Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 7 de março de 2018

A ponte entre "A Viagem do Elefante" e a sua última obra, Alabardas

Quando José Saramago remete para outra e futura obra, neste caso por concluir.

(...) "Ali está o herói, disse o alcaide. O pombo ainda tinha a mensagem atada à pata, situação que o proprietário acho conveniente esclarecer, Em geral, retiro a mensagem logo que o pombo pousa e faço-o porque não quero que comece a dar o trabalho por mal empregado, mas neste caso preferi esperar a sua chegada para lhe dar a si uma satisfação completa, Não sei como lho agradeça, senhor alcaide, creia que este é para mim um dia grande, Não duvido, comandante, nem tudo na vida são alabardas, alabardas, espingardas, espingardas." (...) 
"A Viagem do Elefante", de José Saramago 
Caminho, página 126


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