"Democracia e Universidade"
José Saramago
Fundação José Saramago e ed.ufpa
Conferência realizada na Universidade Complutense de Madri em 2005
A propósito do valor das palavras e da possibilidade de as mesmas poderem alterar, acrescentando ou diminuindo "peso" à substância do seu significado, Saramago aludia à "voz" politica,
Referia:
(...) "E pode chegar-se à situação absurda e terrível de que um político, sem alterar a expressão, isto é, com a cara mais dura do mundo - não é piada, trata-se de um político do meu país que teve altíssimas responsabilidades no governo - diga o seguinte: "A política é a arte de não dizer a verdade". Disse-o e não aconteceu nada (...)"
Com este efeito prático, também da verdade ilusória da palavra ou do mimetismo que com a mesma podemos configurar um momento, ou até, uma vida de mentira, surge a menção a Talleyrand.
E prossegue:
(...) "Esta frase aproxima-se de outra de Talleyrand, que dizia que a palavra tinha sido dada ao homem para encobrir o que pensava, afirmação tremenda que, no entanto, atravessou séculos sem muita contestação; pior, com um não dissimulado e cínico aplauso. (...)"
Quem foi Talleyrand, aqui, via Wikipédia
em, http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles-Maurice_de_Talleyrand-Périgord
"Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord, mais conhecido por Talleyrand GCNSC (Paris, 13 de fevereiro de 17541 — Paris, 17 de maio de 1838) foi um político e diplomata francês.
Talleyrand demonstrou admirável capacidade de sobrevivência política ao ocupar altos cargos no governo revolucionário francês, sob Napoleão, durante a restauração da monarquia dos Bourbons e sob o rei Luís Filipe. Embora de ascendência aristocrática, ele não pôde seguir a carreira militar por causa de um defeito físico, e, opcionalmente, foi preparado para a carreira religiosa e, como seminarista, estudou teologia e leu a obra dos filósofos progressistas contemporâneos.
Expulso do seminário (1775) por não seguir a regra do celibato, mesmo assim recebeu as ordens menores e o rei o nomeou abade de Saint-Denis, em Reims (1776). Ordenado (1779), foi nomeado vigário-geral pelo tio Alexandre, arcebispo de Reims e, um ano depois, tornou-se agente geral do clero junto ao governo da França. Defensor dos privilégios eclesiásticos, suas atividades o puseram em contato direto e frequente com os ministros da coroa, o que lhe permitiu adquirir experiência parlamentar e ser consagrado (1788) como bispo de Autun.
Durante o período pré-revolucionário, foi membro do Clube dos Trinta. Apoiou depois a nacionalização dos bens da igreja e conseguiu a adoção da constituição civil do clero que, sem o apoio papal, permitiu a reorganização completa da Igreja francesa ao serviço do Estado.
Excomungado pelo papa e, eleito administrador do departamento de Paris (1791), abandonou a Igreja Católica. Foi enviado pela Assembleia Geral à Grã-Bretanha (1792), para tentar convencer os ingleses a não se aliarem com a Áustria e a Prússia contra a França. O fracasso das negociações e a execução de Luís XVI obrigaram-no a fugir para os Estados Unidos (1794).
Após a queda de Robespierre e o fim do Terror (1796), regressou à França e no ano seguinte tornou-se ministro das Relações Exteriores. Acusado de corrupção (1799), foi demitido, mas após o golpe de estado de Napoleão e o estabelecimento do Consulado, recuperou o cargo.
Com o objetivo da pacificação da Europa, esforçou-se por articular uma política de alianças com as principais potências europeias e promoveu a reconciliação de Napoleão com o resto da Europa. No entanto, por discordar do projeto de conquistas do imperador, demitiu-se (1807). Apoiado pelo o czar Alexandre I da Rússia, organizou oposição a Napoleão e preparou a restauração dos Bourbons.
Com a entrada da liga antinapoleônica em Paris (1814), persuadiu o senado a estabelecer um governo provisório e a declarar Napoleão deposto. O novo governo imediatamente convocou Luís XVIII, que o nomeou ministro das Relações Exteriores. No Congresso de Viena (1814-1815), representou a França e expôs suas habilidades diplomáticas, mas prejudicou a França em termos territoriais, pois aceitou ceder à Prússia a maior parte da margem esquerda do rio Reno.
Após os cem dias napoleônicos, assumiu o cargo de presidente do Conselho de Estado, porém seu passado revolucionário levou-o a ser demitido em setembro do mesmo ano. Aliado aos liberais, participou de forma ativa na ascensão ao trono de Luís Filipe de Orleans (1830). Embaixador em Londres (1830-1834), teve participação fundamental nas negociações entre França e Reino Unido, como na criação do reino da Bélgica e na assinatura da aliança entre França, Reino Unido, Espanha e Portugal - a Quádrupla Aliança (1834).
Acusado em vida de cínico e imoral, alegava servir à França, e não aos regimes políticos. Foi, ao lado de Fouché, uma das figuras mais polêmicas da França."
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