Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sábado, 27 de dezembro de 2014

A Visita... alguns momentos...

"Não subiu às estrelas se à terra pertencia.
E aos leitores."
"Está escrito que onde haja um sol terá que haver uma lua,
e que só a presença conjunta e harmoniosa de um
e do outro tornará habitável, pelo amor, a terra."


"Olharei a tua sombra se 
não quiseres que te olhe a ti."

"Eu não invento nada. Limito-me a pôr à vista.
Levanto as pedras e mostro o que está por baixo.
Nós somos o outro do outro."
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome
essa coisa é o que somos."
"Com a mesma veemência e a mesma força com que 
reivindicamos os nossos direitos,
reivindiquemos o dever dos nossos deveres."
"Além da conversa das mulheres,
são os sonhos que seguram o mundo na sua órbita."
"Teve bons mestres nas longas horas nocturnas
que passou em bibliotecas públicas, lendo ao acaso,
com o mesmo assombro criador do navegante
que vai inventando cada lugar que descobre."
"90 anos: Quem podia lá faltar,
neste dia levantado e principal."
 Uma tarde passada
em visita à
Fundação José Saramago
 26 de Dezembro de 2014
 Detalhe das escadas que nos transportam,
auxiliados pelas palavras
subimos e conhecemos...


Fotografias tiradas em 9 de Julho de 2011
A Oliveira, o banco e as palavras...

"Quando for crescido quero ser como Rita" José Saramago sobre Rita Levi-Montalcinia (Prémio Nobel de Medicina em 1986)

(Foto: Rita Levi Montalcini retratada junto a Marie Curie por Sofía Gandarias. 
A foto foi tirada no estúdio da pintora, em Madrid)


"Quando for crescido quero ser como Rita", afirmou José Saramago sobre Rita Levi-Montalcini. A neurologista, vencedora do Prémio Nobel de Medicina em 1986.


Em "O Caderno", dia 27 de Outubro de 2008
Caminho, 2.ª edição, páginas 90 a 92
"Quando for crescido quero ser como Rita" - José Saramago

"Esta Rita a quem quero parecer-me quando for crescido é Rita Levi-Montalcini, ganhadora do Prémio Nobel de Medicina em 1986 pelas suas investigações sobre o desenvolvimento das células neurológicas. Ora, Prémio Nobel é coisa que já tenho, logo não seria por ambição dessa grande ou pequena glória, as opiniões dos entendidos divergem, que estou disposto a deixar de ser quem tenho sido para tornar-me em Rita. De mais a mais estando eu numa idade em que qualquer mudança, mesmo quando prometedora, sempre se nos afigura um sacrifício das rotinas em que, mais ou menos, acabámos por nos acomodar.
E por que quero eu parecer-me a Rita? É simples. No acto do seu investimento como Doutora “Honoris Causa” na aula magna da Universidade Complutense, de Madrid, esta mulher, que em Abril completará cem anos, fez umas quantas declarações (pena que não tenhamos conseguido a transcrição completa do seu improvisado discurso) que me deixaram ora assombrado, ora agradecido, posto que não é fácil imaginar juntos e unidos estes dois sentimentos extremos. Disse ela: “Nunca pensei em mim mesma. Viver ou morrer é a mesma coisa. Porque, naturalmente, a vida não está neste pequeno corpo. O importante é a maneira como vivemos e a mensagem que deixamos. Isso é o que nos sobrevive. Isso é a imortalidade”. E disse mais: “É ridícula a obsessão do envelhecimento. O meu cérebro é melhor agora do que foi quando eu era jovem. É verdade que vejo mal e oiço pior, mas a minha cabeça sempre funcionou bem. O fundamental é manter activo o cérebro, tentar ajudar os outros e conservar a curiosidade pelo mundo”. E estas palavras que me fizeram sentir que havia encontrado uma alma gémea: “ Sou contra a reforma ou outro qualquer outro tipo de subsídio. Vivo sem isso. Em 2001 não cobrava nada e tive problemas económicos até que o presidente Ciampi me nomeou senadora vitalícia”.
Nem toda a gente estará de acordo com este radicalismo. Mas aposto que muitos dos que me lêem vão também querer ser como Rita quando crescerem. Que assim seja. Se o fizerem tenhamos a certeza de que o mundo mudará logo para melhor. Não é isso o que andamos a dizer que queremos? Rita é o caminho."



