6 anos sem José Saramago com o escritor presente, revisitando da sua obra
Fará dia 18 de Junho seis anos em que se assinala a data da morte de José Saramago. Escritor genial e humanista sempre agitador da consciência mundial, criador de um estilo literário inconfundível que deixou marca na história de literatura escrita em língua portuguesa.
Não é possível dissociar o criador de Blimunda e Baltasar (Memorial do Convento), da Mulher do Médico e do Cão das Lágrimas (Ensaio sobre a Cegueira), da família Mau-Tempo (Levantado do Chão) - entre tantas outras personagens -, do seu sentido de denunciador e activista social em diversas partes do mundo onde os direitos humanos e do meio ambiente estavam a ser atacados, e que ainda hoje se manifestam sob agressão constante. Assim foi, por exemplo conjuntamente com o fotógrafo Sebastião Salgado na defesa da causa do Movimento Sem Terra, na sua voz apelando à libertação do povo palestiniano ou no apoio à luta da activista Aminatou Haidar pela causa Saharaui.
Passam seis anos, e José Saramago é uma das principais figuras portuguesas que interessa fazer esquecer por parte das “cúpulas institucionais”; por ser incómodo nas verdades cruas e expostas nas suas metáforas que se perpetuam em centenas de reedições das suas obras por todo o mundo e em todas as línguas, e também porque foi (é) brilhante e genial na forma como investido de escritor não se demitiu de ser um valoroso agente de desassossego.
Vivemos mergulhados num autêntico "Ensaio sobre a Cegueira", que se repete no "Ensaio sobre a Lucidez" a que muitos apetece partir numa "Jangada de Pedra", ou seguir na rota da "Viagem do Elefante", porque as coisas que vivemos não são "Deste Mundo e do Outro".
Quando chegará de novo "A Noite" para que "Os Poemas Possíveis" possam ser de novo musicados?
Às vezes, sinto-me acabado de ser "Levantado do Chão", extenuado depois de uma "Viagem a Portugal", onde "Os Apontamentos" recolhidos são peças soltas de uma passarola construída por um padre alucinado que vive num suposto estado de "Provavelmente Alegria".
"O Ano da Morte de Ricardo Reis" em que este, sendo "O Homem Duplicado" de Pessoa, viveu nas suas "Pequenas Memórias" as "Intermitências da Morte", dentro de uma obscura "Caverna" em que este país se tornou, desde a famosa "História do Cerco de Lisboa".
Os censores andam aí, com a cara destapada ou com uma simples capa vestida, gritam e bramem aos céus "In Nomine Dei", "In Nomine Dei"!!! Também estes, em busca de outra interpretação do "Evangelho Segundo Jesus Cristo" já estão alertados porque "Caim" foi marcado para sempre, e não dará outra oportunidade à "Segunda Vida de Francisco de Assis".
Nesta "Terra do Pecado", onde falta a bondade ao homem, procuramos uma nova luz de esperança e que essa possa chegar sob o signo da "Maior Flor do Mundo". "Que Farei com este Livro", onde constam todas as evangélicas atrocidades cometidas em nome de deuses, por homens raivosos cegos de razão, esses a quem lhes faltou sempre um "Manual de Pintura e Caligrafia" com os nobres valores inscritos para a humanidade.
Rui Mesquita dos Santos
(05/06/2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário