Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 31 de outubro de 2015

Exposição "90 Anos de Saramago" na BOO Biblioteca Operária Oeirense


A BOO está localizada na Rua Cândido dos Reis, 119 - Oeiras
Telefone 21.442.6691
(ponto de referência a Câmara Municipal de Oeiras)




"Ensaio sobre a Cegueira" o momento primeiro - "Cadernos de Lanzarote Diário I" (20/04/1993)

(Frame do filme, adaptado por Fernando Meirelles 
e baseado na obra de José Saramago)

"Esta manhã, quando acordei, veio-me à ideia o Ensaio sobre a Cegueira, e durante uns minutos tudo me pareceu claro — excepto que do tema possa vir a sair alguma vez um romance, no sentido mais ou menos consensual da palavra e do objecto. Por exemplo: como meter no relato personagens que durem o dilatadíssimo lapso de tempo narrativo de que vou necessitar? Quantos anos serão precisos para que se encontrem substituídas, por outras, todas as pessoas vivas num momento dado? Um século, digamos que um pouco mais, creio que será bastante. Mas, neste meu Ensaio, todos os videntes terão de ser substituídos por cegos, e estes, todos, outra vez, por videntes... As pessoas, todas elas, vão começar por nascer cegas, viverão e morrerão cegas, a seguir virão outras que serão sãs da vista e assim vão permanecer até à morte. Quanto tempo requer isto? Penso que poderia utilizar, adaptando-o a esta época, o modelo «clássico» do «conto filosófico», inserindo nele, para servir as diferentes situações, personagens temporárias, rapidamente substituíveis pro outras no caso de não apresentarem consistência suficiente para uma duração maior na história que estiver a ser contada."
Cadernos de Lanzarote Diário I - 20 de Abril de 1993

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Roteiro de Leitura - "As Intermitências da Morte" - 72 apontamentos para memória futura

Os "Roteiros de Leitura" são apontamentos, linhas de passagem pelo decorrer da obra.
São pontos para memória futura, apontamentos.

Boa Viagem

Roteiro de Leitura

1. No dia seguinte ninguém morreu

2. O primeiro dia. O exemplo dos estropiados que não morrem

3. A rainha-mãe que tinha reunida a família real esperando a sua morte, fica em suspenso

4. Os primeiros rumores, as reacções do governo

5. A preocupação da igreja. A desculpa da "morte adiada" para que continue a existir uma razão para a continuidade da igreja

6. As notícias nos jornais e as manifestações de orgulho nacional através das bandeiras à janela

7. O declínio e preocupação da indústria funerária. O seu pedido ao governo para obrigar a equiparação dos funerais dos animais aos das pessoas e empréstimos a fundo perdido

8. Os hospitais em ruptura. Os que não tendo morrido ficam nos hospitais e em que condições normais teriam mordido

9. Os lares de 3a idade e o dilema de poder não esvaziar os utentes actuais e não poder admitir novos.

10. As companhias de seguros e a legitimidade da manutenção das apólices dos seguros de vida

11. Os filósofos da comissão interdisciplinar reúnem-se para debater as consequências da ausência da morte e posições das diversas igrejas

12. O caso da morte adiada ou da vida suspensa de 2 familiares na mesma família o avô e o recém-nascido neto. O avô que não suportando a vida pede que o levem e ao neto a enterrar para lá da fronteira

13. A curiosidade do vizinho. A denúncia prevista junto da guarda.

14. Acabaram por não ser condenados pela justiça mas não evitaram o julgamento popular. O certo é que fazendo 3 meses que ninguém morre, a travessia de pessoas com morte suspensa começou a ser prática.

15. Intervenção do governo com o patrulhamento das fronteiras

16. O surgimento do ultimato efectuado pela máphia e as negociações secretas com o ministro. Os vigilantes do governo que patrulham as fronteiras são desactivados mas mantidos nos locais como disfarce. A máphia assim fará o seu trabalho passando os corpos para além fronteiras.

17. As tropas que se perturbam com a aparente falta de respeito por parte das hierarquias. Foram mandadas regressar em parte aos quartéis para que a máphia fizesse o seu trabalho ilegal sob os olhos fechados do governo. Os 3 países que fazem fronteira também colocaram as suas tropas a tentar impedir a passagem e enterro dos quase mortos.

18. As negociatas entre a máphia e os do outro lado da fronteira para que este trabalho pudesse continuar

19. As máphias dos 4 países que se alinharam no princípio de proporcionar ganhos mútuos

20. A nova esperança para a indústria das funerárias... os moribundos são levados a passar a fronteira para morrer e regressam para serem enterrados

21. O caso das famílias que por vergonha preferem manter os familiares em suspenso, o decrescente número de funerais

22. A reacção da indústria funerária e da máphia. As certidões de óbito mencionando o suicídio dos que preferem morrer e libertar o peso da consciência das famílias

23. Aprendiz de filósofo e o espírito que paira sobre a água do aquário. Discussão sobre a morte, a particular e subalterna e a geral que decide sobre as espécies. Depois a última morte, a suprema que haverá de destruir o universo

24. A fábula

25. As movimentações dos republicanos e a preocupação do rei quanto a um eventual golpe de estado e da viabilidade da segurança social

26. O envelope violeta na secretária do director-geral da televisão

27. O pânico e a alteração de espírito do director-geral. O telefonema para o gabinete do primeiro-ministro. O secretismo dessa reunião. O comunicado do governo e a leitura da carta em directo na televisão.

28. A leitura da carta

29. Agitação social. Da vida que passou de eterna a anunciada com 1 semana de antecedência. Os que estavam com a morte suspensa morreram nessa noite.

30. A reacção da associação das agências funerárias, dos coveiros e das carpintarias. É necessário enterrar toda a gente depressa

31. A suspensão da morte fez 72580 moribundos que com a passagem da meia-noite finaram-se de vez

32. Colocação de bandeiras à janela para indicar a existência de um morto à espera que um médico o vá atestar com a certidão de óbito

33. As reacções na comunicação social e a morte que obriga um jornal a corrigir o teor da carta publicada.

34. O estudo da carta sob o prisma da grafologia

35. A análise à reacção das instituições... lares, hospitais,  companhias de seguros. A máphia altera a actividade e impõe-se como defensor das agências funerárias, que não sendo aceite o serviço ameaça com retaliações.

36. A reacção da Igreja Católica

37. A morte que se anuncia em envelopes violetas e personalizados. O mecanismo do processo. As reacções.

38. A quase investigação criminal da morte. Quem é, onde está, como se move

39. Poderá ter a aparência de uma mulher de 36 anos.

40. Adensam os temores sobre a morte. A população e o medo de receber a carta violeta no dia seguinte.

41. A posição da Igreja perante a inevitabilidade do regresso da morte

42. A absurda excepção. Um envelope violeta veio de volta.

43. A morte reenvia-a de novo. Tem consigo a gadanha. As cartas são enviadas com um simples aceno da mão direita.

44. A devolução da mesma carta pela segunda vez, passados 30 minutos

45. O terceiro envio e a terceira devolução. O Violoncelista que deveria ter morrido com 49 anos e neste dia de devolução dos envelopes violetas faz 50 anos. A morte incrédula e furiosa

46. A morte que cede à tentação de particularizar o caso e ir procurar o destinatário das cartas devolvidas.

47. A casa do Violoncelista. Homem só com seu cão. 50 anos feitos.

48. A sala de música. O atril e a pauta com as peças de Schumann. O quarto onde dorme o Violoncelista e seu cão.

49. A morte que os observa

50. As reflexões, a organização dos arquivos, a lei geral que a rege e a suposta hierarquia

51. A legitimidade adquirida e o estatuto firmado

52. Mais 248 envelopes de cor violeta escritos e assinados ao que juntou pela 4.a vez o do Violoncelista. 10 segundos depois estava de volta.