Mais algumas informações, via Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Rita_Levi-Montalcini

"Rita Levi-Montalcini (Turim, 22 de Abril de 1909 — Roma, 30 de Dezembro de 2012) foi uma médica neurologista italiana.
Foi agraciada com o Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1986 pela descoberta de uma substância do corpo que estimula e influencia o crescimento de células nervosas, possibilitando ampliar os conhecimentos sobre o mal de Alzheimer e a doença de Huntington. Desde 24 de Junho de 1974 era membro da Pontifícia Academia das Ciências.
Rita Levi-Montalcini foi designada em 1 de Agosto de 2001, directamente pelo presidente Carlo Azeglio Ciampi, senadora vitalícia da República Italiana , sendo a segunda mulher a ocupar este cargo, depois de Camilla Cederna.
Além do prémio Nobel, recebeu o título de doutora honoris causa de várias instituições universitárias: Universidade de Uppsala (Suécia), do Instituto Weizmann da Ciência (Israel), da McGill University do Canadá, da Universidade Complutense de Madrid, da Universidade Luigi Bocconi (Milão), da Universidade de Trieste e do Instituto Politécnico de Turim, na Itália, entre outras.
Recebeu o Prémio internacional Saint-Vincent, o prémio Feltrinelli e o prémio "Albert Lasker de Pesquisa Médica Básica". Em 22 de Janeiro de 2008 foi-lhe concedido o doutoramento "honoris causa" em biotecnologia industrial junto à Università Bicocca, de Milão.
Em 2009, ao completar 100 anos de idade, tornou-se a primeira vencedora do Prémio Nobel a alcançar um século de vida e também a mais idosa senadora vitalícia em actividade na história da República Italiana. Em 30 de Setembro de 2009, pelos seus estudos do sistema nervoso, recebeu o Wendell Krieg Lifetime Achievement Award, prémio instituído pela mais antiga associação norte-americana de neurociência - o Cajal Club."


Escultura de César Molina em homenagem a José Saramago - Pontedera, Itália (XIX Festival Sete Sóis Sete Luas)


Escultura do andaluz César Molina, em homenagem a José Saramago
Pontedera, Itália (XIX Festival Sete Sóis Sete Luas)


Reportagem do jornal Público, em

"A inauguração de uma passarola em Pontedera (Itália,) em homenagem a José Saramago, presidente honorário do Festival Sete Sóis Sete Luas, constitui um dos pontos altos da XIX edição do certame, que começa na quarta-feira, em Lisboa.
A iniciativa foi hoje anunciada em Lisboa pelo director do festival, Marco Abbondanza, numa conferência de imprensa para apresentação do certame, cuja abertura decorre na quarta-feira com um concerto da cantora italiana Pietra Montecorvino, a realizar no Instituto Italiano de Cultura.

Em declarações à Lusa, Marco Abbondanza acrescentou que a inauguração do monumento, do escultor andaluz César Molina, - que qualificou como “um símbolo iluminista à semelhança de Saramago que mostrou que podemos construir o nosso próprio destino” - está marcado para 16 de Julho frente ao Centrum Sete Sóis Sete Luas em Pontedera, uma comuna italiana da região da Toscana, na província de Pisa. 
“Ao longo dos mais de 20 anos de relacionamento que manteve connosco, José Saramago deu-nos uma lição de vida e foi a primeira pessoa a aderir a este festival, um certame que pretende dar ênfase às manifestações artísticas e culturais mediterrânicas e dos países lusófonos”, afirmou. 
O monumento fica situado no pátio do Centrum, numa praça que em 2012, por ocasião da 20ª edição do festival, passará a chamar-se “Piazza José Saramago”, acrescentou o director do festival. 

