Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Poema "Aprendamos o rito" de José Saramago (Os Poemas Possíveis) cantado por Carlos do Carmos


Carlos do Carmo - "Aprendamos o Rito"
Poema: José Saramago
Música: Miguel Ramos


"Aprendamos o rito"

"Põe na mesa a toalha adamascada
Traz as rosas mais frescas do jardim
Deita o vinho no copo, corta o pão
Com a faca de prata e de marfim

Alguém veio juntar-se à tua mesa
Alguém a quem não vês mas que pressentes
Cruza as mãos no regaço, não perguntes
Nas perguntas que fazes é que mentes

Prova depois o vinho, come o pão
Rasga a palma da mão no caule agudo
Leva as rosas à fonte, cobre os olhos
Cumpriste o ritual e sabes tudo."

em "Os Poemas Possíveis", 
Caminho, 3.ª edição, página 81

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