... o cão Achado e o oleiro Cipriano Algor
... as lágrimas presentes
... um que as chora, o outro que as seca
Citador #21
em, "A Caverna"
Caminho
Página 263
(...) "Do que Cipriano Algor pensou não merece a pena falar porque já o tinha pensado em outras ocasiões e desse pensar se deixou informação mais do que suficiente. Se algo de novo aqui aconteceu foi ele ter deixado escorregar pela cara abaixo umas quantas custosas lágrimas, há um ror de tempo que elas andavam lá represadas, sempre vai não vai a ponto de se derramarem, afinal estavam prometidas para esta hora triste, para esta noite sem lua, para esta solidão que não se resignou. O que realmente não foi nenhuma novidade, porque já tinha sucedido uma outra vez na história das fábulas e dos prodígios da gente canina, foi ter-se chegado o Achado a Cipriano Algor para lhe lamber as lágrimas, gesto de consolação suprema que, em todo o caso, por muito comovente que nos pareça, capaz até de tocar os corações menos propensos a manifestações de sensibilidade, não nos deveria fazer esquecer a crua realidade de que o sabor a sal que nelas estão tão presente é apreciado em grado sumo pela generalidade dos cães." (...)
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