53. A alteração do verbete na data de nascimento e na idade do Violoncelista. A gadanha fala pela primeira vez.

54. No teatro o Violoncelista ensaia com a Orquestra e a morte enche toda a sala sentada discretamente na sua cadeira a assistir ao ensaio

55. Nos próximos 3 dias a morte faz-se de sombra do sei alvo.

56. O retrato e a vida solitária do Violoncelista. A música de Chopin com que se auto define. A companhia do cão

57. A morte que o segue para o entender

58. O Violoncelista foi com o cão a um jardim e leva um livro de entomologia. A descrição da borboleta de capa Acherontia Atropos.

59. A morte absorvida por este quadro pensa inclusive que deveria ter enviado borboletas em vez de envelopes violeta.

60.  A morte que pede ajuda à silenciosa gadanha. Ausenta-se durante uma semana e deixa organizada toda a correspondência a enviar diariamente pela gadanha.

61. A morte que se veste de mulher de 36 anos, bonita segundo a gadanha

62. A alusão à mulher gorda vestida de preto e a Marcel Proust

63. A mulher/morte apanha um táxi e segue até ao teatro. Comprou o seu camarote para as duas sessões onde o Violoncelista irá actuar.

64. Hospedada num hotel aguardará a chegada da hora do 1.o concerto

65. Assistiu ao concerto e a sua presença de mulher fez-se notar. No final procurou o Violoncelista junto dos camarins.

66. O diálogo. A mulher/morte enigmática e o Violoncelista incrédulo. O trajecto de táxi até casa do músico e a morte que segue para o hotel. Até ao próximo concerto.

67. O telefonema tardio da mulher/morte pedindo desculpa pelo desenrolar da conversa. O mesmo rumo da conversa a desconversar. O Violoncelista sabe de uma suposta carta que a mulher lhe pretende entregar. A conversa acaba de forma abrupta.

68. O suposto ou eventual diálogo que poderia ter tido de seguida com o cão. As horas seguintes de incerteza e inquietação.

69. A mulher/morte não apareceu no segundo concerto. Nem na porta dos artistas ou à porta de casa. Frustração. Amargura. Resignação

70. Domingo e o passeio no parque com o cão. A mulher/morte que o aguarda no banco de jardim para se despedir e o envelope violeta que ficou no hotel. Diálogo e mais uma despedida repentina. O Violoncelista regressa a casa com o sentimento de amor não correspondido.

71. Fim da noite e a mulher/morte bate à porta. A surpresa. A carta prometida para ser entregue mais tarde. E o pedido de tocar o violoncelo. Bach Opus 1012.

72. Depois beijaram-se. Na cama. O Violoncelista que adormeceu. A morte que pega no envelope e o queima. A mulher que regressa à cama e sem entender o que se passa adormeceu pela primeira vez

Comunidade de Leitores Ler Saramago - “As Intermitências da Morte” (1.ª parte / 2.ª Sessão – Outubro 2015-10-29)

Comunidade de Leitores Ler Saramago
“As Intermitências da Morte”
1.ª parte / 2.ª Sessão – Outubro 2015-10-29

(Montagem cénica da obra - Rui Santos)

A violência, física e psíquica, latente na nossa sociedade e que perpassa em várias páginas do livro.

“As intermitências da Morte”, decorre num pais não identificado com 10 milhões de habitantes, que faz fronteira com 3 países e sem acesso ao mar. Pela proximidade da quantificação do número de habitantes podemos criar algum imaginário com Portugal, mas o facto de não haver fronteira marítima, já nos remete para outras paragens, quiçá no centro da Europa.

O elemento central, sempre presente mesmo aquando da sua ausência è a morte. O acto de uma pessoa morrer como um fim natural e sendo regra sem excepção, num jogo de vida e seu términus, assume o absurdo e o impensável que passa a ocorrer, por alguma alteração inexplicável, não morrer. Continuar não vivendo ou ter a vida em suspenso mesmo no momento em que ela, por acidente ou doença, deveria ter cumprido com a sua última acção.

José Saramago constrói uma narrativa sempre em suspenso. As pessoas deixaram de morrer, explicada nas primeiras horas ou dias por algum acaso circunstancial, e depois regista-se a tomada de consciência colectiva desta acção. As instituições assumem de forma imediata a imperiosa necessidade de sobrevivência corporativa, através da alteração das suas doutrinas mais básicas. Assim se passa com a Igreja Católica e a salvação, com as companhias de seguros através dos seguros de vida, da indústria funerária com os enterros dos animais domésticos, com a monarquia que pretende o garante do seu amorfo régio poder, com a máphia que se alia às suas congéneres dos países fronteiriços.   

Não sendo conhecido nenhum fenómeno científico ou outro, que pudesse avalizar a inesperada eternidade, o autor cria um propositado vazio psicológico latente em todo o decorrer das páginas. 
Poderíamos estar perante um país em jubilo, euforia desenfreada ou num estado de embriaguez da consciência colectiva, onde a nação que por este acaso, assumir-se-ia com um sentido de invencibilidade perante os países vizinhos. Mas não. Convenço-me de alguma violência psicológica no quadro criado pela ausência de uma manifestação de euforia ou festa generalizada. Este país impressivamente adoptado para a acção não é Portugal. Decididamente o não é, caso contrário, Saramago teria de cumprir com a característica que sempre nos simboliza, ou seja, da euforia à depressão ou o seu contrário.

“As Intermitências da Morte” são um ataque à moral do mundo de hoje, ao mundo de 2005, quando foi escrito, e também ao mundo do pós II.ª Grande Guerra, algo condutor e criador do ambiente que se vive na Europa contemporânea. É um ataque à civilização e à arquitectura que a sustêm e se reproduz automaticamente dentro dos seus próprios vícios. Vivemos tempos de acertar no erro e trabalhar o erro da humanidade repetidamente. 

Poderá ser considerado totalmente descabido ou desajustado da realidade transmitida pela essência da obra, mas a morte, seja ela por ausência nos primeiros 6 capítulos, ou por manifestação física no restante, sendo a personagem principal não a entendo como o objecto crítico e fulcral desta teia de situações. 
O que estará em causa será a oportunidade concedida a uma nação, para repensar os pilares sobre os quais está fundada e como evolui enquanto povo. 

À revista Época (31/10/2005) Saramago disse numa entrevista:
“Na falsa democracia mundial, o cidadão está à deriva, sem a oportunidade de intervir politicamente e mudar o mundo. Actualmente, somos seres impotentes diante de instituições democráticas das quais não conseguimos nem chegar perto.”

Lançado em 2005, 10 anos depois do “Ensaio sobre a Cegueira” e no ano seguinte ao do “Ensaio sobre a Lucidez” (2004), nas “Intermitências” é abordada a marca da violência, tanto na componente da agressão física, como na vertente da força imposta sob algumas formas de coação psicológica, atacando ora o individuo ou a comunidade.

