Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 16 de abril de 2016

"Sobre os jornais e redacções" Pequeno extracto da entrevista de Fernando Dacosta a José Saramago (18/01/1983 JL - Jornal de Letras)



"Quando andei por [os jornais], mesmo antes de trabalhar dentro das redações, exprimia já as mesmas ideias que exprimo hoje. De uma maneira geral a literatura que hoje faço continua ligada a esse tipo de textos. Às vezes, confesso, vem-me a saudade dos jornais… Não sou um caso único, penso que qualquer um que passou por eles há de lembrar-se até ao fim, há de sentir essa espécie de apelo, essa voz que chama de longe, essa sensação de estar metido dentro das coisas, que a literatura de um modo geral não dá."
Fernando Dacosta entrevista José Saramago (Jornal de Letras #50 - 18/01/1983)
"Escrever é fazer recuar a morte, é dilatar o espaço da vida”

Sem comentários:

Enviar um comentário