Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ernest Lluch explica um ideal subjacente à "Jangada de Pedra"


"A Estátua e a Pedra"
Fundação  José Saramago
Pág, 27

(...) "A Jangada de Pedra", publicada em 1986, descreve a separação da Península Ibérica da Europa e a sua viagem mar adentro como se realmente fosse uma jangada, até se fixar entre a América do Sul e África. Este livro foi entendido de diversas maneiras, sobretudo negativas. Foi dito e mil vezes redito que era um livro contra a Europa que se estava a construir, como  se um mero romancista pudesse competir com factos económicos e políticos de semelhante dimensão, Penso que quem tenha lido o livro e tenha da trajectória política do autor uma opinião rudimentar, possa ter formado uma ideia equívoca sobre o que o livro narra. Mas alguém que não era crítico literário, o político catalão Ernest Lluch, desgraçadamente assassinado pela ETA, escreveu um artigo no qual afirmava mais ou menos isto: «Não nos equivoquemos, Saramago não quer a Península Ibérica se separe da Europa, aquilo que ele pretende é arrastar, levar a Europa para o sul». (...)
(...) "A Jangada de Pedra" foi, na intenção do autor, uma espécie de proposta para a formação de uma nova área cultural, que não seria já a bacia cultural mediterrânica, porque essa cumpriu o seu papel, mas sim a bacia cultural do Atlântico Sul. A Península Ibérica, entre a América do Sul e a África, tornada ilha, cercada de mar por todos os lados, comunicando com tudo o que está fora dela. É a utopia, justamente o contrário do romance histórico. (...)



Informação via, Wikipédia em http://es.wikipedia.org/wiki/Ernest_Lluch
Ernest Lluch Martín (Vilasar de Mar, Barcelona, 21 de enero de 1937 - Barcelona, 21 de noviembre de 2000) fue un político español del PSC. Ministro de Sanidad y Consumo entre 1982 y 1986, fue asesinado por la banda terrorista ETA cuando contaba 63 años y estaba retirado de la vida política.

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