(Montagem cénica da obra - Rui Santos)

Quatro breves exemplos

Violência física 
Pag. 27 “e um pobre homem houve que teve de pagar o antipatriótico desabafo com uma tareia que, se não lhe acabou ali mesmo com a triste vida, foi só porque a morte havia deixado de operar”
Em Portugal, os dados estatísticos de 2014 referentes à violência doméstica, reportam mais de 21.000 casos de agressões e perto de 10.000 vítimas directas, que recorreram aos centros da APAV solicitando auxilio. Continuamos a permitir a agressão.   

Violência geracional
Pág. 33 e 34 “cemitérios de vivos onde a fatal e irrenunciável velhice seria cuidada como deus quisesse, até não se saber quando”


Continua-se a assistir ao abandono dos idosos em lares, que não são de feliz ocaso, ou nos hospitais. Abandonam-se pessoas.

Violência psíquica  
Pág. 43 “e logo a mãe da criança subiu, tomou-a ao colo, disse Adeus meu filho que não te torno a ver”
Por estes dias, no mar Mediterrâneo, uma balsa em fuga transporta pessoas desesperadas que fogem das guerras e máfias locais. Morrer no mar é um risco a correr para estas pessoas. Um pai deixa cair o seu filho ao mar. Que outra dor poderá ser maior que esta. 

Violência institucional
Pág. 73 “O país encontra-se agitado como nunca, o poder confuso, a autoridade diluída, os valores em acelerado processo de inversão, a perda do sentido de respeito cívico alastra a todos os sectores da sociedade, provavelmente nem Deus saberá aonde nos leva.”
As sociedades ocidentais persistem na inversão da pirâmide funcional da governação de cada país. A população serve o poder e alimenta os mercados financeiros de origem canibal e especulativa, ao invés, do primado que deveria existir, talvez utopicamente, as cúpulas gestoras ao serviço das pessoas.  

Dias do Desassossego '15 - Pessoa e Saramago nas ruas de Lisboa (16 a 30 de Novembro de 2015)

(Cartaz promocional do evento - 2015)

Pode ser consultado via página oficial da Fundação José Saramago, aqui

Consulte a programação completa dos Dias do Desassossego:

16 DE NOVEMBRO
93º ANIVERSÁRIO DE JOSÉ SARAMAGO
FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO
SEGUNDA ÀS 11H30 E ÀS 18H30
ENTRADA LIVRE

A celebrar o aniversário de José Saramago, apresentam-se as bases da Declaração dos Deveres Humanos, a partir de proposta do autor aquando da atribuição do Prémio Nobel, em 1998, e que, desde Junho último, é objecto de debate e de construção no México por académicos e pensadores de várias partes do mundo. Nesta sessão estarão presentes os redactores ibéricos da Declaração.

A seguir, será inaugurada a exposição de fotografias de Alexandre Ermel, da rodagem do filme Blindness, de Fernando Meirelles, adaptação do livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, nos 20 anos da sua publicação.

Mais tarde, às 18h30, no auditório da FJS, o grupo de teatro A Barraca apresenta um ensaio aberto de Clarabóia, o segundo romance de José Saramago. Clarabóia foi escrito em 1953 e publicado apenas após a morte do seu autor. No dia em que se cumpre mais um aniversário do nascimento de José Saramago, desvenda-se um pouco desta produção e primeira adaptação do romance.

Ao longo de todo o dia, as portas estão abertas e a entrada é livre na Fundação José Saramago.

DECLARAÇÃO DOS DEVERES HUMANOS
ÀS 11H30

EXPOSIÇÃO: ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA
DE ALEXANDRE ERMEL
ÀS 11H30

CLARABOIA – GRUPO DE TEATRO A BARRACA (ENSAIO ABERTO)
FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO
ÀS 18H30

30 DE NOVEMBRO
80 ANOS DA MORTE DE FERNANDO PESSOA
TEATRO SÃO LUIZ E TEATRO DO BAIRRO ALTO (CORNUCÓPIA)
SEGUNDA ÀS 19H00 E ÀS 21H30
PREÇÁRIO €5 (CADA)

A 30 de Novembro de 1935 Pessoa morre em Lisboa, no Hospital de São Luís dos Franceses, com uma crise de pancreatite aguda. No dia anterior escrevera, mistério ou acaso, aquelas que foram as suas últimas palavras: “I know not what tomorrow will bring”. Passam 80 anos dessa data e, para recapitular e ouvir estas oito décadas, a Casa Fernando Pessoa apresenta um programa de memória e escrita, recriação e leitura. João Grosso retoma a sua elogiada interpretação de Ode Marítima de Álvaro de Campos, peça-chave na engrenagem da centenária Orpheu 2 – Teatro São Luiz, às 19 horas. De seguida, às 21h30, na Cornucópia, Luís Miguel Cintra chama três actores para com ele apresentarem A nossa natural angústia de pensar: Fernando Pessoa e as marcas que deixou na poesia portuguesa, um recital encenado por Luis Miguel Cintra com Guilherme Gomes, José Manuel Mendes e Luísa Cruz

Ao longo de todo o dia, a Casa Fernando Pessoa tem as portas abertas para entrada livre. Às 15 horas oferece uma visita guiada aos que vierem partilhar connosco esta data.

ODE MARÍTIMA
JOÃO GROSSO
SLTM
ÀS 19H00

Encenação e interpretação de João Grosso

A NOSSA NATURAL ANGÚSTIA DE PENSAR:
FERNANDO PESSOA E AS MARCAS QUE DEIXOU NA POESIA PORTUGUESA
TEATRO DO BAIRRO ALTO/TEATRO DA CORNUCÓPIA
ÀS 21H30

Encenação de Luis Miguel Cintra com Guilherme Gomes, José Manuel Mendes e Luísa Cruz

18 DE NOVEMBRO – CONCERTO
MÁRIO LAGINHA TRIO
A BIBLIOTECA DOS MÚSICOS
CENTRO CULTURAL DE BELÉM – PEQUENO AUDITÓRIO
QUARTA ÀS 21H00
PREÇÁRIO €7,5

Em A Biblioteca dos Músicos o Mário Laginha Trio revisita leituras para fazer um concerto de temas dedicados a grandes romances e autores, personagens que não se esquecem, poemas que se sabem de cor.
Nesta passagem das páginas à música, vamos conhecer as bibliotecas e as referências pessoais de Mário Laginha (piano), Bernardo Moreira (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria).

Em estreia, duas peças inéditas dedicadas a José Saramago e a Fernando Pessoa.

19, 20 E 21 DE NOVEMBRO – FILMES
INADAPTAÇÕES: FILMES COM LIVROS
CINEMA MONUMENTAL, SALAS 3 E 4
PREÇÁRIO €5

Filmes com livros dentro, filmes sobre livros, filmes desassossegados pela literatura: um ciclo sobre os modos de inscrição da escrita e da leitura no cinema, e sobre os diálogos possíveis (além da adaptação) entre ideias de cinema e ideias de literatura, em colaboração com o projecto Falso Movimento: Estudos sobre Escrita e Cinema*, do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras de Lisboa.
Escolhas e apresentações de Pedro Mexia, Tiago Baptista, Osvaldo Silvestre e Mário Jorge Torres.

