Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

O Teatro Molière (Salvador da Bahia - Brasil) apresentou "Em Busca da Ilha Desconhecida" inspirado em José Saramago (Outubro 2017)

Chegaram relatos da apresentação da peça de teatro "Em Busca da Ilha Desconhecida" baseada no conto de José Saramago.

Foi apresentada a peça no passado mês de Outubro e pode ser recuperada informação através do portal "bahia.ba", (05/10/2017) aqui
em http://bahia.ba/entretenimento/moliere-recebe-peca-em-busca-da-ilha-desconhecida-para-dia-das-criancas/

"Molière recebe ‘Em Busca da Ilha Desconhecida’ para dia das crianças
Inspirado em José Saramago, musical traz o laço cultural entre Nordeste e a Europa Ibérica"



"Hoje tem Teatro para crianças inspirado em conto de Saramago! 
Programa para toda a familia!!! #embuscadailhadesconhecida
#teatromolieresalvador #teatroparacriancas #culturadainfacia "

Foto: Ives Padilha

"O feriado do dia das crianças se aproxima e os pais em busca de um programa alternativo podem encontrar no Teatro Molière, da Aliança Francesa, um refúgio. O palco dará espaço à peça “Em Busca da Ilha Desconhecida”, texto de José Saramago (“Ensaio Sobre A Cegueira”) para o público infantil.

O espetáculo leva o público para embarcar em busca da “ilha desconhecida”, pedaço de terra além do alcance dos geógrafos de um reino remoto. Com o uso de canções originais, a encenação é um olhar para a cultura iberonordestina. O texto já foi montado no Teatro Vila Velha e no Sesc Senac Pelourinho."

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

"Livro" (30/12/2008) post do blog "Outros Cadernos de Saramago"

Publicado a 30/12/2008 deixando antever a publicação de "Caim".
Aqui em http://caderno.josesaramago.org/18967.html


"Terça-feira, 30 de Dezembro de 2008
Livro
Estou às voltas com um novo livro. Quando, no meio de uma conversação, deixo cair a notícia, a pergunta que me fazem é inevitável (o meu sobrinho Olmo fê-la ontem): e qual vai ser o título? A solução mais cómoda para mim seria responder que ainda não o tenho, que precisarei de chegar ao fim para me decidir entre as hipóteses que se me forem apresentando (supondo que assim seria) durante o trabalho. Cómoda, sem dúvida nenhuma, mas falsa. A verdade é que ainda a primeira linha do livro não havia sido escrita e eu já sabia, desde há quase três anos (quando a ideia surgiu), como ele se iria chamar. Alguém perguntará: porquê esse segredo? Porque a palavra do título (é só uma palavra) contaria, só por si, toda a história. Costumo dizer que quem não tiver paciência para ler os meus livros, passe os olhos ao menos pelas epígrafes porque por elas ficará a saber tudo. Não sei se o livro em que estou a trabalhar levará epígrafe. Talvez não. O título bastará."



















terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Revista "Blimunda" edição #67 (12/2017)

A presente edição está disponível para consulta e download através dos links aqui publicados,


Capa da edição #67

Página do Facebook da "Blimunda" https://www.facebook.com/revistablimunda/

Apresentação da revista
"Com o novo ano quase à porta, chega a edição 67 da Blimunda. Este mês a revista visitou a It´s a book, livraria nascida há um ano em Lisboa que aposta na “curadoria” dos livros que tem disponíveis como o seu principal diferencial. A Blimunda esteve também com Duarte Pereira, um jovem livreiro que leva a sua livraria, a Snob, a todo o país.
Merece ainda destaque neste número a publicação de «Comer Beber», de Filipe Melo e Juan Cavia, um livro ilustrado que tem a memória como tema central.
Como no número anterior, a Blimunda dá espaço para um autor britânico inédito em português. Este mês a revista publica um excerto de The Bone Readers, de Jacob Ross, traduzido por Carla Fernandes.
A Saramaguiana vasculhou o arquivo de Gabriel García Márquez para recuperar um episódio em que ele, José Saramago e outros grandes nomes da literatura mundial se uniram para apoiar a Orhan Pamuk.
A fechar 2017, a nossa e vossa Blimunda deixa o desejo de um Bom 2018."

"A Jangada da Europa à Deriva – Apontamentos sobre a Actualidade d’A Jangada de Pedra de José Saramago" via I Cátedra Internacional José Saramago da Universidade de Vigo

"A Jangada da Europa à Deriva – Apontamentos sobre a Actualidade d’A Jangada de Pedra de José Saramago" pode ser recuperado aqui 
em http://catedrasaramago.webs.uvigo.es/pt/publicacions-da-catedra/a-jangada-da-europa-a-deriva-apontamentos-sobre-a-actualidade-d-a-jangada-de-pedra-de-jose-saramago-49/#_edn2

Toda a informação aqui em http://catedrasaramago.webs.uvigo.es/

"A Jangada de Pedra" da edição Caminho (1986)


“Fruto imediato do ressentimento colectivo português pelos desdéns históricos de Europa (mais exacto seria dizer fruto de um meu ressentimento pessoal...), o romance que então escrevi - A Jangada de Pedra - separou do continente europeu toda a Península Ibérica para a transformar numa grande ilha flutuante, movendo-se sem remos, nem velas, nem hélices em direcção ao Sul do mundo, «massa de pedra e terra, coberta de cidades, aldeias, rios, bosques, fábricas, matos bravios, campos cultivados, com a sua gente e os seus animais», a caminho de uma utopia nova: o encontro cultural dos povos peninsulares com os povos do outro lado do Atlântico, desafiando assim, a tanto a minha estratégia se atreveu, o domínio sufocante que os Estados Unidos da América do Norte vêm exercendo naquelas paragens... Uma visão duas vezes utópica entenderia esta ficção política como uma metáfora muito mais generosa e humana: que a Europa, toda ela, deverá deslocar-se para o Sul, a fim de, em desconto dos seus abusos colonialistas antigos e modernos, ajudar a equilibrar o mundo. Isto é, Europa finalmente como ética. As personagens da Jangada de Pedra - duas mulheres, três homens e um cão - viajam incansavelmente através da península enquanto ela vai sulcando o oceano. O mundo está a mudar e eles sabem que devem procurar em si mesmos as pessoas novas em que irão tornar-se (sem esquecer o cão, que não é um cão como os outros...). Isso lhes basta.”  
(José Saramago, Discursos de Estocolmo) 

Em 2016, os 30 anos da edição d’A Jangada de Pedra de José Saramago coincidiram com o trigésimo aniversário da adesão de Portugal e Espanha à CEE, a futura União Europeia. A relevância da perspectiva saramaguiana sobre a relação das culturas ibéricas com o resto da Europa, sobre o processo de construção da UE continua a ser evidente. 

No seu momento, o romance e as opiniões do autor representavam uma visão radicalmente diferente daquela que vigorava na opinião pública de então. Desde a direita até ao centro-esquerda, depreciava-se qualquer debate sobre os perigos de antecipar uma união económica a uma convergência político-cultural. Uma ampla maioria nos principais países europeus acreditava que o período de paz após a II Guerra Mundial só se devia ao processo de integração económica europeia. 

