Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

"A Casa José Saramago" em Tías - Lanzarote

Publicado na página do Facebook em 

INFORMAÇÃO DA PÁGINA
Morada - Calle Los Topes, 3, 35572 Tías, Canarias, Spain
Horário Seg-Sáb: 10:00 – 14:30

Casa Museo José Saramago en la Isla de Lanzarote 

Telefone +34 928 83 30 53
E-mail acasajosesaramago@gmail.com



21 de septiembre de 1996
"Esta mañana, todavía en la cama, entre las nebulosas del primer despertar, tal y como si ante mí fuesen fluctuando piezas sueltas de un mecanismo que, por sí mismas, buscasen sus lugares y se encajasen unas en otras, comencé a distinguir, de un extremo a otro, el desarrollo del enredo de Todos los nombres, esa novela cuyo título nació, en enero, en un avión que aterrizaba en Brasilia, y que, para mostrarse (¿definitivamente?), necesitó que otro avión me trajera hasta Amherst. Estaba pensando, de un modo vago, soñoliento, en los esfuerzos que vengo realizando para encontrar la pista de mi hermano, y de repente, sin ninguna relación aparente, comenzaron a desfilar en mi cabeza los personajes, las situaciones, los motivos, los lugares de una historia que no llegaría a existir (suponiendo que la escriba) si el óbito de Francisco de Sousa hubiera sido registrado en la Conservaduría de Golegã, como debería...".
José Saramago, Cuadernos de Lanzarote II.

Apresentação de «O Lagarto», de José Saramago e J. Borges – 22/09, no Festival Literário de Óbidos

A presente informação foi publicada pela Fundação José Saramago, e pode ser recuperada, aqui

Na quinta-feira (22), pelas 18h30, no âmbito do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, será apresentado «O Lagarto», livro publicado pela Porto Editora e que une as palavras de José Saramago com o traço do artista popular brasileiro J. Borges.



"A sessão, que acontece no Museu Abílio, em Óbidos, contará com a presença de Pilar del Río, presidenta da Fundação José Saramago, Alejandro García Schnetzer, editor independente que concebeu o projeto, e Manuel Alberto Valente, editor responsável pela obra de José Saramago na Porto Editora. Pelas 17h45, o trio de música nordestina “Só Lapada” recepcionará os convidados à entrada da vila de Óbidos.

Também será inaugurada uma exposição com as xilogravuras feitas especialmente para o livro. A entrada é livre, sujeita à lotação da sala. Para ver o programa completo do FOLIO aceda: www.foliofestival.com/ "



"O Lagarto é um conto breve incluído em A Bagagem do Viajante (1973), volume que reuniu as crónicas escritas por José Saramago para o diário A Capital e para o semanário Jornal do Fundão. A história narra o aparecimento, no Chiado, de um misterioso lagarto, cuja presença surpreende os transeuntes e mobiliza os bombeiros, o exército e a aviação.

Quem é J.Borges:

Nasceu em Bezerros (Pernambuco, Brasil) no ano de 1935. Aos 20 anos começou a vender cordéis nas feiras. Em 1964 assinou o seu primeiro trabalho autoral. Tornou-se gravurista para ilustrar os cordéis que produzia. Durante a vida escreveu algumas centenas de cordéis. Ilustrou o livro As palavras Andantes, de Eduardo Galeano, e expôs o seu trabalho em vários lugares do mundo, entre eles EUA, Suíça, França, Alemanha, Venezuela, Itália e Cuba. Em 2006 recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, outorgado pelo Governo do Estado. Atualmente vive na sua cidade natal, num local que foi transformado num espaço artístico, o Memorial J.Borges, onde ensina a arte da xilogravura aos mais novos."

* Foto: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco


Conto «A ilha desconhecida», no Festival Literário Internacional de Óbidos - Produção "Trigo Limpo teatro ACERT"

«A ilha desconhecida», no Festival Literário Internacional de Óbidos



http://www.josesaramago.org/ilha-desconhecida-no-festival-literario-internacional-obidos/

A segunda edição do FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos contará com a estreia do espetáculo A Ilha Desconhecida, a partir d’ O Conto da Ilha Desconhecida, de José Saramago. Trata-se de uma coprodução da Fundação José Saramago e do Trigo Limpo teatro ACERT que será apresentada durante o festival e seguirá em digressão nos próximos meses.