Por Pedro Mexia
A SERIOUS MAN / UM HOMEM SÉRIO
DE ETHAN COEN E JOEL COEN
QUINTA ÀS 21H30

Por Tiago Baptista
JUVENTUDE EM MARCHA
DE PEDRO COSTA
SEXTA ÀS 21H30

Por Osvaldo Silvestre
IN THE MOUTH OF MADNESS / A BÍBLIA DE SATANÁS
DE J. CARPENTER
SÁBADO ÀS 19H00

Por Mário Jorge Torres
ALL THAT HEAVEN ALLOWS / O QUE O CÉU PERMITE
DE DOUGLAS SIRK
SÁBADO ÀS 21H30

*O projecto Falso Movimento: Estudos sobre Escrita e Cinema (PTDC/CLE-LLI/120211/2010) é um projecto do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras de Lisboa.

20 E 27 DE NOVEMBRO – MESAS – REDONDAS
SE A LITERATURA SALVA?
PEDRO SANTOS GUERREIRO E LUÍS CAETANO

“Se a literatura salva? Não, não salva. Mas se ela se extinguir, extingue-se tudo.” Hélia Correia

Luís Caetano (Antena 2) e Pedro Santos Guerreiro (Expresso) convidam para uma conversa sobre literatura e experiências de leitura pessoas para quem os livros – seus autores, imaginários, poéticas, personagens – são parte importante, vasta e fundamental do seu trabalho ou pensamento. Que livros fizeram estes leitores?

TIAGO RODRIGUES E ANTÓNIO MEGA FERREIRA
COM PEDRO SANTOS GUERREIRO
DIA 20, SEXTA, NA FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO
ÀS 18H30

LABORINHO LÚCIO E GABRIELA CANAVILHAS
COM LUÍS CAETANO
DIA 27, SEXTA, NA CASA FERNANDO PESSOA
ÀS 18H30

21 E 28 DE NOVEMBRO – NA CIDADE
PASSEIOS LITERÁRIOS
PERCURSOS ENTRE A FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO E A CASA FERNANDO PESSOA
DURAÇÃO 180’ APROX.
PREÇÁRIO 10€
MARCAÇÕES: geral@misslisbon.com (LOTAÇÃO LIMITADA)

Para os dois sábados propomos passeios por Lisboa à procura de sinais e vestígios deixados pelos escritores nos seus celebrados textos. Pessoa e Saramago motivam estes percursos que servem de ponte entre as duas casas de autor da cidade.

A LISBOA DE FERNANDO PESSOA
SÁBADO, DIA 21 ÀS 10H00
PONTO DE ENCONTRO: LARGO DO SÃO CARLOS

Neste percurso, convidamo-lo a conhecer a Lisboa de Fernando Pessoa, passando pelos locais da cidade que marcaram a sua vida e obra. Percorremos as ruas, os cafés, as paisagens e alguns locais onde habitou, ao som da sua poesia.

O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS
SÁBADO, DIA 28 ÀS 14H00
PONTO DE ENCONTRO: FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO

Em O Ano da Morte de Ricardo Reis, de José Saramago, cruzam-se Ricardo Reis, Lídia e Fernando Pessoa. Neste passeio revisitamos os locais referidos na obra, pontuando-os com a leitura de excertos do romance.

27 DE NOVEMBRO – MÚSICA E POESIA
A VOZ DOS LIVROS
MUSICBOX
SEXTA
PREÇÁRIO €7,5

BRUTA / DOUTOR TRISTEZA
MIA SOAVE
ÀS 23H00

Lançamento do CD e livro Bruta/ Doutor Tristeza. Bruta/ Doutor Tristeza junta a antologia Doutor Tristeza (organizada e prefaciada por Henrique Manuel Bento Fialho) “do decadente poeta brasileiro Augusto dos Anjos (1884 – 1914), primo em doidice dos poetas interpretados por Ana Deus e Nicolas Tricot com Bruta (CD), canções feitas a partir de textos de poetas internados em hospitais psiquiátricos, e outros mais ou menos delirantes, como Ângelo de Lima, Stela do Patrocínio, António Gancho, Mário de Sá Carneiro, Sylvia Plath, António Joaquim Lança e António Maria Lisboa.”
Com Ana Deus voz e Nicolas Tricot voz, guitarra, baixo, banjo, flauta e manipulação de objectos

POLITICAMENTE SUSPEITO
RUI HERMENEGILDO E RICARDO HENRIQUES
ÀS 00H30

É do livro de Thomas Mann, A Montanha Mágica, que nasce o projecto de curadoria musical de Rui Hermenegildo (DJ) e de Ricardo Henriques (autor) cujo ponto de partida é o confronto aí expresso: a música como alienação, a palavra como veículo para a sublimação.

Ao longo dos tempos, a música foi sendo incorporada em diferentes manifestações artísticas, algumas das quais também se apropriavam da literatura, de que a ópera e o cinema constituem, porventura, os exemplos mais significativos. Politicamente suspeito experimenta uma outra união entre a música e a literatura: o resultado será uma obra improvisada em que uma história é contada com recurso a uma selecção de músicas que convocam o sentido de um texto escrito em tempo real.

Se devemos suspeitar da música, chamemos também as palavras para nos libertarmos.

29 DE NOVEMBRO – LEITURAS
A ALMA INQUIETA
LARGO DE SÃO CARLOS
DOMINGO ÀS 17H00
DURAÇÃO 80’ APROX.

Uma viagem literária pelo desassossego, partindo d’O sentimento dum ocidental de Cesário Verde e convocando autores como Almeida Garrett, Jorge de Sena, Vergílio Ferreira, Antonio Tabucchi, Fernando Pessoa, José Saramago.

Leituras de Carla Bolito, Maria João Vicente, Marcello Urgeghe, Miguel Loureiro e Paulo Pinto, concepção de Carla Bolito, Marcello Urgeghe e António Mega Ferreira

O DESASSOSSEGO EM COLECTIVO: A LITERATURA NO ESPAÇO PÚBLICO

Dentro das duas semanas abrangidas pelos Dias do Desassossego, há três programas que irão desenvolver-se com uma dinâmica particular em termos de tempo e público. Têm outra temporalidade, são trabalhos em curso e em crescendo, e prevêem uma relação de maior proximidade com os grupos com os quais vão ser postos em prática: uma experiência de colectivo. Chegando ao final todos reivindicam o mesmo: que a literatura saia à rua.

OFICINA DO DESASSOSSEGO

Os Serviços Educativos da Casa Fernando Pessoa e da Fundação Saramago conceberam em conjunto uma nova oficina para alunos do 10º, 11º e 12º anos, que funcionará na Escola Secundária Pedro Nunes, na Escola Básica e Secundária Gil Vicente e na Escola Secundária com 3.º Ciclo do Ensino Básico Rainha Dona Amélia.

Na Oficina do Desassossego são trabalhados em aula textos de Pessoa e Saramago, através de excertos escolhidos a partir de temas como a identidade, a morte, o amor, a política e a contestação.

Saindo da escola, os alunos irão ler e dizer esses textos a quem passa, a quem se interroga e a quem se deixa desassossegar. Estrela, Santa Apolónia e Alto de Santo Amaro serão as zonas em desassossego.

DESASSOSSEGO SUSSURADO
MIGUEL HORTA COM HOSPITAL JÚLIO DE MATOS

Concretizando uma ideia de inclusão, o mediador de leitura Miguel Horta trabalhará durante três dias com um grupo de utentes do Hospital Júlio de Matos, numa oficina de construção poética. A Máquina da Poesia, metodologia de escrita imaginativa, vai culminar num momento de partilha com a cidade recorrendo a sofisticados sussurradores, para dizer baixinho e a quem passa os poemas que criaram.