Mas o romance sugeriu, de uma forma muito plástica, como o conflito pós-colonial de sistemas também se podia transformar em conflito cultural na própria metrópole Europa. Depois de 500 anos de presença em três continentes e após a perda das últimas colónias, a entrada de Portugal e Espanha na CEE tinha sido menos um regresso do que uma chegada. Até à morte de Franco ou ao 25 de Abril, respectivamente, a Europa tinha sido para Espanha e Portugal sobretudo um destino de emigração e de exílio. 

A adesão económica, porém, aconteceu num momento no qual esta Europa já se encontrava desprovida de um imaginário comum. Nos casos espanhol e português, talvez tenha vigorado naquele momento uma utopia de modernização das suas sociedades. Mas o que realmente produziu uma política de factos consumados era a economia comunitária com os seus caudais de fundos de desenvolvimento. 

Porém, não havia naquele momento um projecto político-cultural de uma Europa com valores comuns que pudesse ter servido de alicerce para uma integração. Precisamente por isso, A Jangada de Pedra insistiu na necessidade de acção de um sujeito que não pode ser desvinculado do seu contexto histórico-social e político. Como em toda a obra saramaguiana, também este romance participa de uma certa utopia do destino individual e do futuro melhor. Mas esta só se justifica pela acção histórica do sujeito e por este adquirir uma memória crítica do passado. 

Assim, a vara de negrilho e o risco de Joana Carda, que maravilhosamente desencadeiam a rotura da Península Ibérica nos Pirenéus, deslegitimam todas as vinculações impostas, sociais ou políticas. É sugerida a instituição de uma nova realidade, de uma necessária heterogeneidade cultural e de uma reescrita pós-colonial da História. A leitura crítica da História que propõe o romance lembra-nos que a Europa precisa de uma narrativa actualizada e da sua conseguinte posta em prática. Entre outros aspectos, sugere que é indispensável assumirmos a culpabilidade europeia em relação às culturas e aos espaços colonizados. 

Saramago concretizou esta reivindicação em 1998, no seu discurso na cerimónia de entrega do prémio Nobel. Aí reclamou uma “nova utopia” para a Europa, uma reorientação “para o Sul, a fim de, em desconto dos seus abusos colonialistas antigos e modernos, ajudar a equilibrar o mundo” e que esta Europa se assuma, de uma vez por todas “finalmente como ética”.[1] Não era a única ocasião em que se desvinculara da corrente europeizante do pensamento nacional em Portugal.[2] 

Mas era no discurso de Estocolmo onde chegou a caracterizar A Jangada de Pedra como o “fruto do ressentimento colectivo português” e até, “pessoal”, “pelos desdéns históricos de Europa”.[3] E em 1986, numa entrevista para a revista francesa Libération, tinha deixado claro que no cerne da questão estava a necessidade de acrescentarmos à memória colectiva europeia uma argumentação ética: 

“Esse romance […] é o efeito, talvez último, de um ressentimento histórico. Provavelmente, só um português poderia ter escrito tal livro. Mas o seu autor, este autor, declara que estaria pronto a fazer regressar do mar a errante jangada, depois de alguma coisa ter aprendido de vitalmente necessário durante a sua navegação, se a Europa, reconhecendo-se, de facto, incompleta sem a Península Ibérica, viesse a fazer pública confissão dos erros cometidos, das injustiças e dos desprezos com que durante tantos anos tratou dois povos a quem deve muito mais do que aquilo que tem querido reconhecer.”[4] 

Mas a utopia de uma “Europa finalmente como ética”, livre de complexos de superioridade, não implica o desaparecimento dos ‘factos diferenciais’ que distinguem as culturas ibéricas entre si, mas também, pelo menos na sua grande maioria, das outras culturas europeias. Continua a haver lugar para o sonho de um destino atlântico das culturas peninsulares. 

Naturalmente, isto inclui também a defesa de um pluralismo e de uma identidade cultural fluída, acorde com um mundo globalizado, sem nunca abdicar da premissa de uma ética concreta e palpável: 

“De um ponto de vista ético abstracto, a Europa não tem mais culpas no cartório da história que outra qualquer parte do mundo onde, hoje e ontem, por todos os meios, se tenham disputado o poder e a hegemonia. Mas a ética, exercendo-se, como no-lo está dizendo o senso comum, sobre o concreto social, é porventura a menos abstracta de todas as coisas.”[5] 

Esta filosofia do sentido comum é a base do “privilegiamento das permutas culturais” com a América Latina e a África,[6] com o qual o eurocentrismo deve ser contrariado, uma ideia que Saramago circunscreveu com o conceito da “trans-ibericidade”.[7] Quer dizer, o desafio de a Europa enfrentar a sua imagem no espelho das culturas pós-coloniais às quais deu origem. 

Hoje, quando se deplora o euro-cepticismo seria conveniente lembrar que Saramago já nos avisou em 1986 que existe “além dessa espécie de deformação congénita denominada eurocentrismo, aquele outro comportamento aberrante que consiste em ser a Europa, por assim dizer, eurocêntrica em relação a si mesma”.[8] Saramago sempre insistiu na correlação entre uma ética comum e a necessária aceitação dos factos diferenciais das diferentes culturas europeias: 

“[…] não haverá no futuro próximo uma nova Europa se esta não instituir frontalmente como entidade moral, e também não a haverá se não for abolido, mais do que os egoísmos nacionais, que quantas vezes não passam de meros reflexos defensivos, o preconceito da prevalência ou da subordinação das culturas.”[9] 

Nos trinta anos que Portugal e Espanha estão agora na CEE e na UE, nivelaram-se muitas diferenças económicas e administrativas, mas também culturais. A visibilidade e o conhecimento das culturas ibéricas nas grandes potências europeias, e na UE em geral, têm certamente aumentado. Mas também presenciamos uma crescente desconfiança dos países do Centro-Norte em relação aos países do Sul, frequentemente acusados de serem demasiado corruptos, dispendiosos e preguiçosos. Uma recente tentativa do Ministro de Finanças alemão de interferir na política interna portuguesa tem sido disso só um exemplo paradigmático, entre muitos outros. Em 2016, numa cimeira em Budapeste, Wolfgang Schäuble apresentou o Portugal da Troika como um exemplo do que devem ser as políticas económicas a seguir pelos países da zona euro, ao dizer que “Portugal estava a ser muito bem sucedido até entrar um novo governo, depois das eleições”, que a sua falha tinha sido “declarar que não iria respeitar os compromissos assumidos pelo anterior Governo” e “se seguirem esse caminho, vão assumir um grande risco”, afirmou.[10] Já antes, o mais poderoso dos ministros de finanças da UE tinha advertido do perigo de Portugal ter de pedir um novo resgate, se não acatasse as regras ditadas pela Comissão Europeia. 

Estas imposições de cortes financeiros chocam com o facto de terem sido os 10% mais pobres que perderam 24% do rendimento, entre 2009 e 2013 em Portugal, enquanto o rendimento dos 10% mais ricos só desceu 8%. Também segundo o Eurostat, mais de um quarto da população portuguesa (25,3%, na Espanha são 28,2%) está em risco de pobreza e exclusão social, um risco que está a aumentar em todos os países da União Europeia, ininterruptamente desde 2008, sobretudo nos países sujeitos a ‘troikas’ ou a medidas radicais de austeridade, eufemisticamente ditas “ajustamentos estruturais”. 

