"A seguir às eleições legislativas daquele ano, estala o escândalo Portucale, com alegadas ligações entre uma empresa financeira do Grupo BES, transferências clandestinas e ilegais de um milhão de euros para os cofres do CDS e dirigentes financeiros daquele partido. A Procuradoria acabou por decidir acusar formalmente, entre outros implicados, três altos quadros do Grupo BES."
25 Julho 2007http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=661865
"A renúncia de Salgado ao lugar de CEO surge como o culminar de várias investigações em curso ao grupo familiar que apareceu envolvido em vários escândalos: Operação Furacão, Face Oculta, Portucale, contrapartidas da compra de submarinos pelo Estado português, Escom, desaparecimento no BES Angola de cerca de cinco mil milhões de euros. Isto para além do facto de Salgado ter sido obrigado a corrigir a sua declaração de rendimentos várias vezes, e ter recebido uma comissão de 8,5 milhões de euros do construtor José Guilherme por apoio aos negócios deste em Angola."
21/06/2014http://www.publico.pt/economia/noticia/banco-de-portugal-afasta-salgado-e-a-familia-espirito-santo-da-gestao-do-bes-1659905
Dia 4 de Fevereiro de 2009
Em, "O Caderno"
Caminho
2.ª Edição, página 184 e 185
"Banqueiros"
"Que fazer com estes banqueiros? Conta-se que nos primórdios da banca, aí pelos séculos XVI e XVII, os banqueiros, pelo menos na Europa central, eram no geral calvinistas, gente com um código moral exigente que, durante um tempo, teve o louvável escrúpulo de aplicar à sua profissão. Tempo que terá sido breve, haja vista o infinito poder corruptor do dinheiro. Enfim, a banca mudou muito e sempre para pior. Agora, em plena crise económica e do sistema financeiro mundial, começamos a ter a incómoda sensação de que quem se irá safar melhor da tormenta serão precisamente os senhores banqueiros. Em toda a parte, os governos, seguindo a lógica do absurdo, correram a salvar a banca de apertos de que ela tinha sido, em grande parte, responsável. Milhões de milhões têm saído dos cofres dos Estados (ou do bolso dos contribuintes) para pôr a flutuar centenas de grandes bancos, de modo a retomarem uma das suas principais funções, a creditícia. Parece que há sinais graves de que os banqueiros acenaram com as orelhas, considerando abusivamente que aquele dinheiro, por estar na sua posse, lhes pertence, e, como se isto não fosse já bastante, reagem com frieza à pressão dos governos para que ele seja posto rapidamente em circulação, única maneira de salvar da falência milhares de empresas e do desemprego milhões de trabalhadores. Está claro que os banqueiros não são gente de confiança, a prova é a facilidade com que mordem a mão de quem lhes dá de comer."
http://caderno.josesaramago.org/24966.html
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