No Sábado, dia 28, uma outra oficina será aberta a todos os que queiram viver os dois momentos, o da criação de textos (manhã) e o da saída para rua (tarde), momento de partilha entre os dois grupos e a cidade.

DESASSOSSEGO SUSSURADO
OFICINA ABERTA
FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO
DIA 28, SÁBADO, DAS 10H00 ÀS 12H30
ENTRADA LIVRE MEDIANTE MARCAÇÃO (secretaria@josesaramago.org)

PESSOA E SARAMAGO NAS RUAS DE LISBOA
GAU – GALERIA DE ARTE URBANA

Fernando Pessoa e José Saramago fizeram de Lisboa cenário dos seus livros, pelas suas ruas passearam personagens, alimentando inquietações e construindo histórias. Para homenagear os dois escritores, e em parceria com a Galeria de Arte Urbana da CML, convidámos artistas para realizarem num local da cidade um trabalho que tem como ponto de partida os livros, Pessoa e Saramago. O processo de produção poderá ser acompanhado ao longo dos Dias do Desassossego, desvendando no final uma nova peça de arte urbana que, como todas, durará o tempo da efemeridade.

PARCEIROS DE PROGRAMAÇÃO:

A BARRACA
SLTM
TEATRO DO BAIRRO ALTO/CORNUCÓPIA
FALSO MOVIMENTO: ESTUDOS SOBRE ESCRITA E CINEMA
MEDEIA MONUMENTAL
MISS LISBON
MUSICBOX/CTLISBON
MIA SOAVE
TNSC
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sábado, 24 de outubro de 2015

Análise à obra "O Conto da Ilha Desconhecida" através do site "Atualidades do Direito - 2009, Brasil"

No dia em que o blog comemora o seu primeiro ano de actividade
foram produzidos aproximadamente 600 post's
20.000 visualizações
962 seguidores no Facebook

... milhares de horas de leitura, pesquisas e conversas com outros Saramaguianos(as)

... a todos os que visitam, aos que visitando voltam e aos que ajudam neste trabalho, deixo as palavras com que o "viajante" termina a "Viagem a Portugal"

(...) "O fim de uma viagem e apenas o começo doutra. 
(...) É preciso voltar aos passos que foram dados, 
para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. 
É preciso recomeçar a viagem. 
Sempre. 
O viajante volta já."
in, "A Viagem a Portugal"



Pode ser visualizado e consultado aqui,

Sinopse e detalhe do programa
Programa originalmente transmitido pela UNISINOS
Obra: O conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago
Exibição: 2009
Apresentação: Prof. Dr. Lenio Luiz Streck (IHJ)
Convidados:
Dr.ª Ana Lúcia Liberato Tettamanzy (Prof. PPG-Letras/UFRGS)
Dr.ª Melina Girardi Fachin (Prof. Direito/Dom Bosco/PR)

(Capa da edição com ilustrações de Bartolomeu dos Santos)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

"Viagem Literária" 7.ª Sessão - Évora - Pilar del Río e José Luís Peixoto


Pode ser visualizado aqui, via YouTube, 
em https://www.youtube.com/watch?v=iuZ56Qxd9g4&sns=em

"No dia 18 de Outubro, o Palácio de D. Manuel, em Évora, acolheu a sétima etapa da Viagem Literária. Viajámos à boleia de José Luís Peixoto e Pilar del Río, numa conversa inesquecível."

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

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Blimunda - Revista Digital - edição #41 Outubro de 2015

(Capa da actual edição - #41 - Outubro 2015)

Pode ser descarregada e consultada, aqui 
via página da Fundação José Saramago,
em http://www.josesaramago.org/blimunda-41-outubro-2015/

Sinopse da edição
"Com quantos livros se faz um livro? Poderia ser essa a pergunta sobre a obra de Alberto Manguel, escritor argentino que fez da leitura e da reflexão sobre os livros a sua marca. Neste mês de Outubro o autor de Uma História da Curiosidade esteve em Lisboa e conversou com a Blimunda sobre os caminhos labirínticos da literatura.

Se os livros nos ajudam a perder e encontrar, as cartas podem ajudar a contar a história de um país. É o que o projeto Correio IMS, do Instituto Moreira Salles, pretende provar. Com mais de uma centena de documentos escritos por personalidades da cultura e da política brasileira, a plataforma oferece qualidade literária e também um panorama histórico. A Blimunda mergulhou nesse material e traz aos leitores uma breve mostra do que é oferecido pelo Instituto Moreira Salles.

Alguns dias depois da morte de Vitor Silva Tavares, a Blimunda republica uma entrevista com o fundador da &Etc, publicada no primeiro número do jornal da Oficina do Cego, a quem agradecemos a disponibilidade.

Há 150 anos Lewis Carroll escreveu As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, livro infinito e constantemente reinterpretado. A secção Infantil e Juvenil da Blimunda debruça-se sobre esta obra. Além de acompanhar um congresso realizado na Biblioteca Nacional a publicação revisita a exposição «Um chá para Alice» realizada em Oxford em 2012 e mais tarde em Lisboa.

A Saramaguiana dá espaço a um discurso proferido por José Saramago em 1986 na cerimónia de entrega do Prémio Dom Dinis. “Um país pode ser pobre, e é isso que somos, mas não terá de ser fatalmente mesquinho, e é isso que temos sido”, disse o escritor há quase 30 anos. Podia ter sido dito ontem.

Aqui está a Blimunda número 41. Boas leituras."

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Debate «Deveres Humanos e participação cidadã: Tomar a palavra e a iniciativa» - 19/10/2015 (FJS)



Pode ser visualizado, aqui via YouTube, através do canal da Fundação José Saramago 
em https://www.youtube.com/watch?v=9qu7CEWiF84&app=desktop
"Transmitido em direto a 19/10/2015
Transmissão em streaming do debate «Deveres Humanos e participação cidadã: Tomar a palavra e a iniciativa», com a participação de Tarso Genro e Fernando Medina. Moderação de Manuel Carvalho da Silva.
Organização: Fundação José Saramago e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra"

domingo, 18 de outubro de 2015

Via Verne El País "Esta es la propuesta de deberes humanos, inspirada en Saramago, que todos deberíamos cumplir"

"Académicos mexicanos han elaborado una 'Carta de Deberes y Obligaciones 
del Hombre' tal y como propuso el escritor portugués en 1998"

Pode ser consultado e lido aqui,
em http://verne.elpais.com/verne/2015/10/17/articulo/1445091220_052404.html?id_externo_rsoc=FB_CM

(José Saramago em Lanzarote - 2011,  Ulf Andersen - Getty Images)

"Cuando José Saramago subió a recoger su Premio Nobel de Literatura en 1998 habló de su abuelo, analfabeto pero sabio. Y, en su voluntad de hacer del mundo un lugar mejor, habló también de la necesidad de establecer unos deberes éticos al ser humano. Unos deberes y obligaciones que ahora han tomado forma en una carta redactada por un grupo de trabajo de la Universidad Autónoma de México.

Estos son los principales puntos que se recogen en un primer borrador del documento - elaborado por intelectuales y académicos de distintas disciplinas - que inciden en la responsabilidad social e individual que lleva aparejada la defensa de la Declaración Universal de Derechos Humanos:

Obligación de erradicar el hambre y no desperdiciar alimentos en ninguna parte del mundo.
"Que haya hambre en el mundo es una situación que la humanidad debe erradicar para siempre, como se erradicaron muchas enfermedades, sobre todo porque la producción de alimentos actual es suficiente para eliminar todo rastro de hambre en el mundo".