Em 1986, Saramago já intuiu que uma integração económica europeia sem enquadramento cultural, político e ético iria causar muitos desequilíbrios e que “o seu pecado ou vício maior, […] é a existência de duas Europas, a central e a periférica, mais o consequente lastro histórico de injustiças, discriminações e ressentimentos”.[11] O facto de Portugal, especialmente durante os anos da recente crise económica e financeira mundial, ter sido relegado para o papel de fornecedor de mão-de-obra barata ou de destino turístico de baixo custo e massificado, com Lisboa e Porto em clara deriva para a gentrificação e a descaracterização, ilustra esses desequilíbrios. A desconfiança e altivez com que os governos dos países do Centro-Norte costumam dirigir-se ao Sul da Europa, não é um fenómeno recente e já estava presente quando Saramago escreveu A Jangada de Pedra: 

“é desta maneira idealizada que os europeus costumam ver-se no espelho de si mesmos, e essa é a servil resposta que a si mesmos invariavelmente vêm dand «Sou eu o que de mais belo, de mais inteligente e de mais culto a Terra produziu até hoje.»”.[12] 

Um dos principais reflexos actuais desta atitude doutoral desprovida de uma ética do “concreto social” talvez seja a imposição de uma austeridade e de um dogmatismo financeiros que produziram novas vagas de emigração, agravado ainda pela falta de uma política de compromisso inequívoco em relação à crise humanitária dos refugiados. Estas e muitas outras dissonâncias no seio da EU compõem um desolador panorama de desintegração e falta de solidariedade, tal como o descreveu Saramago já em 1986:

“Para os estados europeus ricos e, segundo a opinião narcísica em que se comprazem, culturalmente superiores, o resto da Europa é algo vago e difuso, um pouco exótico, um pouco pitoresco, merecedor, quando muito, da atenção da antropologia e da arqueologia.”[13] 

Não é só Portugal que se debate hoje com transformações estereotipadas e superficialmente estetizadas da sua identidade. Há uma pressão para que os economicamente mais fracos correspondam, entre outras imposições de um mercado comunitário e simultaneamente globalizado, ao ideal de destino de negócio aliciante ou de turismo low cost. Enquanto a Europa se encontrar numa deriva desintegradora, austerocrática, paternalista, heteropatriarcal e sem consenso sobre valores comuns, um livro como A Jangada de Pedra continuará a ser uma mensagem política relevante para os indispensáveis debates sobre o futuro da UE. 

Como instituição, cuja credibilidade depende de como consegue responder às expectativas da cidadania, a UE vive, hoje em dia, submersa numa grave crise de valores. Para que possa formular alternativas reais ao euro-cepticismo crescente, não só precisa de uma reflexão colectiva e inter-cultural em torno dos problemas actuais como bem-estar, coesão, equidade ou segurança. Mas também sobre a promessa incumprida de uma Europa das Regiões, sobre a necessária redefinição de uma identidade cultural europeia a partir de valores como solidariedade e Direitos Humanos, entre muitos outros. 

Apesar de ter sido um declarado crítico do conceito de utopia, Saramago sempre se esforçou por deixar uma porta aberta para uma reinvenção em positivo da narrativa “Europa”. Porém, este renovado relato ético teria de partir da cidadania e do sujeito, da ideia de um demos (δήμος) europeu, ou seja, de um conceito de povo que não se fundamenta exclusivamente no étnico. Só a expressão deliberativa, cooperativa e colectiva da vontade dos sujeitos pode legitimar uma acção política e social oposta à tecnocracia descaracterizadora. Mas antes de lá chegar, esta cidadania precisa de assumir que 

“as culturas, é tempo de começar a entendê-lo Europa, e entendida tente ficar de uma vez para sempre, não são melhores nem piores umas que as outras, não são mais ricas nem mais pobres. Pelo destino, valem-se e equivalem-se, e pela diferença, assumida e aprofundada, é que se justificam.”[14]

(Burghard Baltrusch)

Como citar este artigo:

Baltrusch, Burghard (2016). "A Jangada da Europa à Deriva –  Apontamentos sobre a Actualidade d’A Jangada de Pedra de José Saramago", in Publicações no site da I Cátedra Internacional José Saramago, (acesso ../../....).


Este texto é uma versão abreviada e ligeiramente modificada do artigo "NOS 30 ANOS D’A JANGADA DE PEDRA: JOSÉ SARAMAGO E A ATUALIDADE DO DISCURSO DA “TRANS-IBERICIDADE”, publicado em Fênix - Revista de História e Estudos Culturais (n.º 2, 2016).

[1]Saramago (1999). Discursos de Estocolmo. Lisboa: Caminho. 
[2]Saramago (1988). “O (meu) Iberismo”, Jornal de Letras, Artes e Ideias 330, 31.10., p. 32. 
[3]Saramago (1999), Discursos de Estocolmo. Lisboa: Caminho. 
[4]Saramago [1986] (2016). “Meditação sobre uma Jangada”, Blimunda 55, p. 105, reed. em port. de uma entrevista dada à Libération em 1986. 
[5]Ibid., p. 100. 
[6]Saramago (1986). “A Península Ibérica nunca esteve ligada à Europa” [entrevista a Inês Pedrosa], Jornal de Letras, Artes e Ideias, 10.11., p. 24. 
[7]Saramago (1989). “Acerca do (meu) Iberismo”, Encontros: Revista Hispano Portuguesa de Investigadores en Ciencias Humanas y Sociales 1, p. 31. 
[8]Saramago [1986] (2016). “Meditação sobre uma Jangada”, Blimunda 55, p. 101. 
[9]Ibid., p. 102-103. 
[10]Público do 26.10.2016, <https://www.publico.pt/2016/10/26/economia/noticia/schauble-diz-que-portugal-estava-a-ser-bem-sucedido-ate-entrar-um-novo-governo-1748949>, acess 20/01/2017. 
[11]Saramago [1986] (2016). “Meditação sobre uma Jangada”, Blimunda 55, p. 101. 
[12]Ibid., p. 99. 
[13]Ibid., p. 102. 
[14]Ibid., p. 103. 

"José Saramago – O homem dividido" na "Up Magazine TAP Portugal" de Ana Sousa Dias (01/12/2009)

"José Saramago – O homem dividido"
O trabalho de Ana Sousa Dias para a "Up Magazine TAP Portugal" (01/12/2009), pode ser consultado e recuperado aqui
em http://upmagazine-tap.com/pt_artigos/jose-saramago-o-homem-dividido/

 Fotografia constante na presente crónica

"Sempre se regressa, diz José Saramago nesta conversa com viagens em fundo. Quem fala, tem dois sítios e não sabe qual deles é o “mais sítio”. Lisboa, a cidade onde se fez homem e escritor, ou Lanzarote, a ilha escolhida para viver."

"Três memórias sobressaem na caminhada “viageira” do escritor português nascido na Azinhaga, perto da Golegã, a 16 de Novembro de 1922. O comboio das 5 e 55, que apanhava na estação do Rossio até Mato Miranda, para as férias em casa da avó Josefa. A escada, nem sequer escadaria, da Biblioteca Laurenziana, em Florença. E a inesperada subida ao topo da Montanha Branca, num dia de 1993.

