Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 18 de janeiro de 2020

12 a 17 de Janeiro de 1996 - "Cadernos de Lanzarote IV"

13 de Janeiro
"Em Lisboa, para votar. Encontro alguns amigos preocupados com o resultado das eleições de amanhã. Tudo aponta para um vitória folgada de Jorge Sampaio, mas eles duvidam, parece-lhes bom de mais para poder ser verdade. Apresento um argumento para o qual não há resposta: «É impossível que este país tenha como presidenta da República um homem chamado Aníbal Cavaco Silva. Não porque não fizesse sentido, mas porque o faria de mais...»" (...)

14 de Janeiro
"A minha tranquilidade tinha razão, Jorge Sampaio ganhou. À noite, de Lanzarote, telefona-me Pilar a dizer que El País se lembrou de pedir um artigo sobre as eleições." (...)

15 de Janeiro
"«A esquerda explicada». Assim chamei o artigo, interrompido não sei quantas vezes por chamadas de urgência. Não sei se os leitores vão realmente encontrar a esquerda explicada. Por mim, penso que esta será uma maneira tão boa como outra de dizer o que a esquerda é" (...)

16 de Janeiro
"Juan Goytisolo veio a Lanzarote para dar uma conferência. Com ele veio Monique Lange, sua amiga e companheira, mulher inteligente, de uma simplicidade rara, que em tempos foi secretária de Gaston Gallimard." (...)

#DiáriosDeSaramago
#ContinuarSaramago

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