Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 11 de março de 2016

Atentados de 11 de Março de 2004 - “O rosto de um povo ferido” - Palavras de José Saramago (Madrid)


“O rosto de um povo ferido” (José Saramago)

"Em Espanha, solidarizar-se é um verbo que todos os dias se conjuga nos seus três tempos: presente, passado e futuro. A lembrança da solidariedade passada reforça a solidariedade de que o presente necessita, e ambas, juntas, preparam o caminho para que a solidariedade, no futuro, volte a manifestar-se em toda sua grandeza. O dia 11 de março não foi só um dia de dor e de lágrimas, foi também um dia em que o espírito solidário do povo espanhol ascendeu ao sublime com uma dignidade que me tocou profundamente e que ainda hoje me emociona quando o recordo. O belo não é só uma categoria do estético, podemos encontrá-lo também na ação moral. Por isso digo que poucas vezes, em qualquer lugar do mundo, o rosto de um povo ferido pela tragédia terá alcançado tanta beleza."

Atentados de 11 de Março de 2004 nos comboios suburbanos 
da linha de Alcalá de Henares, em Madrid,

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