A própria ideia de turismo aborrece o escritor que, depois do Prémio Nobel da Literatura (1998), viaja sucessivamente, em visitas de toca-e-foge. Entre Viagem a Portugal e A Viagem do Elefante, o autor deu voltas à língua e às verdades feitas, como quem desmancha um brinquedo e o remonta com outra lógica. Caim, o seu mais recente livro, aí está para incomodar as mentes resignadas. E os dedos de José continuam a teclar o computador para mais um livro, para mais crónicas do observador do mundo.Velhinho, o cão Camões aconchega-se no soalho. A casa de Lanzarote está sossegada, com Pilar del Rio, a mulher de Saramago, trabalhando e sempre atenta.

Começamos por falar do livro Viagem a Portugal (1985), “uma viagem que eu nunca imaginei que um dia faria”. Foi convidado a fazê-la pelo amigo Manuel Dias Carvalho, então editor do Círculo de Leitores. Logo no título há uma intenção, e a ideia foi Saramago buscá-la ao livro do espanhol Camilo José Cela, Viaje a la Alcarria. E para dar razão ao “a” em vez do “em”, o escritor demorou-se uns dias na Galiza e entrou em Portugal por Miranda do Douro. Foi fazendo outras excursões. Percorria uma região e regressava a Lisboa com muitas fotografias e cadernos decapa preta cobertos de notas. Depois de tudo junto e arrumado e escrito tornou-se o livro que levou muita gente a querer descobrir o país.

Passados mais de 20 anos, o que pensa o autor deste trabalho? “Não que tenha sido o livro mais importante que escrevi, mas é daqueles que eu estimo mais. Tudo isto é um pouco contraditório, porque sempre fui uma pessoa muito sedentária, tirando a vida no campo, em que fazia longuíssimas excursões por aqueles rios. Mas gosto do livro. É o livro de uma pessoa que não se importa de ser surpreendida com a sua própria ignorância. Escrevi sobre aquilo que vi, experimentei, senti.” Essa Viagem a Portugal é para o Nobel português como uma “irmã gémea” de O Memorial do Convento, seu primeiro grande sucesso editorial: “São escritas distintas, evidentemente, uma de relato e outra de ficção, mas há um gosto quase físico pelo uso da palavra, por procurar o sítio onde a vais pôr. E é um livro longo, longo, longo. Quando cheguei ao final fiquei surpreendido. Tenho coisas que ainda hoje leio e continuo a gostar muito”."

Baptismo de voo

"Por se reconhecer sedentário, o escritor confessa que só tirou passaporte em 1969, “inevitavelmente, para ir a Paris”. Foi a primeira vez que andou de avião, e também a primeira que passou a fronteira – “nem a Badajoz tinha ido”.

“Podia pensar que seria interessante, que valeria a pena, mas com que dinheiro podia fazer essa viagem? Tendo levado quase uma vida neste rame-rame do quotidiano, do trabalho, realmente não senti essa espécie de brotoeja que convida à viagem, ou que empurra à viagem. Há pessoas assim, eu não sou uma delas.”

Essa primeira viagem a Paris, como outras que se lhe seguiram, teve no escultor Lagoa Henriques um guia experiente e sabedor: “O que eu conheço da Europa devo-o a esses anos. Porque depois, embora tivesse regressado a alguns desses lugares, o tempo para mim era uma coisa muito semelhante ao de um jogador de futebol: viagem, hotel, estádio, hotel, viagem”.

Percorreu o mundo principalmente depois da viagem especial que fez à Suécia, em 1998, para receber o Prémio Nobel da Literatura. Tem pena de nunca ter ido ao Japão.

Ainda assim, sem vontade de viajante, Saramago tem boas memórias guardadas. Por exemplo, a subida a Machu Picchu, “uma das emoções, não sei se estéticas se outra coisa, da minha vida”. Ou ainda: “Na Viagem a Portugal, em Trás-os-Montes, ter passado uma pequena ponte de uma margem para a outra, e depois olhar para o outro lado. Não parece nada de extraordinário, mas a atmosfera, as plantas, o luar, as nuvens, o rio, aquilo de repente foi um choque”. E por falar em choque: “Choque, mas choque, aconteceu-me em Florença. É uma cidade inesgotável, nunca se acaba de ver Florença. Eu estava só e lembro-me de um sítio onde há um desses mercados de rua e uma igreja que nem acabada está. Como sabia que havia ali a biblioteca Laurenziana, do Lorenzo de Medici, fui lá. Nunca me aconteceu nada assim”.

E o que é que aconteceu? “O acesso à biblioteca, riquíssima, faz-se por um pequeno espaço que não tem nada de especial a não ser uma escada. O que conta é a escada. Nem sequer foi esculpida por Miguel Ângelo porque aquilo é trabalho de canteiro. Mas ele desenhou-a. Quando me enfrentei com ela – nunca me tinha acontecido tal coisa – tremi da cabeça aos pés. Vi muita coisa, os Uffizi, o [Palácio] Pitti, o Louvre, o Jeu de Paume, e creio que vi muito. Anos depois voltei lá e o milagre já não aconteceu, mas a grande emoção estética da minha vida não é um quadro do Rembrandt, do Van Gogh, ou do Velásquez, foi uma escada. Talvez não fosse o supra-sumo da escada mas era e é para mim o supra-sumo da arte.”

"José Saramago cerimónia Prémio Nobel/ Nobel Prize ceremony"

Viagens interiores

"Desçamos agora da escada de Florença para reencontrar o homem que insiste em nunca ter tido “o prazer da viagem”. E no entanto, vai buscá-lo a um passado bem antigo: “Sou incapaz de mostrar que estou contente, com esta cara que Deus me deu. A emoção da viagem, senti-a quando era garoto e apanhava, na estação do Rossio, normalmente sozinho, o comboio que me levava para férias à estação de Mato Miranda, onde estava ou a minha tia Levira, ou quase sempre a minha avó Josefa esperando-me. Isso sim, aquele comboio lento que nunca mais chegava, troca-troca, troca-troca, troca-troca. A expectativa, a noite que se mal dorme porque há uma excitação. E embora aquilo já não tivesse segredos para mim, vivia-o de cada vez com a emoção de quem sabia o que o esperava – chegar à Azinhaga, entrar na casa dos meus avós com o seu chão de barro e tirar os sapatos, que era a primeira coisa que eu fazia. Só voltava a calçá-los quando regressava, já com o pé um pouco maior. Isso sim. O sentido da  viagem, ir andando e descobrindo, só o tive na Azinhaga”.

Em Novembro de 2008, Saramago emergiu de um longo período de doença com um livro surpreendente: A Viagem do Elefante. Novamente a viagem no título, desta vez para conduzir à Áustria o elefante Salomão, um presente do rei português D. João III para o primo da mulher, Dona Catarina. Haverá nesta caminhada sinais da viagem a Portugal dos anos 80?

“A parte portuguesa de A Viagem do Elefante é pura invenção. Estamos no século XVI. Então invento essa viagem sem nomear lugares, salvo Castelo Rodrigo, lá em cima. A Viagem do Elefante é um produto da imaginação, só da imaginação. De elefantes eu não sei nada e duvido mesmo que se possa saber qualquer coisa de jeito. É um animal simpático e portanto tratava-se de levá-lo, pô-lo nas mãos do arquiduque da Áustria, e fazer-se aquela viagem enorme até à Catalunha, e continuar a inventar tudo, porque eu nunca estive nos Alpes. Posso dar uma falsa ideia de grande viajante, mas sinceramente não sou.”