A peça, que foi adaptada e encenada por José Rui Martins, do ACERT, será interpretada pelos actores e músicos Catarina Moura e Luis Pedro Madeira.

Exibida gratuitamente nos seguintes dias:  22, 23, 24, 25, 29, 30 de setembro, e 1 e 2 de outubro. Aceda à página do festival para ver os horários e local do espetáculo www.foliofestival.com/

Foto: Ricardo Chaves

Sinopse

COMO É QUE UMA ILHA PODERÁ SER A UTOPIA QUE HÁ EM CADA UM DE NÓS?

Como é que a utopia pode ser o desconhecido que se procura pelo prazer da navegação e o desprendimento pela calculista ancoragem?
Imagine-se um pensamento de uma Mulher da Limpeza: “Se não sais de ti, não chegas a saber quem és.”
Imagine-se que um Homem que Queria um Barco sonhou com a Mulher da Limpeza e lhe segredou: “Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.”
Agora, imagine-se que estamos no lugar deste Homem e desta Mulher que temos diante de nós três portas: a dos obséquios, a das petições e a das decisões. Qual delas seremos tentados a abrir?
No seu conto, José Saramago convida-nos a uma viagem em “que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós”. Habitar teatralmente esta  aventura onde a metáfora se espraia na areia das palavras é desafiante. Parabolizar teatral e musicalmente uma narrativa que, sendo complexa, não se pode desligar da singeleza do pensamento que a originou, constitui um desafio artístico aliciante. A palavra teatral e musicada é o roteiro para a construção de personagens oníricas, fantasiosa e poético-amorosas. A música, território de eleição dos intérpretes, pisca o olho sedutor ao argumento, deixando-o fluir encantatoriamente. A cenografia e os figurinos são enxertias de uma só planta.
Esta adaptação teatral do conto de José Saramago são as palavras de um livro que é palco. O Trigo Limpo teatro ACERT, após ter compartilhado com a Fundação José Saramago a maravilhosa aventura de “A Viagem do Elefante” que, desde 2013, continua e continuará a circular junto das comunidades onde ancora, aceitou afectuosamente este convite para partilhar, em co-produção “O Conto da Ilha Desconhecida”.

(José Rui Martins)


Ficha Técnica

 Coprodução: Fundação José Saramago e Trigo Limpo teatro ACERT

A partir de “ O Conto da Ilha Desconhecida” de José Saramago

Adaptação e encenação: José Rui Martins

Interpretação: Catarina Moura e Luís Pedro Madeira

Música: Luís Pedro Madeira

Cenografia: ZéTavares

Desenho de Luz: Paulo Neto

Figurinos, tapeçaria e adereços: Cláudia Ribeiro | Casa de Figurinos

Adereços: Sofia Silva

Costureira: Marlene Rodrigues

Pesquisa e coordenação literária: Sérgio Letria e Sara Figueiredo

Montagem e operação de luz: Rui Sérgio Henriques

Assistentes de produção: Joana Cavaleiro e Ricardo Viel

Carpintaria de cena: Filipe Simões

Fotografia: Ricardo Chaves

Edição #52 da revista Blimunda - Setembro de 2016 - Já disponível para descarregar gratuitamente


Recorte da capa da presente edição

A edição pode ser consultada e descarregada gratuitamente, aqui
em http://www.josesaramago.org/blimunda-52-setembro-2016/

"No campo de refugiados de Jenin, na Palestina, faz-se teatro. Uma realidade que a Blimunda descobriu ao conversar com os diretores do Freedom Theatre, companhia que esteve em digressão por Portugal neste mês de Setembro e que aposta que o teatro pode ser uma alternativa para os jovens de uma zona tão castigada pela violência. A reportagem é assinada por Ricardo Viel.

Manifestação política e cultural, a Festa do Avante! viveu este ano a sua 40.ª edição. A Blimunda esteve lá e traz nas suas páginas uma crónica assinada por Sara Figueiredo Costa sobre a festa organizada pelo Partido Comunista Português.

A escritora e professora argentina María Teresa Andruetto marcou presença na XIV edição das Palavras Andarilhas. O programa incluía uma entrevista ao vivo à escritora vencedora do Prémio Andersen em 2012. Essa conversa, conduzida por Andreia Brites e Sérgio Machado Letria, ocupa agora o seu espaço nesta edição da Blimunda.

Na secção Saramaguiana recuperamos uma das primeiras críticas ao romance O Ano da Morte de Ricardo Reis, livro de José Saramago que este mês de setembro regressa às livrarias portuguesas na nova edição da Porto Editora. Escrito por Leonor Xavier e publicado em novembro de 1984, poucas semanas depois da chegada do romance às livrarias, o texto destaca o caráter inovador do romance ao propor um “jogo entre o real imaginário e o imaginário real”, tendo o leitor como parceiro.

A escritora Andréa Zamorano regressa ao seu espaço mensal com uma crónica que aborda a as vantagens e as dificuldades de viver meio cá, em Portugal, meio lá, no Brasil.

Como habitualmente, com muito para ler, as secções habituais da revista.

Boas leituras!"

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

"Cadernos de Lanzarote Diário V" - 10/01/1997 (a propósito do Ensaio sobre a Cegueira)

"10 de Janeiro"
"Barcelona, Palácio Guell. Gravação da entrevista para o programa Negro sobre Blanco, Fernando Sánchez Dragó. O tema foi o Ensaio sobre a Cegueira. Ajudaram generosamente à conversa Raúl Morodo, actual embaixador de Espanha em Lisboa, e Miguel Durán. A propósito, Miguel contou que, no tempo do franquismo, um notável do regime, cujo nome, se chegou a dizê-lo, me escapou, sugeriu ao governo a construção duma cidade destinada exclusivamente a cegos. A ideia não foi por diante, mas é fácil perceber quão fecunda era de possibilidades: depois dessa primeira experiência talvez começasse a haver cidades de surdos, cidades de coxos, cidades de manetas, cidades de gagos, cidades de mudos, cidades de mongolóides, cidades de paraplégicos, cidades de epilépticos, e, com a continuação e o êxito da prática segregativa, acabaríamos fatalmente por construir cidades para velhos, cidades para loucos, cidades para enfermos em fase terminal, enfim, para quantos se configurassem como elementos perturbadores do viver da comunidade dos normais. Naquele momento, enquanto ouvia a tenebrosa história, as antigas cavalariças do Palácio Güell, onde nos encontrávamos, rodeados de focos e de câmaras, sob a inquietante mole neogótica do edifício, envolvidos por uma arquitectura que poderia servir de cenário a um filme de Drácula — tudo aquilo me pareceu (apesar do respeito que devo ao génio de Gaudí) uma antecipação do pesadelo inumano de que nos falava Miguel Durán."

in, "Cadernos de Lanzarote Diário V"
Caminho, páginas 16 e 17 (10/01/1997)

José Saramago - "Una perspectiva en final del milenio" - Conferência realizada pela Cátedra Alfonso Reyes (01/12/1999)

Cátedra Alfonso Reyes
"Una perspectiva en final del milenio" - Conferência realizada a 1 de Dezembro de 1999
Monterrey - México

Pode ser recuperada e visualizada, via YouTube, aqui


"Diálogo con estudiantes en el que José Saramago reflexiona sobre su obra 
literaria y su concepción de la literatura."

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

"O Lagarto" ... está a chegar!! Apresentação no FOLIO dia 22/09


"Um livro muito especial está prestes a chegar às livrarias! 
"O Lagarto" junta José Saramago e J. Borges, um mestre da arte popular brasileira.
O lançamento desta novidade será no dia 22 de setembro, 
no FOLIO - Festival Literário Internacional de Óbidos."

Publicado pela Porto Editora e partilhado pela Fundação José Saramago
Aqui o link da agenda do FOLIO - https://folio2016.sched.org/?s=lagarto


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Serviço Educativo 2016-2017 - Fundação José Saramago

Apresentação de programa de actividades para o ano lectivo que se inicia.
Pode ser consultado e descarregado, aqui
em http://www.josesaramago.org/servico-educativo-2016-2017/

"A Fundação José Saramago apresenta o programa do seu serviço educativo para o ano lectivo 2016-2017, que inclui propostas para a comunidade educativa, para famílias e para o público em geral em áreas que vão da promoção da leitura ao teatro e à performance.

