Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

As palavras que se mantêm... recordando 2013 e desejando o 2015


Será que as palavras de ontem perderam o seu significado?
José Saramago dizia que o peso e significado de palavras ou conceitos, podem perder/ganhar dimensão ou alterar o seu valor substancial ao longo dos tempos. Por exemplo, a palavra "justiça" praticada pelo Tribunal do Santo Ofício na Idade Média, encerrou em si um valor diferente de aplicabilidade da "justiça" e do seu conceito geral, muito diferente do que é praticada em outras épocas, anteriores e posteriores, claro está. 
A palavra, enquanto instituição formal manteve-se a mesma, o conceito evoluiu.
Mas da imutabilidade ou evolução das palavras e dos conceitos, podemos também verificar, que o outrora desejado, nos dias de hoje, mantém a mesma urgência na realização e concretização.
A Fundação José Saramago, imortalizou os votos de "Bom 2013", através das palavras do 1.º Visconde de Almeida Garrett, que foram publicadas no romance "Viagens na Minha Terra" (1846), onde, este questionava a justeza (leia-se justiça) dos actos praticados pelos senhores poderosos de então, ao condenar o povo a uma espécie de escravatura, miséria e decadência social. São palavras escritas há quase 2 séculos, num Portugal feudal e senhorial, que tardava a descobrir os tempos das "luzes".
Em finais de 2014, a Fundação José Saramago, sente a necessidade de agigantar valores profundamente esquecidos e desvalorizados por um povo cansado, que não se consegue libertar da profunda agonia social em se deixou mergulhar, e que, ao mesmo tempo desespera pela chegada de norte, uma via diferente, um caminho mais iluminado. 
Na declaração de "Princípios", assinada pelo punho de José Saramago (29/06/2007), ficaram imortalizadas estas palavras: 

«Que todas as acções da Fundação José Saramago sejam orientadas à luz deste documento que, embora longe da perfeição, é, ainda assim, para quem se decidir a aplicá-lo nas diversas práticas e necessidades da vida, como uma bússola, a qual, mesmo não sabendo traçar o caminho, sempre aponta o Norte.»

O "morrer de cegueira", em contraponto com o "Bom e lúcido"
O "não usa a razão para viver", em confronto com "como uma bússola (...) sempre aponta o Norte".


Norteiem a Vossa Vida pelo Norte da Razão

Via página da Fundação José Saramago, 

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