Regressar é preciso

Sabemos que a caminhada europeia do elefante Salomão não teve regresso, mas Saramago sabe que “sempre se regressa”, ele que tem dois portos de chegada: “Tenho dois sítios e é difícil dizer qual é o sítio mais sítio. Vim para Lanzarote com a Pilar em 1993, cheguei aqui com 70 anos, a enraizar-me. Não conhecia ninguém e depois isto foi crescendo de uma maneira que eu não podia sonhar”.

“Essa é outra viagem, a viagem das pessoas e das coisas no tempo. Fizemos esta casa, fizemos outra em Lisboa. Nunca tive casas, nunca tive bens de raiz, e agora tenho tudo, a começar por uma mulher extraordinária que foi a grande sorte da minha vida. E não é pela comodidade da pessoa que envelhece e que tem a seu lado alguém a quem quer, a quem ama e que sabe que é amado e querido por essa pessoa. Não é isso. Escrevi nos Cadernos de Lanzarote que se tivesse morrido com 63 anos, antes de conhecê-la, teria morrido muito mais velho do que sou agora, porque ela veio trazer-me nem sei dizer o quê, a felicidade, sim, mas a felicidade é uma palavra curta, veio trazer outra coisa, um sentido de vida novo. Mesmo assim isso não diz tudo.”

Foi logo no ano de 1993 – e “O ano de 1993” é o título de um livro de poemas que José publicou em 1975 – que Saramago chegou ao cimo da Montanha Branca, vizinha da casa onde vive com Pilar, em Tías, na ilha atlântica de Lanzarote: “Subi a Montanha Branca com 70 anos. Foi uma grande viagem e nem sequer premeditada. Saí de casa para dar um passeio e fui casualmente naquela direcção, não levava nenhuma intenção, e quando cheguei ao sopé da montanha olhei lá para cima e disse para comigo, vou subir um bocado. Comecei a subir, a subir, a subir… A montanha é uma colina, está a 600 metros do nível do mar, portanto ainda são 300 metros de um terreno resvaladiço, dava três passos em frente e recuava dois… enfim, cheguei lá acima”.

Por que foi uma emoção tão grande chegar ao topo? “Foi ver a ilha toda. Vê-se tudo, desde o vulcão no norte, que se chama La Corona, até à Playa Blanca, La Geria, o Parque Nacional de Tymanfaya, com os vulcões. Que coisa, que coisa! Chegar lá acima e ver aquele deslumbramento, com o mar de um lado e o mar do outro, costa e contracosta.”
E de todas as viagens pelo mundo, havia algum sítio onde pudesse ter ficado?

“Não, não. Como diziam os ingleses, a minha casa é o meu castelo. E a sensação de voltarmos a casa é única, seja esta, seja a casa de Lisboa. É aí que eu quero estar, com as minhas coisas, os meus objectos, os meus quadros, a minha música, as bugigangas que só têm importância e valor para mim.”

Por Ana Sousa Dias

"O LUGAR DOS LIVROS
A Biblioteca José Saramago em Lanzarote contém a maior parte dos volumes que José e Pilar foram juntando ao longo das suas vidas. As mãos mais curiosas podem espreitar dedicatórias bem pessoais em muitas primeiras páginas. Catalogados pela Universidade de Granada, os volumes estão arrumados por géneros, temas e nacionalidades. Uma estante ocupa com orgulho a parede: ali só estão livros escritos por mulheres. Este poiso de Lanzarote é temporário, uma vez que a biblioteca definitiva ficará instalada em Lisboa, na Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago. —

PARA O BEM E PARA O MAL
Caim é o título mais recente de Saramago, que publicou romances, contos, poesia, crónicas, ensaios, conferências, teatro, diários e memórias. Já tinha feito uma incursão nos textos bíblicos, ao publicar, em 1991, o Evangelho Segundo Jesus Cristo, e questiona agora o deus do Antigo Testamento, num texto onde a ironia faz sobressair uma dura reflexão. O castigo divino faz de Caim um errante e Saramago vai conduzi-lo pelos episódios bíblicos como um homem imperfeito e observador, capaz de intervir no momento decisivo. Polémico, como muitos outros livros de Saramago, Caim incendiou a opinião pública da intelligentsia nacional."

Primeiro voo do avião José Saramago – TAP

A TAP Portugal baptizou em 24 Junho 2014 um Airbus A320 (matrícula CS-TNW) com o nome de José Saramago.
O seu primeiro voo teve como destino a cidade de Milão, partindo do aeroporto de Lisboa.
Fonte página da Fundação José Saramago

sábado, 23 de dezembro de 2017

"Las bombas pacíficas de José Saramago" crónica sobre a obra inacabada "Alabardas" publicada no "La Verdad" (Murcia Espanha - 30/09/2014)

"Las bombas pacíficas de José Saramago
La novela inconclusa del Nobel luso aborda la industria y el tráfico de armas"

A presente crónica publicada no "La Verdad" (Murcia Espanha - 30/09/2014) pode ser consultada e recuperada aqui 
em http://www.laverdad.es/alicante/culturas/libros/201409/30/bombas-pacificas-jose-saramago-20140930015820-v.html



«Esta bomba no explotará». Este sucinto mensaje en portugués apareció escrito en un papel en el interior de una bomba lanzada contra tropas del Frente Popular en Extremadura, durante la 'incivil' guerra española. Desde que el escritor José Saramago tuvo noticia de esta leyenda de un fabricante de bombas tan bondadoso como para sabotear sus mortíferas manufacturas, comenzó a latir en su mente una historia que maduró durante años y que solo la muerte le impediría concluir. Se titula 'Alabardas', llega inconclusa al lector mañana miércoles y es una reflexión sobre la industria y el tráfico de armas que Alfaguara publica cuatro años después de la muerte del Premio Nobel de Literatura portugués.

«Con 'Alabardas' acaba la obra del hombre que no quiso morir sin haberlo dicho todo», apunta Pilar del Río, viuda del escritor, su albacea literaria y responsable de la Fundación Saramago en Lisboa. Asegura la periodista española que no es «una novela sobre la guerra» y sí «un canto al activismo de quienes quieren cambiar lo establecido, lo que se asume como inevitable».

Ilustrada con estremecedores grabados alusivos a los horrores bélicos de otro premio Nobel, el alemán Günter Grass, el relato inacabado de Saramago se completa con textos del italiano Roberto Saviano, autor de 'Gomorra', y del poeta y ensayista Fernando Gómez Aguilera.

'Alabardas' narra la historia de Artur Paz Semedo, un gris trabajador de una fábrica de armamento ligero y municiones fascinado por las piezas de artillería. Felicia, la mujer que fue su esposa y lo abandonó, de fuerte carácter, inteligente y pacifista militante, le incitará a emprender una investigación en su propia empresa.


Tres capítulos

José Saramago, que se preguntó siempre por qué jamás hay huelgas en la industria armamentística, dejó escritos apenas tres capítulos de lo que se ha convertido en su novela póstuma. Esbozó el nudo argumental, perfiló a los dos protagonistas y planteó nuevas preguntas en su permanente y comprometida vocación de agitar conciencias. Era muy consciente de que sería su última ficción, de que la enfermedad que le alejó del ordenador durante ocho meses tras iniciarla le impediría culminar este desafío narrativo. «A este paso tal vez haya libro en 2020», ironizó en su cuaderno en diciembre de 2009, sabedor de que la implacable cuenta atrás estaba en marcha. «Corregí los tres primeros capítulos (es increíble cómo lo que parecía bien lo ha dejado de ser) y aquí hago promesa de trabajar en el nuevo libro con mayor asiduidad. Saldrá al público el próximo año si la vida no me falta», había escrito en el mismo cuaderno en octubre. Llego a anticipar la frase final, «un sonoro 'Vete a a la mierda'» proferido por la mujer de Artur Paz y que para Saramago era «un remate ejemplar».