No programa que agora se apresenta, destaque para a oferta que cobre os vários ciclos de ensino com propostas que nascem da obra de José Saramago. Como se lê na nota breve que apresenta estes ateliers: «Acreditamos que dar a ler é nossa missão. Por isso os ateliers alicerçam-se numa mesma estratégia: a da leitura colectiva e do diálogo crítico. Para cada ciclo novo desafio, que se erige sobre a base de leitura anterior.»

Para além da oferta para a comunidade educativa, o serviço educativo da FJS integra duas exposições itinerantes, de cedência gratuita para bibliotecas e escolas, para além de uma formação para professores e de propostas que nascem de grupos de teatro e que permitem um contacto com livros em particular ou com o conjunto da obra saramaguiana.

A todos os que connosco colaboram neste programa do serviço educativo, formadores, actores, professores, alunos, o nosso obrigado!"

No link da página da FJS, pode ser descarregado em pdf o programa e que aqui se reporta o índice do mesmo.

Índice
Ateliers de Promoção da Leitura (APL), formação para professores e comunidade de leitores:
- A Maior Flor do Mundo (1.º Ciclo - 4.º Ano) Pág. 5
- O Silêncio da Água (2.º Ciclo - 5.º e 6.º Anos) Pág. 6
- O Lagarto (3.º Ciclo - 7.º, 8.º e 9.º Anos) Pág. 7
- 1.as Páginas (Secundário - 10.º e 11.º Anos) Pág. 8
- José Saramago: tecer leituras para a sala de aula (Formação para Professores) Pág. 9
- Ler Saramago (Comunidade de Leitores) Pág. 11

Para famílias:
- Peddy-paper Pág. 13
- A maior ideia do mundo, Oficina por André Letria Pág. 14
Visitas guiadas à Fundação José Saramago/Casa dos Bicos: Pág. 15

Exposições itinerantes:
- José Saramago, 90 Anos Pág. 17
- A Maior Flor do Mundo Pág. 19

Peças de teatro / Performances:
- Memorial do Convento Pág. 21
- Quem quer ser Saramago? Pág. 22
- Levantei-me do Chão Pág. 23

"The Double" critica literária - "O Homem Duplicado"

A presente critica literária pode ser recuperada e consultada, aqui
em https://scholarsandrogues.com/2016/09/11/jose-saramago-our-doppelgangers-our-selves/

The Double is, ultimately, a meditation – on who we are and, more importantly, on why we are.

“Chaos is merely order waiting to be deciphered.” ― José Saramago, The Double

"The Double" by Jose Saramago

"The use of doppelgangers in literature is a common enough  device. Edgar Allan Poe’s short story “William Wilson” and Joseph Conrad’s “The Secret Sharer” explore the idea of a double who shares an intimate relationship with the protagonist.  In novel form Dickens treats the idea in A Tale of Two Cities and Dostoevsky explores it in The Double. Of course the device has been given permutations, the most famous of which is likely Robert Louis Stevenson‘s The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde wherein the doppelganger idea is blended with an exploration of chemically induced multiple personality disorder.

The Portuguese Nobelist Jose Saramago (whose Baltasar and Blimunda I wrote about last year) offers a postmodern spin on the doppelganger. Saramago’s The Double is both a story of a man who accidentally encounters his human duplicate while watching a video and a meditation on identity, self-hood, and the power of language.

Tertuliano Maximo Afonso is a history teacher. He is divorced, depressed, and at loose ends in both his professional and personal lives. A well meaning friend, a mathematics teacher, recommends a film to him – as a diversion from his worries. The film, The Race is to the Swift, has a scene with a hotel receptionist that Afonso realizes is his exact twin. Afonso becomes obsessed with finding the actor. He watches a series of movies from the same production company trying to find out the name of his doppelganger. Finally, by chance, he finds the name and contact the actor (who uses the stage name Daniel Santa-Clara but whose real name is Antonio Claro). Through a long, overly discursive, narrative  Saramago finally brings Claro and Afonso together.  Their meeting sets in motion a series of events that ends in what can properly be called absurdist tragedy.

