Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Luís Cília canta poema de José Saramago em 1967 - «Contracanto»



Aqui o link do blog, em
http://samuel-cantigueiro.blogspot.pt/2010/06/jose-saramago-luis-cilia-contracanto.html

"Estávamos em 1968. Luís Cília, o grande divulgador da poesia portuguesa, mostrava-nos em disco (“La poesie portugaise de nos jours et de toujours – 1, de 1967)” e aqui, num programa da TV francesa, este “Contracanto”, escrito por um autor pouco conhecido."

Contracanto

Aqui longe do sol que mais farei
Senão cantar o bafo que me aquece?
Como um prazer cansado que adormece
Ou preso conformado com a lei

Mas neste débil canto há outra voz
Que tenta libertar-se da surdina
Como rosa-cristal em funda mina
Ou promessa de pão que vem das mós

Outro sol mais aberto me dará
Aos acentos do canto outra harmonia
E na sombra direi que se anuncia
A toalha de luz por onde vá.

(José Saramago)

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