude de referências culturais onde se abriga um extraordinário ecletismo filosófico e religioso ou, dito de outra maneira, um conhecimento amplo do fundo cultural e religioso da humanidade, o qual é não raras vezes encarado como desafio à razão e à imaginação do próprio escritor. Possuidor de um espírito inquieto quando à humana condição e de um coração ávido de justiça, o homem José Saramago é uma espécie de abrigo intelectual de um escritor que mistura criativamente os inúmeros conseguimentos do pensamento humano independentemente da sua proveniência histórica ou geográfica.

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