What Saramago is interested in in this novel is not this story. What he is really interested in is the vagaries of the imagination and the  power of words not simply to describe but to define existence:

We have an odd relationship with words. We learn a few when we are small, throughout our lives we collect others through education, conversation, our contact with books, and yet, in comparison, there are only a tiny number about whose meaning, sense, and denotation we would have absolutely no doubts, if one day, we were to ask ourselves seriously what they meant. Thus we affirm and deny, thus we convince and are convinced, thus we argue, deduce, and conclude, wandering fearlessly over the surface of concepts about which we only have the vaguest of ideas, and, despite the false air of confidence that we generally affect as we feel our way along the road in verbal darkness, we manage, more or less, to understand each other and even, sometimes, to find each other.

As for imagination, Saramago tries to explain what happens to our imaginations as we move through life following predetermined paths, adhering to the behaviors that prevent us from experiencing life’s possibilities:

We all know, however, that the enormous weight of tradition, habit, and custom that occupies the greater part of our brain bears down pitilessly on the more brilliant and innovative ideas of which the remaining part is capable, and although it is true that, in some cases, this weight can balance the excesses and extravagances of the imagination that would lead us God knows where were they given free rein, it is equally true that it often has a way of subtly submitting what we believed to be our free will to unconscious tropisms, like a plant that does not know why it will always have to lean toward the side from which the light comes.

The idea that we are not unique – that there is a duplicate of us somewhere – is antithetical to our notions of our – let me use a term that has been thrown around a lot in recent years – exceptionalism. Saramago suggests, however, something else: that no matter how many duplicates of us there are that we are, to those who love us, unique:

It was said that one of them, either the actor or the history teacher, was superfluous in this world, but you weren’t, you weren’t superfluous, there is no duplicate of you to come and replace you at your mother’s side, you were unique, just as every ordinary person is unique, truly unique.

The Double is, ultimately, a meditation – on who we are and, more importantly, on why we are."

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Crónica "O grande teatro do mundo" publicada em "As opiniões que o DL teve" (14/12/1972)

"O grande teatro do mundo"
14 de dezembro de 1972

"A representação teatral de ações simultâneas não foi invenção do nosso tempo, ao contrário do que poderão pensar a pessoas inclinadas a acreditar que o passado terá sido pouco mais do que um espesso casulo ou um ovo de trevas. Um palco que hoje se estrutura em vários níveis e planos, e onde os atores que gesticulem e falem em articulação ou não com outros atores, repete mistérios medievais e representações mais recuadas ainda. 
Tudo isto são banalíssimas verificações, certamente o pretexto adequado a uma reflexão anacronicamente moralista, pois se trata, como anuncia o título, de ver o mundo como um palco imenso de ações simultâneas, muitas delas decorrentes umas das outras, outras ainda marcadas pelo absurdo dos contrastes. Também a reflexão não terá nada de original. Este modo de ser do mundo é o responsável pela multidão de misantropos que arrastarão a vida numa áspera derrota, recusando-se a ser peso na balança e cúmplices no absurdo. Infelizmente para eles o mundo inclui-os na sua grande máquina misturadora: tudo é gente transportada nos remoinhos movediços da História, girando ao parecer no mesmo lugar, e contudo avançando no fluido inapreensível do tempo. Talvez seja a insensível fricção desse fluido que envelhece os homens como a água que corre sobre as pedras, as desgasta, as reduz a lâminas, a areia, e, por fim a átomos invisíveis... 
Revertamos, porém, ao ponto: o mundo é, evidentemente, um palco imenso de ações simultâneas, de que partem três homens para a Lua, fortes de ciência e técnica, e onde centenas de outros homens se esforçam humildes por tomar lugar numa carruagem de metropolitano, num autocarro, num elétrico, num simples táxi, se possível... E isto para só falarmos no angustiante, mas no entender de muita gente pitoresco, problema dos transportes, porque se contemplarmos o plano da moral comezinha veremos cinquenta religiões, entre pequenas e grandes, difundirem por todos os meios palavras de paz, enquanto as guerras metodicamente vão fazendo pela vida... e pela morte. Repare-se também no presidente Thieu do Vietname do Sul, que benevolamente condescende em tréguas de Natal, sob condição (ou pouco menos) de que a guerra prossiga depois desse breve intervalo que provavelmente nem bastará para enterrar decentemente os mortos. Veja-se, para não sair daquelas partes do mundo, como um povo tem vindo a ser literalmente sangrado há dezenas de anos, não obstante o clamor de protesto que a todas as horas se levanta das nações. Atente-se nos altíssimos e luxuosos edifícios de cujos terraços quaisquer honestos olhos distinguirão o vexame dos bairros de lata, agora cosmopolitamente rebatizados como bidonvilles. Tome-se a medida do conforto e veja-se como ela se recusa a assentar no corpo de quem nasceu sobre estrelas malévolas. 
Esta enumeração não acabaria nunca, mesmo que pretendêssemos dedicar-lhe as colunas inteiras do jornal. O teatro do mundo é realmente grande e capaz de conter a multiplicação de todas as disformidades e injustiças, sobre a capa pacificadora de uma resignação infinita que se exprime na desolada verificação de que o mundo já assim era quando nascemos, razão bastante boa para que aos olhos de muita gente assim deva continuar... Entretanto, neste teatro absurdo o pano vai caindo, para cada um de nós, na altura devida. É uma espécie de roleta russa em que todos acabaremos por ser alvejados. Em todo o caso, mesmo sem misantropia excessiva, haveremos de convir que o mundo assim organizado merecia bem que o pano caísse de vez. Universalmente. Tranquilizemo-nos, porém: o homem é o animal mais resistente da Terra, porque se nutre de um a alimento invisível chamado esperança. 