La evolución del pensamiento del protagonista sirve para reflexionar sobre el lado más sucio de la política internacional, un mundo de intereses ocultos que subyace en la mayor parte de los conflictos bélicos del siglo XX. Abunda en el debate sobre la carrera armamentística y sus fatales consecuencias en un mundo incendiado de nuevo por confrontaciones bélicas un siglo después de la Primera Guerra Mundial.

También sirve de inspiración para que Fernando Gómez Aguilera y Roberto Saviano den continuidad a estas páginas y ofrezcan su particular visión sobre las cuestiones que se plantean en la fábula que el laureado escritor portugués quiso titular 'Alabardadas, alabardas. Espingardas, espingardas', frase de una tragicomedia de Gil Vicente, 'Exortaçao de guerra', escrita hace cinco siglos.

Para Roberto Saviano, estas páginas póstumas de Saramago son «una orquesta de revelaciones» y «un manual de traducción de sonidos, percepciones e indignaciones». De «un Saramago en estado puro hasta la última de sus letras» habla Fernando López Aguilera. Elogia unas palabras «que no pudieron ser escritas en el lugar al que la voluntad las había destinado, pero que aún hoy resuenan desde la libertad de su poderosa conciencia incómoda, irremplazable».

José Saramago (Azinhaga 1922- Lanzarote 2010) fue uno de los escritores portugueses más conocidos y universalmente apreciados en la segunda mitad del siglo XX. La academia sueca le concedió el Nobel de Literatura en 1998 por un carrera que comenzó muy tarde y en la que figuran títulos tan esenciales como 'El año de la muerte de Ricardo Reis', 'El evangelio según Jesucristo', 'Memorial del convento', 'La balsa de piedra', 'Ensayo sobre la ceguera', 'Claraboya' o 'Caín', la última novela que Saramago vería publicada en vida y que establece un fuerte nexo con 'Alabardas'.


"José Saramago Nas suas palavras" edição de Fernando Gómez Aguilera

Além de escrever, e de fazê-lo da melhor forma que puder, [o escritor] não deve jamais esquecer que, além de escritor, ele é um cidadão; e, em sua atuação como cidadão, não deve esquecer que é um escritor. Não consigo entender o que leva um escritor a achar que seu compromisso pessoal se restringe exclusivamente à literatura e à sua obra. É o retorno ao egoísmo e à presunçosa torre de marfim. Talvez seja esse o maior dos erros dos últimos vinte anos, embora, por sorte, esses exercícios de autocomplacência estejam desaparecendo a partir da guerra da ex-Jugoslávia. O escritor não é um guia ou um político, e não pode viver, de forma esquizofrenica, separado do cidadão.

“José Saramago: ‘El mundo se está quedando ciego’”
"La Verdad", Murcia (15 de março de 1994) Entrevista a Gontzal Díez

Recuperação da entrevista de Judite de Sousa (RTP2) a José Saramago (Dez./98)

José Saramago, Prémio Nobel da Literatura 
(Entrevista de Judite de Sousa, RTP2, Dezembro 1998)

Via YouTube, pode ser assistido e recuperado aqui

"Reading Saramago in Portugal" de Prathap Nair, publicado no "The Hindu" (13/12/2017)

A crónica "Reading Saramago in Portugal" de Prathap Nair foi publicada na edição online do jornal "The Hindu" em 13/12/2017 e pode ser recuperada e consultada aqui 
em, http://www.thehindu.com/life-and-style/travel/literature-is-a-great-way-of-getting-to-know-a-city-and-discovering-new-places/article21576918.ece

"On a blindingly sunny morning in Lisbon. I walked into the memorial house of Portugal’s Nobel Prize-winning writer Jose Saramago. Though I have only heard about and never read Saramago’s widely acclaimed works, I always try to familiarise myself with the works of authors of the country I travel to.

Besides, Saramago is unmissable presence in the last surviving book stores across Lisbon that prominently display the English translation of his books. (One is a fascinating retelling of Jesus’ life called The Gospel According to Jesus Christ.) Inside the memorial, at the book store, it didn’t take me long to finalise what I’d buy — his tome of travels across Portugal called Journey to Portugal.

Sometimes these purchases are not more than just a cliché, but it’s an affordable work of art that lets me in on the secrets of a city or country. I have bought Armistead Maupin’s Tales of the City in San Francisco. At the pulsating heart of Kathmandu’s Durbar Square, Nepal, I bought a book about Nepal’s child goddesses called The Living Goddess. Clichés, didn’t I tell you?

In Mongolia, due to the lack of availability of English translations, I bought American journalist Michael Kohn’s account of living in the country called Dateline Mongolia, and devoured it inside the confines of a grubby Soviet-era train compartment, as the train chugged along, across the country.

Places and people

One also wants to be let in on the spaces and people once populated by the writer’s imagination. The fascination to travel into the writer’s mind has also taken me to unknown places close to home and far, far away. Sometimes, one looks for surviving hints of the writer’s imagination as fictional spaces in the novel seamlessly transcend into tangible reality. I went looking for Orwell’s ghost in northern Myanmar’s Katha that opened for tourism barely two years ago and found a village that has perhaps changed little since Orwell’s time. Closer home, I made a pilgrimage through the imagined spaces of OV Vijayan’s The Legends of Khasak (Khasakkinte Itihasam in Malayalam), set in the village of Thasarak near Palakkad. Among the rain-soaked paddy fields was the granary where Vijayan’s protagonist Ravi lived and taught in the nearby school, the classroom of which overlooked a pond rich with water birds and pink lotuses. Try as I might, I couldn’t imagine another fulfilling travel experience.

At the same time, the horrors of mass tourism that the popularity of a book or a movie can bring along can be hard to mend. An Italian I met in Lisbon told me she hailed from Cinque Terre— a cluster of five villages along the Italian coastline. It has been romanticised in the collective imagination of readers across the world because it is the setting of a richly imagined romance between an unassuming local and a Hollywood movie star. “Oh my god, that book has brought so many Americans to my town,” she squealed, shaking her head not entirely in delight when I told her I wanted to visit.

Flipping through the initial few pages of Saramago’s book, I stumble upon a passage and take a moment to let the meaning of it all sink in. “…the traveller continues sharpening his powers of observation so that nothing may get lost and everything prove to be of benefit…” Come to think of it, most of us (me included) are doing that now on Instagram."

Um conto de Natal de José Saramago - "História de um muro branco e de uma neve preta"

Um conto de Natal de José Saramago 
"História de um muro branco e de uma neve preta"

"Não haveria nada mais fácil no mundo das histórias que escrever um conto de Natal com Menino Jesus ou sem ele, se não fosse dar-se o caso de que uma criança que nasce está sempre nascendo. O nosso grande erro, esquecidos como em geral andamos das infâncias que vivemos, foi pensar que as crianças nascem uma única vez e que depois de nascidas se limitam a ficar à espera de que o tempo passe e as transforme em adultos, os quais, como deveríamos saber, constituem uma espécie diferente de seres humanos. A criança começa por nascer uma vez, que é a de vir ao mundo, e depois continua a nascer para compreendê-lo: não tem outro remédio nem há outra maneira. Como se verá pelas duas breves histórias que se seguem, ambas autênticas, ambas verdadeiras. 

