Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

31 de Dezembro de 1996 - "Cadernos de Lanzarote IV"

"Creio ter descoberto esta manhã o que a velhice é realmente. Estava meio acordado meio adormecido, como em Amherst, na manhã em que «vi» desfilar dentro da cabeça o essencial de Todos os Nomes, e repente compreendi que se entra na velhice quando se tem a impressão de ocupar cada vez menos lugar no mundo. (...) O ano entrou em Lanzerote com o acompanhamento bíblico de uma trovoada gigantesca que parecia querer deitar abaixo o céu e afogar a terra num dilúvio." (...)

#DiáriosDeSaramago
#ContinuarSaramago


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