Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 9 de abril de 2016

Extracto de entrevista de César Alonos de los Ríos a José Saramago - ABC (Suplemento El Semanal) - 30 de Junho de 1996

"Sem perceber, de então até hoje, a tribo literária ainda não se refez da comoção. Se eu houvesse ficado ali, com Levantado do chão ou mesmo com o Memorial do convento… Mas é que depois vêm O ano da morte de Ricardo Reis e depois A jangada de pedra, e O cerco de Lisboa, e O Evangelho segundo Jesus Cristo, e agora, finalmente, o Ensaio sobre a cegueira. E o que faz que isso seja insuportável é que sou um senhor de idade e que tudo isso se produz em pouco mais de dez anos…
Esta é a pura verdade das minhas relações com Lisboa, embora não me seja fácil dizê-la.
Aqui está a origem do mal-estar e, para ser sincero, devo dizer que estou cercado de inveja e de rancores."

Extracto de entrevista de César Alonos de los Ríos a José Saramago
ABC (Suplemento El Semanal), Madrid - 30 de Junho de 1996



Sem comentários:

Enviar um comentário