A terra, àquela hora, cobria-se de uma noite tão escura que parecia impossível que dela pudesse nascer o Sol. Não tem chovido, as tempestades andam por longe, o rio descansa da sua primeira cheia de Inverno, os charcos são de mercúrio. O ar está frio, parado, e estala quando respiramos, como se nele se suspendesse uma ténue rede de cristais de gelo. Há uma casa e luz lá dentro. E gente: a Família. Na lareira ardem grossos troncos de lenha de donde se desprendem, lentas, as brasas. Quando à fogueira se lhes juntam gravetos, ramos secos, um punhado de palha, a labareda cresce, divide-se em trémulas línguas, sobe pela chaminé encarvoada de fuligem, ilumina os rostos da família e logo volta a quebrar-se. Ouve-se o ferver das panelas, o frigir do azeite onde bóiam as formas redondas das filhós, entre o fumo espesso e gorduroso que vai entranhar-se nas traves baixas do telhado e nas roupas húmidas. São talvez nove horas, a modesta mesa está posta, o momento é de paz e de conciliação, e a Família anda pela casa, confusamente ocupada em pequenos trabalhos, como um formigueiro.

Não tarda que saiam todos para o quintal. Vai ser lançado ao ar o foguete de três respostas, esse que, cumprindo a tradição, anunciará aos vizinhos que naquela casa já a última filhó saiu do tacho, a escorrer, e foi cair no alguidar profundo onde aguardará o retoque final da canela e da calda de açúcar. Entre portas, a Criança vê a Família a sorrir fazendo e desfazendo grupos em torno do avô, que sopra um tição trazido da lareira e o aproxima do cartucho de pólvora amarrado ao caniço. Tinha pedido que o deixassem ajudar, mas responderam-lhe como das outras vezes: “Ainda és muito pequeno, para o ano que vem”. A Família tem razão: é preciso ter cuidado com as crianças.

A pólvora inflama-se bruscamente, lança um jacto de fagulhas vivíssimas, silva como uma serpente, e logo é um dragão rugindo que sobe para o ar gelado, corta-o como uma espada de fogo, e lá muito no alto, quase tocando as primeiras estrelas, estala, estraleja, cobrindo os ecos de outro foguete distante. O caniço desce com uma luz mortiça que desmaia, e vai cair longe, nos olivais que rodeiam a casa, sobre as ervas cobertas de geada. Com este tempo não há perigo de que pegue fogo às árvores. De súbito, a Família diz que está frio e volta para casa, levando entre os braços, entre os anéis, entre os tentáculos, a Criança a quem não deixaram ajudar a lançar o foguete. Tinham deixado a porta aberta, o interior da cozinha arrefecera. A Avó acode a espalhar na fogueira uma mão-cheia de aparas, desgalha um ramo seco de oliveira, parte-o com as mãos calejadas, mas é com suavidade que depois chega os troços à chama, como se estivesse a alimentá-la. O lume hesita, escolhe o lado mais acessível da lenha, e depois, indiferente, alheado, a pensar noutra coisa, recomeça o seu eterno ofício de fabricante de cinzas.

A Família gira em redor da mesa, arruma-se nas poucas cadeiras que há, trazidas algumas de outras casas, uns quantos escabelos pouco firmes, um caixote velho posto em pé. Os rostos estão sorridentes e corados, e têm nomes e apelidos, mas, para a Criança, são, antes de tudo, os Pais, os Avós, os Tios, os Primos, um enorme e complicado corpo de animal que lhe lembra a história da Bicha-de-Sete-Cabeças ou o Dragão-Que-Não-Dorme. Sobre a mesa trava-se uma gesticulação ruidosa de facas e garfos, de mãos, de dentes, uma contínua mastigação que deforma os rostos e engordura as bocas. Contam-se casos, anedotas, todos riem. O frio está lá fora, e a geada, e a noite impenetrável. A Criança anima-se, já esqueceu a decepção, para o ano talvez a deixem lançar o foguete sozinha. Também tem uma história para contar, só está à espera duma pausa, dum momento mágico em que todos se calem, acaso emudecidos por um anjo que passou deixando apenas a imagem de um dedo imperioso sobre os lábios cerrados. O momento está a chegar por fim, uma a uma calam-se as bocas da Família, é agora ou nunca, a Criança inspira fundo, rompe o silêncio, começa a falar. A Família olha surpreendida, dá alguma atenção, mas não muita nem por muito tempo, não dura, não pode durar, as vozes regressam do silêncio, e é o Pai que lhe corta a narrativa com uma frase que faz rir toda a gente. Uma frase que vai fazer chorar a Criança. Porque o Menino, a Criança é um menino, levanta-se da mesa, abre a porta, separa-se da Família e desce os três degraus de pedra que conduzem ao mundo. Ali adiante há um muro caiado, baixo, com uma varanda dando para terras ignotas. A Criança vai debruçar-se sobre o muro, deixa cair a cabeça sobre os braços cruzados, e o terrível nó das lágrimas desata-se dentro de si. Da casa vêm risos e vozes, alguém fala muito alto, e depois ressoam gargalhadas. Ninguém está pensando na Criança.

Faz muito frio. Visto daqui, o céu parece estar feito de veludo negro. E há as estrelas. Duras, nítidas, implacáveis, quase ferozes. A Criança levanta os olhos. Lá estão elas a brilhar. Olhadas através das lágrimas, as estrelas são diferentes. Mundo estranho, estranho mundo, este. Sob os passos da criança, o chão duro e gelado range, E, em frente, as árvores negras, misteriosas, onde à noite os grandes medos se vão esconder, tomam o ar confidencial de quem conhece todos os segredos futuros, a hora e o lugar onde acontecerá o terceiro nascimento e o quarto, e o quinto, todos os aqueles que ainda esperam a esta Criança, até mesmo quando de havê-lo sido já não lhe restar memória.

