Aqui, na terra dos seus avós maternos, corre o rio Almonda em direcção à sua junção com o rio Tejo.
Refêrência via Wikipédia em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Almonda
"O Almonda é um rio português que nasce na Serra de Aire a 5 km a noroeste de Torres Novas, na vertente da Serra de Aire, perto de Almonda, a que deu o nome, e de Casais Martanes. No seu percurso de 30 quilómetros atravessa os municípios de Torres Novas e da Golegã onde desagua na margem direita do Tejo
O rio Almonda segue o seu curso desde a nascente situada em Moinho da Fonte, depois entre a Ribeira Branca e a Ribeira Ruiva, banha a povoação de Lapas, serpenteia a cidade de Torres Novas e desagua no rio Tejo, no sítio da Igreja Grande, no concelho da Golegã. No total, o seu percurso é de cerca de 30 quilómetros.
O rio é atravessado por mais de duas dezenas de pontes e teve importância decisiva no desenvolvimento agrícola e industrial do concelho de Torres Novas. Prova disso é o facto de ainda existirem ao longo do seu percurso (pelas diversas aldeias e até mesmo dentro da cidade de Torres Novas) antigos moinhos movidos pelas suas águas, embora grande parte deles já se encontrem em ruínas. Existe também dentro de Torres Novas uma pequena central hidroeléctrica, onde se produzia electricidade a partir das suas águas."
Rio Almonda. Lugar. Margens de rio, exploração e travessias várias, de actividade piscatória e rega dos campos de cultivo.
A referência é bastante presente no livro "As Pequenas Memórias". Logo no início, Saramago apresenta a desenvoltura de uma criança que se aventura pelos campos e margens do rio almonda. Menciona que o medo dos cães não o impede de se aventurar pelos campos fora e à inexistência de outras possibilidades para ocupar o tempo, a comunhão com a natureza fica demonstrada desde a infância. Este espírito desassossegado, mas de paz com a mãe natureza, depreendo, o acompanhará em toda a vida. Da Azinhaga até Tias em Lanzarote, existe no homem uma paz permanente com a natureza pura, que não raras vezes se revolta contra a ocupação bruta da industrialização. Para mim, e como eu o poderei afirmar com esta leviandade de narrador, a paz e felicidade que Saramago viveu ao conseguir com muito custo físico, subir a montanha de terra vulcânica em Lanzarote, no meio de uma paisagem quase inóspita, representa a fidelidade com que o espírito da criança (do meio rural) sempre transportou até ao fim dos seus dias.
Seria Saramago, um humanista descontente com o homem?, com as suas fraquezas de consciência para com o legado da natureza e sua necessidade de a preservar?
Não o podendo afirmar, posso acreditar que esta preocupação sempre esteve presente.
Página 18 e 19 da 1.ª edição - Caminho
"Então digo à minha avó: «Avó, vou dar por aí uma volta.» Ela diz «Vai, vai», mas não me recomenda que tenha cuidado, nesse tempo os adultos tinham mais confiança nos pequenos a quem educavam. Meto um bocado de pão de milho e um punhado de azeitonas e figos secos no alforge, pego num pau para o caso de ter de me defender de um mau encontro canino, e saio para o campo. Não tenho muito por onde escolher: ou o rio, e a quase inextricável vegetação que lhe protege as margens, ou os olivais e os duros restolhos de rio já ceifado, ou a densa mata de tramagueiras, faias, freixos e choupos que ladeia o Tejo para jusante, depois do ponto de confluência com o Almonda, ou, enfim na direcção do norte, a uns cinco ou seis quilómetros da aldeia, o Paul do Boquilobo, um lago, um pântano, uma alverca que o criador das paisagens se tinha esquecido de levar para o paraíso.»
Sem comentários:
Enviar um comentário