Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 11 de janeiro de 2020

10 de Janeiro de 1997 - "Cadernos de Lanzarote V"

"Barcelona, Palácio Güell. Gravação da entrevista para o programa Negro sobre blanco, de Fernando Sanchéz Dragó. O tema foi o Ensaio sobre a Cegueira. Ajudaram generosamente à conversa Raúl Morodo, actual embaixador de Espanha em Lisboa, e Miguel Durán. A propósito, Miguel contou que, no tempo do franquismo, um notável do regime, cujo nome, se chegou a dizê-lo, me escapou, sugeriu ao governo a construção de uma cidade destinada exclusivamente para cegos." (...)

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