Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

1 de Janeiro de 1996 - "Cadernos de Lanzarote IV"

(...) "É o Pico de la Tejada, que de pico só tem nome, porventura resto de épocas mais altaneiras. (...) Quando regresso a casa olho para trás. Ali estão os algibes, tranquilos como uma ruína, indiferentes ao deserto em que os abandonaram. Vendo-os assim, guardando o que lhes foi confiado, compreendi a razão por que a estas cisternas chamamos também de arcas de água. Ao dizer arca, ao dizer água, estamos a dizer tesouro."

#DiáriosDeSaramago
#ContinuarSaramago



"A janela de Saramago” 
Fotografia de João Francisco Vilhena



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