À inauguração do monumento sucede a estreia em Itália do documentário “José e Pilar”, de Miguel Gonçalves Mendes, que será exibido em todas as localidades italianas que aderem à rede do festival Sete Sóis Sete Luas, incluindo na casa do embaixador português em Roma, numa iniciativa que conta com o apoio do Instituto Camões. 
A rede do festival integra 25 cidades de 10 países da bacia do Mediterrâneo e mundo lusófono (Cabo Verde, Croácia, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Marrocos, Portugal e Brasil). 
Capri (Itália) e Ceuta (Espanha) são duas das novas cidades que este ano aderiram ao Sete Sóis Sete Luas, enquanto Vila Real e Azinhaga do Ribatejo - terra natal de Saramago - não participam nesta edição do festival devido a cortes financeiros, explicou à Lusa Marco Abbondanza. 
Ponte de Sor, Alfândega da Fé, Reguengos de Monsaraz, Castro Verde, Odemira e Oeiras são as localidades portuguesas onde decorrerá o festival, sendo nesta última vila que decorre a maioria dos concertos de música que, este ano, terão entradas pagas pela primeira vez devido às dificuldades financeiras que as autarquias atravessam, acrescentou o director do certame. 
Sebastião Antunes (Itália e Cabo Verde), Ronda dos Quatro Caminhos (França) Galandum Galundaina (Ceuta), José Barros na voz e direcção da 7Sóis, Med.Kriol.Orkestra (que actuará em todas as cidades italianas aderentes) e Pedro Mestre (viola campaniça) que actuará na Croácia, França e em Espanha são os artistas portugueses que participam na edição deste ano do festival. 
Já em Portugal far-se-ão ouvir artistas como os Tenores de Neoneli (Sardenha), os grupos espanhóis Toma Castaña, Orkestra Chekara Flamenca, Zoobazar, Dos Orillas e Sinetiketa, os italianos Tinturia e Flokabbestia, o croata Franko Krajkar e a israleita Esta."

(a incansável disponibilidade de Pilar del Río) 


Link da Antena1 com referência à reportagem do "Festival 7 Sóis, 7 Luas - 2011" http://www.rtp.pt/antena1/?t=Apoio-A1-Festival-7-Sois-7-Luas-2011.rtp&article=3840&visual=10&tm=11&headline=14

"A inauguração de um monumento em Pontedera, Itália, em homenagem ao escritor José Saramago, constitui um dos pontos altos do XIX Festival Sete Sóis Sete Luas, anunciou, ontem, em Lisboa, em conferência de imprensa, o seu director. Marco Abbondanza disse que a inauguração do monumento – “um símbolo iluminista, à semelhança de Saramago, que mostrou que podemos construir o nosso próprio destino” –, do escultor andaluz César Molina, é no dia 16 de Julho. “Ao longo dos mais de 20 anos de relacionamento que manteve connosco, José Saramago deu-nos uma lição de vida e foi a primeira pessoa a aderir a este festival, que pretende dar ênfase às manifestações artísticas e culturais mediterrânicas e dos países lusófonos”, frisou o responsável. O monumento fica no pátio do Centrum, numa praça que, em 2012, por ocasião da 20ª edição do festival, passa a chamar-se “Piazza José Saramago”, referiu. À inauguração do monumento sucede à estreia, em Itália, do documentário “José e Pilar”, da autoria do cineasta Miguel Gonçalves Mendes, que vai ser apresentado em todas as localidades italianas que aderiram à rede do festival Sete Sóis Sete Luas. A rede do festival é constituída por 25 cidades de dez países da bacia do Mediterrâneo e por Cabo Verde, Croácia, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Marrocos, Portugal e Brasil. Capri, Itália, e Ceuta, Espanha, são duas das novas cidades que aderiram, este ano, ao festival Sete Sóis Sete Luas, enquanto Vila Real e Azinhaga do Ribatejo – terra natal de Saramago – não participam devido a cortes financeiros, disse Marco Abbondanza."
(Notícia do site Jornal de Angola, 28 de Junho de 2011)

Link do site oficial do Festival, em http://www.festival7sois.eu/pt-pt/