in, "As opiniões que o DL teve", 1.ª edição de 1974
14 de Dezembro de 1972
Edição Porto Editora, edição de 2014) páginas 74 a 76

sábado, 3 de setembro de 2016

"Julieta a Romeu" e "Romeu a Julieta" Poemas de José Saramago - "Os Poemas Possíveis"

"Julieta a Romeu"
"É tarde, amor, o vento se levanta,
A escura madrugada vem nascendo,
Só a noite foi nossa claridade.
Já não serei quem fui, o que seremos
Contra o mundo há-de ser, que nos rejeita,
Culpados de inventar a liberdade."
in, "Os Poemas Possíveis" 
Edição Porto Editora, página 104

"Romeu a Julieta"
"Eu vou amor, mas deixo cá a vida,
No calor desta cama que abandono,
Areia dispersada que foi duna.
Se a noite se fez dia, e com a luz
O negro afastamento se interpõe,
A escuridão da morte nos reúna."
in, "Os Poemas Possíveis" 
Edição Porto Editora, página 105

José Saramago e a sua presença na "Festa do Avante"

Trabalhos de montagem e apoio à realização da Festa do Avante em 1978

Via página da Fundação José Saramago, aqui 
No dia da abertura da 40.ª edição da Festa do Avante!, uma fotografia de José #Saramago no trabalho de montagem da Festa de 1978. Ao longo das várias edições da Festa, o Nobel português marcaria presença em debates e sessões de autógrafos. 
A Notícias Magazine publica hoje uma galeria de fotografias, assinalando os 40 anos de festa: http://www.noticiasmagazine.pt/2016/avante-40-anos-de-festa/



Fotografias do espaço literário com destaque para a vida e obra de José Saramago






Fotografias e texto via blog "Sem Embargo"
"José e Pilar" na Festa do Avante
 Pilar del Rio e o realizador Miguel Gonçalves Mendes estiveram na Festa do Avante, para a apresentação do documentário "José e Pilar".
3 de Setembro de 2011





sexta-feira, 2 de setembro de 2016

"Conversaciones que le cambiarán la vida - Homenaje a José Saramago" - Feria do Libro del Bogotá (2013)

"Conversaciones que le cambiarán la vida - Homenaje a José Saramago"

Pode ser recuperado e visualizado, aqui 

"En conversación con Laura Restrepo, Pilar del Río, esposa del nobel portugués nos habla de los últimos momentos del escritor y de su emotiva despedida."