Sala de estudo na Biblioteca do Palácio Galveias
(...) "Não tive um livro meu até os dezoito anos e, mesmo assim, os livros que tive, os que comprei, comprei com o dinheiro que um colega mais velho que eu me emprestou. Creio que foram uns trezentos escudos, o que equivaleria a umas 250 pesetas [um euro e cinquenta centavos]. Com isso pude comprar alguns livros. Antes, eu já havia lido muitíssimo nas bibliotecas públicas, lia de noite. Depois de jantar ia andando, apesar de ficar longe de casa, até a Biblioteca do Palácio Galveias, e até a hora de fechar lia tudo o que podia, sem nenhuma orientação, sem ninguém que me dissesse se aquilo era muito ou pouco para mim. Lia tudo o que me parecia interessante. Os nossos autores eu conhecia pelas aulas, mas tudo o que tinha a ver com autores de outros países, nada, não tinha a menor ideia, mas depois você vai se dando conta de que existe um senhor que se chama Balzac e outro Cervantes, et cetera. Pouco a pouco ia entrando por esse bosque e encontrava frutos que depois fui assimilando, cada um à sua maneira." (...)
"José Saramago: O amor possível", Barcelona, Planeta, 1998
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