"Escrevo entre as 12 da noite e as 12 da note. A Península já passou em 1995, aqui ainda nos restam vinte minutos de 1994 para viver. Em Canárias não fazemos as coisas por menos: necessitamos vinte e quatro badaladas para passar de um ano para o outro. Os amigos que vieram de Portugal e Espanha olham desconfiados os relógios, por pouco dirão que não sabem onde se encontram. De um deles, Javier Ryoio, sociólogo e escritor, sei eu que dormiu há dez anos no Hotel Bragança, de Lisboa, na cama que foi de Ricardo Reis, O tempo é uma tira de elástico que estica e encolhe. Estar perto ou longe, lá ou cá, só depende da vontade. Na Península já se apagaram os fogos-de-artifício. Anoite de Lanzarote é cálida, tranquila. Ninguém mais no mundo quer esta paz?»
Caminho, página 268
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