As Crianças estão sempre a nascer. Às vezes nascem de explosivas alegrias, de achados incríveis, de deslumbramentos únicos, mas o mais frequente, uma vez após outra, é nascerem de cada tristeza sofrida em silêncio, de cada desgosto padecido, de cada frustração imerecida. Há que ter muito cuidado com as Crianças, nunca me cansarei de o dizer. Um dia uma Professora teve uma ideia de Professora e mandou os seus alunos que fizessem uma composição plástica sobre o Natal. Claro está que não empregou esta linguagem, o que disse foi: “Façam um desenho sobre o Natal. Usem lápis de cores, ou aguarelas, ou papel de lustro, o que quiserem. E tragam na segunda-feira”. Uns com lápis, outros com aguarelas, outros com papel recortado, alguns pintando com os dedos, todos cumpriram o melhor que puderam. Apareceu tudo quanto é costume nestes casos: o presépio, os reis magos, os pastores, São José, a Virgem e, inevitavelmente, o Menino Jesus. Bem feitos uns, mal feitos outros, toscos ou esmerados, os desenhos caíram na segunda-feira em cima da secretária da Professora. Ali mesmo ela os viu e lhes pôs nota. Ia marcando “bom”, “mau”, “suficiente”, como se com esses juízos os marcasse para a eternidade. De repente. Ah, quantas vezes ainda teremos de dizer que é preciso muito cuidado com as crianças! A Professora segura um desenho nas mãos, um desenho que não é melhor nem pior que os outros. Mas ela tem os olhos fixos, está confusa, perturbada: o desenho mostra a invariável manjedoura, a vaca e o burrinho, e toda a restante figuração. Sobre esta cena já sem mistério cai a neve, e esta neve é preta. Porquê?
“Porquê?”, perguntou
a a Professora à Menina que fez o desenho. A Menina não responde. Talvez mais nervosa do que quereria mostrar, a Professora insiste. Há na sala os risos cruéis e os murmúrios de troça que sempre aparecem em ocasiões destas. A Menina está de pé, muito séria, um pouco trémula. E responde, por fim: “Pintei a neve preta porque foi nesse Natal que a minha mãe morreu”. Fez-se silêncio e a Professora pensou, assim o veio a contar mais tarde: “À Lua já chegámos, mas quando e como conseguiremos chegar ao espírito duma criança que pintou a neve preta porque a mãe lhe morreu?”.

Muitos anos depois destas histórias terem acontecido, contei-as a uma outra Menina, que me perguntou: “E eles ainda estão tristes?”. Nessa altura disse-lhe que sim, que há tristezas que o tempo não consegue apagar, mas hoje conforta-me a ideia de que talvez o Menino do Muro Branco e a Menina da Neve Negra se tenham encontrado na vida, e que talvez por causa deles o mundo já esteja a mudar sem que nós tenhamos dado por isso."

Observação
"Este conto (se o é) tem a sua origem em duas crónicas, “Um Natal Há Cem Anos” e “A Neve Preta”, publicadas no jornal A Capital no final dos anos 60 e que hoje podem ser lidas mais comodamente no volume Deste Mundo e do Outro. A junção delas (que de certa maneira é também fusão) aconteceu em 1995 e teve como destino uma revista espanhola entretanto desaparecida. Relidas hoje, novamente refeitas, estas velhas crónicas perguntam se o muro branco ainda lá está e se ainda há quem tenha de continuar a pintar a neve com tinta preta. Por mim, acho que sim. Quem dera que sejam muitos os que tenham razões para pensar que não.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

"José Saramago Nas suas palavras" edição de Fernando Gómez Aguilera

"A morte é uma coisa lixada […] não só porque nos retira da vida, ou nos empurra brutalmente para fora da vida, que é o mais correto, mas também porque tem muitíssimas vezes outra consequência: uma outra espécie de morte que se chama esquecimento."

"Ninguém empurra a morte, ela está sempre ao lado… Está tão ao lado que não é raro que se lhe toque. E quando se toca, já se sabe, a parte mais fraca é aquela que perde…"
João Céu e Silva, Uma longa viagem com José Saramago, Porto Editora, 2009



Aquisição da edição #4 da revista "Calibán" (2001 - Brasil)


Cláudio Aguiar entrevista José Saramago


Fica o testemunho dos principais assuntos, desta espécie de entrevista a que oportunamente voltarei!

"Imaginação e Estética
Como repensar o passado
Os destinatários da obra literária
As influências herdades
Os anos perdidos
A farsa absurda da desordem
Primeiro viver, depois escrever?"


terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Congresso Internacional “José Saramago: Vinte Anos com o Prémio Nobel” do Professor Carlos Reis (10/12/2017)

Congresso Internacional “José Saramago: Vinte Anos com o Prémio Nobel”
Cumprem-se a 10 de dezembro de 2018 vinte anos sobre a entrega do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, o único escritor de língua portuguesa a quem, até agora, foi concedido o mais prestigiado de todos os galardões literários. Conforme na altura declarou o secretário da Academia Sueca, o Prémio Nobel assinalou, em José Saramago, a “capacidade de tornar compreensível uma realidade fugidia com parábolas sustentadas pela imaginação, pela compaixão e pela ironia”. A 10 de dezembro de 1998, José Saramago recebia em Estocolmo o Prémio Nobel da Literatura.
Por ocasião das efemérides em causa, terão lugar diversas iniciativas que constituirão também uma oportunidade privilegiada para se reler e estudar a obra saramaguiana, bem como a trajetória cívica e cultural que o seu autor protagonizou, na segunda metade do século XX e nos primeiros anos do século XXI. Reconhecida tanto em Portugal como no estrangeiro, a relevância daquela obra está atestada em dezenas de traduções e em incontáveis estudos, de diferente dimensão e propósito. 
Entende-se, por isso, ser pertinente organizar uma reunião científica com a projeção que as circunstâncias justificam. Assim, terá lugar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – uma das muitas universidades que concederam ao escritor o doutoramento honoris causa – o congresso internacional “José Saramago: Vinte Anos com o Prémio Nobel”, a realizar em data a fixar, no período que vai de 8 de outubro a 10 de dezembro de 2018. Nesse congresso e conforme será pormenorizado no respetivo anúncio programático, serão abordadas diversas facetas da obra de José Saramago, em vários géneros literários, bem como em atividades correlatas (por exemplo, a de jornalista), com inquestionável projeção no universo da língua e da literatura portuguesas. 
O congresso internacional “José Saramago: Vinte Anos com o Prémio Nobel” terá organização científica do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, incluirá diversas atividades paralelas e contará com o apoio institucional da Universidade de Coimbra, da Faculdade de Letras de Coimbra e da Fundação José Saramago.
(Por favor, partilhe)
Mensagem do Professor Carlos Reis, partilhada via Facebook em 10/12/2017

Outros trabalhos em publicação, aqui

Mais recente trabalho, livro de apoio à leitura da obra "O Ano da Morte de Ricardo Reis"

Capa da edição original (1998) realizado em 1997 na ilha de Lanzarote 


Momento de apresentação da nova edição (2015)

Apresentação da obra do Prof. Carlos Reis "Diálogos com José Saramago" (17/04/2015)

Citador #37 ... da estrutura e coerência do romance, 
em "Diálogos com José Saramago" de Carlos Reis (19/04/2015)

"Diálogos com José Saramago" - Estrutura e capítulos da obra do Prof. Carlos Reis

Outros destaques e apontamentos sobre a intervenção do Professor Carlos



Apresentação pública da "Rota do Memorial do Convento" (FJS - 11/12/2017)




Assinalamos a apresentação do projecto "Rota do Memorial do Convento" iniciativa cultural que pretende através da identificação de lugares e imagens recriadas por José Saramago na obra que dá suporte à iniciativa, promover não só a dinâmica e vida literária do Memorial - já com 35 anos da data da sua publicação -, como identificar o património histórico e arquitectónico que se estende aos três municípios aderentes à iniciativa - Lisboa, Loures e Mafra. 



Pilar del Río, presidenta da Fundação José Saramago na apresentação deste programa a desenvolver em 2018, recordava aquilo que considera o momento que permitiu a José Saramago abraçar este caminho de produção literária, a realização do livro "Viagem a Portugal" (1981). 
Aqui terá sido o momento impulsionador! 


Com a apresentação de mais dados e novidades sobre este circuito literário, iremos aqui dando mais informações e dicas de passagens referentes aos lugares identificados.