Obligación de erradicar el analfabetismo e impartir educación de calidad.
"La falta de educación así como los malos programas educativos son la base de los conflictos sociales y la causa de desigualdad, pobreza, mala salud y problemas ambientales".

Compartir conocimiento técnico y pericia para ayudar a la salud integral.
" (...) Los medicamentos deben estar al alcance de la población, de forma gratuita o con un precio justo. El precio de los medicamentos no debe quedar sujeto a las leyes del mercado, y las instituciones gubernamentales tienen la obligación de vigilar que tengan el precio adecuado."

Conducirse con veracidad y respeto al momento de ejercer la libertad de expresión.
"Expresar con libertad las ideas propias no exime a nadie del respeto que debe a otros, ni implica que, por la expresión de una idea personal, otros se sientan ofendidos".

Uso eficiente de la energía y medidas tendentes al ahorro energético.
"(...) Hacer uso racional de las energías con el fin de asegurar la convivencia armónica y el desarrollo de la sociedad".

Eliminar la desigualdad extrema de las sociedades y propiciar la igualdad social.
"En este tenor, los ciudadanos tienen la obligación de procurar un consumo responsable y, en la medida de sus recursos, propiciar el ahorro."

Obligación de hospitalidad frente a emigrantes y refugiados.
“Un mundo global requiere un ciudadano global que establezca compromisos con los seres humanos más allá de las fronteras nacionales, donde los seres humanos sean legales sin importar la nacionalidad de sus pasaportes.”

Obligación de proporcionar condiciones óptimas de libre competencia entre las empresas, de procurar salarios justos, e impuestos equitativos.
“Un mercado regulado es el mejor camino para el incremento de la riqueza mundial, y el desarrollo del bienestar individual (…) Es obligación de todos pagar impuestos de acuerdo al nivel de los ingresos, tanto de las empresas como de los trabajadores."

Obligación de dirigir el conocimiento científico para preservar la vida.
“La ciencia vive un acelerado desarrollo y los descubrimientos científicos se encuentran en su punto más alto. Es obligación de científicos, instituciones académicas y gubernamentales, orientar el conocimiento y la experimentación científica y tecnológica en beneficio de la vida, bajo una ética humanista.”

Respetar el medio ambiente y contribuir con la limpieza, conservación y regeneración de éste.
“ (...) No contaminar ni destruir la naturaleza y comprometerse con un desarrollo social y económico sustentable”

Obligación de respetar el hábitat y forma de vida de los animales no humanos.
“Todos los seres humanos tienen la obligación de respetar las conductas inherentes a cada especie animal y de cuidar sus hábitats naturales para que puedan vivir y desarrollarse como les es propio.”



sábado, 17 de outubro de 2015

Enquanto não chega a "Blimunda" Outubro 2015, recordamos uma edição anterior (#17 - Outubro 2013)

(capa da edição #17 - Outubro 2013)

Para descarregar e ler, aqui
em http://www.josesaramago.org/blimunda-17-outubro-2013/

Sinopse da edição #17
"A Blimunda de outubro viajou até ao México para acompanhar o Hay Festival de Xalapa e aí entrevistar o fotógrafo dos escritores, Daniel Mordzinski, e Juan Gabriel Vásquez. Destes dias cheios, com furacões pelo meio, chega-nos agora o relato de Ricardo Viel, acompanhado por imagens inéditas captadas pela lente de Daniel Mordzinski.

No infantil e juvenil destaque para o trabalho editorial da APCC – Associação para a Promoção Cultural da Criança que, desde há alguns anos, a par da sua atividade regular, desenvolve uma intensa programação editorial, pautada por edições com textos e ilustrações dos melhores autores para a infância e juventude.

Também com presença nesta secção deste número da Blimunda, os dois novos volumes da coleção que a Kalandraka tem vindo a construir com obras que abordam o sexismo e os direitos das mulheres.

A fechar, a Saramaguiana traz-nos um ensaio de Miguel Koleff, professor na Universidade de Córdoba (Argentina), sobre o mito da caverna no romance homónimo de José Saramago. A acompanhar este ensaio, traduzido por Cristina Rodriguez e Artur Guerra, a Saramaguiana publica cinco fotografias inéditas de João Francisco Vilhena, realizadas em Lanzarote neste mês de outubro.

Boas leituras!"

"Johann Sebastian Bach - Cello Suite No 6 in D major, BWV 1012" em "As Intermitências da Morte"

Pode ser visualizado via YouTube, aqui 

"Johann Sebastian Bach - Cello Suite No 6 in D major, BWV 1012"
Mstislav Rostropovich, cello

(...) Enquanto o cão corria ao quintal para descarregar a tripa, o violoncelista pôs a suite de Bach no atril, abriu-a na passagem escabrosa, um pianíssimo absolutamente diabólico, e a implacável hesitação repetiu-se. A morte teve pena dele, Coitado, o pior é que não vai ter tempo para conseguir, aliás, nunca o têm, mesmo os que chegaram perto sempre ficaram longe. Então, pela primeira vez, a morte reparou em toda a casa não havia um único retrato de mulher, salvo de uma senhora de idade que tinha todo o ar de ser a mãe e que estava acompanhada por um homem que devia ser o pai. (...)
in, "As Intermitências da Morte"
Caminho, página 183

Via Mary Emy  | ;-) | 
A musicalidade na obra de ‪#‎saramago‬ 
Os andamentos e movimentos de ênfase ou de ruptura, o seu apoio e o contrário... 
uma das constantes na obra de José Saramago é a presença da música. 
Aqui presente em "As Intermitências da Morte", será o Violoncelista (como personagem) o elemento do contraponto e reequilíbrio... (será? )

A "Carta dos Deveres e Obrigações do Homem" - continua a sua discussão - México

(Sami Nair, Pilar del Río e Angel Gabilondo, 
durante a apresentação / G. Riquelme)

A notícia pode ser consulta e lida, aqui via 

"México alumbra la Carta de Deberes y Obligaciones del Hombre

Un grupo de académicos auspician el primer borrador de una declaración que actualice el significado de conceptos como dignidad, justicia o igualdad en un mundo globalizado

La Universidad Autónoma de México (UNAM) alumbró este jueves el primer boceto de la Carta de los Deberes y Obligaciones del Ser Humano. Retomando la llamada de José Saramago a la acción y la defensa de los derechos humanos por parte de la ciudadanía, un grupo de académicos e intelectuales redactó lo que pretende ser una nueva declaración programática que reactualice el significado de conceptos como dignidad, justicia o igualdad en un mundo globalizado.

“Nos fue propuesta una Declaración Universal de Derechos Humanos y con eso creímos que lo teníamos todo, sin darnos cuenta de que ningún derecho podrá subsistir sin la simetría de los deberes que le corresponden. Con la misma vehemencia y la misma fuerza con que reivindicamos nuestros derechos, reivindiquemos también el deber de nuestros deberes. Tal vez así el mundo comience a ser un poco mejor”. Estas palabras pronunciadas por José Saramago durante la recepción del premio Nobel de literatura 1998 son el germen y la inspiración de una nuevo texto que complemente el marco de derechos fundamentales firmados en 1948, en aquella recién inaugurada Organización de Naciones Unidas al albur del cierre de la Segunda Guerra Mundial.

