... que através de parábolas sustentadas pela imaginação, compaixão e ironia, nos permite apreender continuamente uma realidade ilusória ...
(Anúncio e pequena interpretação da entrega do prémio Nobel, pela academia sueca)
(Anúncio e pequena interpretação da entrega do prémio Nobel, pela academia sueca)
Aqui o link, em http://www.youtube.com/watch?v=7_vKuX0_jk0
(...) «A metáfora é sempre a melhor forma de explicar as coisas». Saramago oferecia assim as chaves da atitude que orientava os seus propósitos: representar situações através de analogias para torná-las mais compreensíveis. A sua vocação ilustrada encontrava assim apoio numa linha de escrita alegórica que equipou romances de projecção simbólica, carregados de ideias e valores, capazes de perfilar conflitos capitais do nosso tempo até desenhar uma espécie de amplo friso civilizacional: a crise da razão (Ensaio sobre a Cegueira, 1995), a necessidade do outro (Todos os Nomes, 2001), as agressões do mercado (A Caverna, 2000), o problema da identidade (O Homem Duplicado, 2002), a deterioração da democracia (Ensaio sobre a Lucidez, 2004), e a morte e o amor redentor (As Intermitências da Morte, 2007). Levanta um universo literário sustentado por tramas que por norma se iniciam numa situação impossível, extravagante, uma anomalia desenvolvida convincentemente através de concatenações dedutivas e desdobramentos cartesianos, em contextos abstractos, despojados de precisões temporais e locais, recorrendo, para além disso, a um marcado esquematismo, estratégias que reforçam o sentido didáctico, o seu alcance de Parábola em que se fundem a metáfora e o ensino. (...)
Por Fernando Gómes Aguillera
em, "A Estátua e a Pedra"
Fundação José Saramago
Páginas 49 e 50
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