El guante lanzado por el Nobel portugués ha sido recogido por grupo de académicos e intelectuales, bajo el auspicio y el apoyo de la propia Fundación Saramago, el centro de estudios World Future Society y la UNAM. El primer borrador de la llamada la Carta de los Deberes y Obligaciones del Ser Humano nace con la voluntad de ir afinando el articulado del texto y el ambicioso deseo de ampliar las adhesiones al proyecto para, finalmente, presentarlo ante las Naciones Unidas. “Ha pasado algo en estos 17 años desde la llamada de Saramago. Todo el proceso de globalización se ha profundizado y es un factor determinante que modifica el contenido de los deberes y los derechos. Hay una necesidad de una reconsideración a fondo de los que significan los derechos humanos hoy”, señaló Ángel Gabilondo, catedrático de filosofía y portavoz del grupo socialista en la Asamblea de Madrid, durante el acto de presentación celebrado en la Ciudad de México.

Los conceptos tradicionales de asilo y refugiado se han transformado. Hay un desafío mundial
Sami Naïr

El cuerpo de este primer borrador está compuesto ejes de derechos como: Justicia y estado de derecho; Educación, cultura y medios sociales de comunicación; Desarrollo sustentable y generación de energía o Fronteras, migraciones y grupos vulnerables. “El primer deber de los deberes de esa carta es precisamente luchar para realizar los derechos. Es una llamada a los sujetos de los derechos, a la movilización ciudadana, que tiene el deber de seguir luchando por materializar esos derechos y transformarlos de abstractos en concretos”, apuntó el politólogo Sami Naïr.

Como ejemplo de la transformación que han sufrido los contenidos y la defensa de los derechos al pasar de un mundo ordenado por Estados a otro fragmentado en flujos de capital, ideas y personas, los ponentes citaron el fenómeno de la migración. “En América Latina la migración es transnacional y transfronteriza. Mientras que Europa, no tiene una política de inmigración seria, sólo un dispositivo de gestión desde las necesidades del mercado de trabajo. A su vez los conceptos tradicionales de asilo y refugiado se han transformado, como demuestra el caso de los refugiados sirios. Hay un desafío mundial”, indicó Naïr en relación a la oleada de refugiados que está recibiendo Europa desde Oriente Medio.

Aunque el primer paso comience en la retórica, el sentido último de la carta, como reconocieron los ponentes, es influir en la elaboración de la legislación internacional y nacional. “Es una declaración. Pero si además de hablar, nos comprometemos, se convierte en una llamada a la acción imbuida por la fuerza de la palabra”, explicó Gabilondo. “Se trata de romper la tendencia de desafección política, social y cultural”, dijo Pilar del Río, presidenta de la fundación Saramago y viuda del Nobel."

Folio Festival Literário de Óbidos no programa "A Ronda da Noite" com João Francisco Vilhena sobre o "Ensaio sobre a Cegueira"

Programa "A Ronda da Noite"
A Ronda faz-se em Óbidos, na primeira edição do Folio, Festival Internacional de Literatura da vila medieval. Com José Pinho, Pedro Mexia, Anabela Mota Ribeiro, o maestro António Vitorino D'Almeida, João Francisco Vilhena, José Eduardo Agualusa (15 Outubro de 2015)

Por indicação de Laura Ferreira, e que muito agradeço a atenção da referência, deixou a sua mensagem: "Luís Caetano falou ontem, em Óbidos, com João Francisco Vilhena sobre a exposição Mal Branco, nos 20 anos do Ensaio Sobre a Cegueira. A partir da música, que se ouve ao minuto 42:06 ou, sem a música, ao minuto 43:40"
Muito Obrigada  


Para ouvir aqui em 

Sinopse genérica do programa
"A Ronda da Noite recebe e divulga escritores, artistas, gente com conhecimento e imaginação, autores de excepção. Mostra o novo mas também recupera memórias e momentos, e sai do estúdio para palcos de criação e fruição.
Antes do dia acabar, a rádio tem ideias para discutir e histórias para contar. Como num quadro de Rembrandt."

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Entrevista de Parce a Pilar del Río para a publicação CircoIberia (02/03/2011)

(Pilar del Río, Presidenta FJS - Foto de Belén Zapata)

Entrevista realizada a 2 de Março de 2011, por Parce e publicada, aqui para leitura e consulta, 
em http://circoiberia.org/2011/03/02/2483/

"Es curioso apreciar que  con bastante frecuencia los éxitos profesionales están de alguna manera unidos a los personales. Si no lo creen fíjense en un detalle: en 1984 Saramago publica El año de la muerte de Ricardo Reis y en 1986 La balsa de piedra, libros que le otorgan el mayor reconocimiento del que había disfrutado en toda su trayectoria hasta ese momento. Fue precisamente en esta época cuando conoció a quien sería su esposa y su traductora al español hasta el final de sus días, Pilar del Río. Después de este feliz acontecimiento es cuando le llegó el encumbramiento definitivo a Saramago con obras como El Evangelio según Jesucristo, El viaje del elefante y Ensayo sobre la ceguera.

Y sí, ya saben, es el único escritor en lengua portuguesa en haber recibido el Premio Nobel. Sólo él, ateo declarado, siempre agudo y comprometido es capaz de comenzar su discurso aceptación de dicho premio con una frase así: “El hombre más sabio que he conocido en toda mi vida no sabía leer ni escribir”. Pilar del Río es en la actualidad la presidenta de la Fundación José Saramago. Nos sentimos profundamente privilegiados y agradecidos por la entrevista que nos ha regalado que no podemos más que recibir con todos los honores en la pista central del Circo Iberia a Pilar del Río.

CI. Desde su experiencia como traductora, ¿cómo considera que se debe hacer una buena traducción literaria? ¿La proximidad entre las lenguas facilita o dificulta una buena traducción?
PdR. Para hacer una buena traducción, hablamos de una traducción literaria, desde mi punto de vista son fundamentales dos cosas: Amar el texto que se va a traducir, conocer muy bien el propio idioma. A veces se piensa que lo importante es conocer el idioma original en el que el texto ha sido escrito, y claro que hay que conocerlo bien, pero, insisto, hay que dominar bien el propio idioma porque, de lo contrario, se puede reducir la obra que se traduce. Tengamos en cuenta que el autor original es un creador, tiene una voz propia, una forma de contar, se inscribe en un contexto, y todo eso tiene que pasar a la traducción. Me da miedo cuando veo que encargan traducciones a personas simplemente porque han vivido en Inglaterra o en Portugal. No es eso, hay que participar de la estirpe de los creadores para traducir bien, pero desde la humildad absoluta, porque el traductor no puede intervenir en el texto. Lo que digo parece complicado, pero si se piensa un poco verá que es verdad. En cuanto a si la proximidad facilita, creo que no, porque se puede caer en la tentación de hacer una traducción literal, y eso puede ir en detrimento del idioma al que se traduce. Hay que respetar la música del original, pero tiene que sonar bien en el idioma traducido… Como ve, no es fácil, es una tarea compleja y adulta, que no se puede entregar a cualquiera. Cosa que se hace mucho porque no es un trabajo bien remunerado. Aunque cada día está más reconocido y ya hay facultades de traducción.

¿A cuál de libros traducidos por usted le guarda mayor cariño? ¿Por qué?
Cada uno tiene su propia historia, de cada uno guardo recuerdos inolvidables. Quizá “El viaje del elefante” sea especial, porque durante la escritura, José Saramago estuvo muy enfermo. Y cuando, contra pronóstico, se recuperó y volvió a la escritura, lo hizo con tal entusiasmo, en un estado de exaltación tal, que era contagioso. Fue un libro feliz, escribir para él y traducir para mí, porque habiendo vencido a la muerte, era un regalo maravilloso que tuve el privilegio de recibir y que no podré agradecer nunca. Por la sencilla razón de que cada día que pasa soy más consciente y, sin embargo, lamentablemente, José Saramago ya no está aquí para que lo comentemos y nos riamos juntos.

Con libros tan impresionantes como El Evangelio según Jesucristo, El viaje del elefante y Ensayo sobre la ceguera, Saramago promovió empatía, controversia y el difícil ejercicio del librepensador. ¿Cómo ve en la actualidad su legado? ¿Cree que la Fundación José Saramago está preservando su genio?
La Fundación José Saramago no nació para preservar el genio del autor, que está en sus libros y estuvo en su vida. Los libros pertenecen a los lectores y los promueven las editoriales. En cuanto a la vida, ahí está, ya es intocable. Nosotros trabajamos para que el debate de ideas se mantenga, para continuar las posiciones cívicas que eran suyas y que entendemos que son las que nos hacen mejores como seres humanos. Que la Declaración de Derechos Humanos no sea papel mojado, promover la Declaración de Deberes Humanos, en eso estamos, para eso existimos. Y para que la Cultura con mayúscula esté presente en la vida de cada día, por eso desde la Fundación organizamos actividades que nos hacer pensar. Y ya sabemos: quien piensa, agranda su cerebro, ve más lejos, entiende más. Y no se deja engañar por los mensajes dudosos que cada día tratan de atontarnos.

Caín retoma un lenguaje concomitante con los textos fundacionales judeocristianos y termina con una frase lapidaria “La historia ha acabado, no habrá nada más que contar”. Se comenta que continuó escribiendo hasta sus últimos días, pero ¿Saramago concibió Caín como el último libro que publicaría?
No, Saramago, tras Caín, comenzó a escribir otro libro que se iba a llamar “Alabardas alabardas, espingardas, espingardas” y que, lamentablemente, no pudo acabar. Caín no es un testamento, aunque sí es un pulso con el Dios de la Biblia, ése que dijo que había hecho al hombre a su imagen y semejanza y en la primera página de la Biblia ya hay un crimen. Entonces, cuando llega el Diluvio Universal, Saramago decide que su paciencia se ha terminado, que ya Dios ha probado con muertes y sacrificios a los hombres hechos a su imagen y semejanza, que ya ha pasado Sodoma y Gomorra, ciudades que Dios arrasa con fuego porque los mayores, todos, algunos, son homosexuales, y no salva ni a los niños de pecho, ya han pasado demasiadas carnicerías como para soportar que la imagen de Dios, ese hombre de la Biblia, se siga reproduciendo. Y pone punto y final, le hace el pulso a Dios y el autor gana: no habrá más que contar. Y ahora que no vengan a decir que Dios castigó a Saramago quitándole la vida poco después: esa explicación no es digna de los creyentes auténticos ni de quienes usamos las razón para entender.

José Saramago fue de los primeros escritores mundialmente reconocidos en tener un blog. ¿Cómo veía las nuevas tecnologías en relación con la escritura y difusión de sus ideas?
Escribir es escribir y leer es leer, independientemente del soporte en que se haga. Saramago no estaba agarrado al papiro ni a la vieja máquina de escribir, sabía que todo cambiaba y se incorporaba a los cambios con la misma disposición que al agua corriente dentro de las casas o la luz eléctrica: sin aspavientos, sin maravillarse, con naturalidad. Que era uno de sus rasgos: la sencillez, junto a la naturalidad y a la sabiduría.

¿Cree que la industria editorial está en crisis? ¿sucumbirá como lo hizo la industria de la música?
No creo que la industria editorial esté en crisis: nunca se ha leído más que ahora, entre otras cosas porque jamás ha habido una cuota tan baja de analfabetos… Esto no significa que vivamos instalados en el paraíso, pero tampoco en el infierno. Otra cosa es que hayan surgido editoriales sin haber hecho antes planes de viabilidad y por eso fracasen, o que otras, las grandes, pretendan hacer millones y millones como si esto fuera una industria cárnica… Ojalá se consumieran los libros como los alimentos diarios, pero eso no ha pasado nunca y no creo que vaya a pasar. Pienso, sin embargo, que el libro electrónico democratizará, de alguna manera, la lectura. Confío en eso. Y no creo que haya crisis, creo que antes hubo malas gestiones o ambiciones empresariales desmedidas. Seamos más conscientes de que no estamos hechos de oro.

¿Cómo cree que habría que introducir la lectura entre los niños?
Expertos hay para opinar sobre eso, pero creo que lo primero que tendría que ocurrir es que los niños “sintieran” que sus profesores leen, cosa que no siempre ocurre. Y que vean a sus padres leer… pero, desgraciadamente, muchos niños proceden de familias desectruturadas, que no es que no vean leer, es que no ven ni ejemplos morales, ni afán de superación, en fin, ven tragedias terribles en su entorno. A esos niños la lectura le importa un bledo. Les importa lo que ven en las televisiones: el fútbol, el famoseo, esa vida degradada que se ha convertido en modelo… Hace unos días oí decir a unas niñas de 14 años que su aspiración era casarse con un “famoso”… Y el famoso era el jefe de la panda del barrio, casi un “mara”. En definitiva, hay mucha carne de cañón, hay mucha miseria en nuestra sociedad, justo ahora, que por fin tenemos medios para ser mejores porque los avances y la tegnología lo permiten. Pero ni es un proyecto universal ni siquiera un sueño compartido. No queremos un mundo de sabios, queremos un mundo de consumistas pacíficos.

¿Le gusta el circo? ¿Qué artista circense le interesa más?
De pequeña fui al circo, eran los años 50 y era una tremenda ilusión. Luego, con la edad y ciertas responsabilidades, me alejé de este mundo, al que me acercó de nuevo la familia Aragón. Que es una familia que amo y respeto, artistas integrales que llenaron de belleza y bondad nuestras tardes. Y que añoro como pocas cosas. Siento tanto que las televisones, todas, a la hora que los niños llegan del colegio no tengan ese tipo de programas en el que se saludaba, divertía, enseñaba, conmovía… los payasos de la tele son unos de mis referentes vitales.

Algo que quisiera decirle a los lectores de Circo Iberia…
Sí: que en homenaje a la familia Aragón, como un aplauso debido a lo mejor que hay en nosotros, vean “Pájaros de papel” la película de Emilio Aragón. El argumento no es circo, los protagonistas son cómicos que van de pueblo en pueblo, pero es de una belleza arrasadora, de una calidad como pocas películas en el cine español. José Saramago asistió a un pase privado y lloró de emoción como un niño, como lloraron los protagonistas viéndose a sí mismos representando papeles de gente humilde, que se busca la vida, que intenta no hacer daño y tal vez llevar alegría. Es una de las mejores películas que he visto en mi vida por la verdad que rezuma y por lo bien hecha que está. Por favor, sigan a Saramago, busquen esa película, saldrán con el corazón más esponjado y reconfortados.