Perguntam-me não raras vezes:
- "Qual o livro de José Saramago que mais gostaste de ler?"
A resposta que pode ser dada a cada momento:
- "Impossível de dizer... não sei responder, não seria justo para com outros (livros) não nomeados. Mas uma coisa sempre soube. Uma obra de Saramago, enquanto "pseudo ser vivo" ou com "gente dentro" tem que me raptar, prender-me, não me deixar sair de dentro das suas páginas. Fazer de mim um refém, e só me libertar no final da leitura... mesmo ao chegar à última página. Aí, o "Eu" leitor que se mantém refém, liberta-se da "gente que a obra transporta dentro" e segue o seu caminho.
Mas segue um caminho que se faz caminhando, conjuntamente com mais uma família"

Rui Santos

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

"Tenor Joe Dan Harper Steals the Spotlight in LCCE’s Death and a Knight"

Apresentação da ópera baseada na obra de José Saramago "As Intermitências da Morte" pela Left Coast Chamber Ensemble de San Francisco EUA

"Tenor Joe Dan Harper Steals the Spotlight in LCCE’s Death and a Knight"
"SFCV San Francisco Classical Voice" de Rebecca Wishinia (7/11/2017)


"Soprano Nikki Einfeld and baritone Daniel Cilli in Death With Interruptions 
Credit: Maggie Beidelman"
"Last weekend, in its most ambitious program to date, Left Coast Chamber Ensemble mounted two chamber operas, both written within the last three years by Kurt Rohde.
Two new, good operas is a lot to ask of any composer, so it’s not disappointing that only one is enjoyable. Death With Interruptions, adapted from the José Saramago novel, has plenty of onstage help from some of the Bay Area’s best performers (including Volti Chorus), but fails to charm — and it tries, hard.
Like so many of Saramago’s stories, Deathhas a fantastical central conceit — a female Grim Reaper, who ultimately spares the life of her lover — that requires special care to come off. The book balances good writing with sufficiently large omissions, gaps to be perfectly filled in by the individual reader. But Rohde’s opera (finished in 2015 and revised this year) doesn’t have this advantage, and too much goes on, diluting any impact that might have been there. The music, though frequently changing, is forgettable, and redundant narration is especially irritating when the core characters are so tired." (...) 
"Bay Area vocal ensemble Volti San Francisco, cellist Leighton Fong, 
and baritone Daniel Cilli in Death With Interruptions 
Credit: Maggie Beidelman"

Link da Left Coast Chamber Ensemble

"Os purgantes de José Saramago" da jornalista Cristina Lai Men (TSF, 07/11/2017) no Colóquio Interdisciplinar sobre os provérbios em Tavira

"Os purgantes de José Saramago" 
Colóquio Interdisciplinar sobre os provérbios em Tavira
Cristina Lai Men, jornalista da TSF (07/11/2017)

Aqui via TSF com audio, 
em https://www.tsf.pt/sociedade/interior/os-purgantes-de-jose-saramago-8898935.html

"O Nobel português usava e abusava de provérbios que via como "fórmulas de sabedoria condensada para uso imediato e efeito rápido como os purgantes".

O professor Filipe Pires começou por analisar O Memorial do Convento, para as aulas em que a obra de José Saramago é de leitura obrigatória.

Foi com a história de Baltasar e Blimunda que Filipe se encantou pelo mundo dos provérbios que o Nobel português "usa à sua medida".

De acordo com o próprio Saramago, "sem a bengala dos provérbios não teria chegado a ser escritor".
Do Memorial do Convento aos Ensaios sobre a cegueira ou sobre a lucidez, A história do Cerco de Lisboa ou o Ano da Morte de Ricardo Reis, são mais que muitos os provérbios nos livros de Saramago.

Filipe Pires lembra como escrevia José Saramago: as palavras têm de puxar uma pelas outras. E puxar pela imaginação, reformulando, com sentido crítico ou sarcástico. "Com os pensamentos, todo o cuidado é pouco", alertava o Nobel português, que dizia também "não sou eu quem joga com as palavras, são elas que jogam comigo".

Ler também o post "Saramago começou a viver!" no blog "ESCREVER COM ALMA" do professor Filipe Pires
Aqui, em http://escrever-com-alma.blogspot.pt/2010/

"José de Sousa Saramago nasceu em Azinhaga, Golegã, em 1922. Faleceu em 2010 na ilha de Lanzarote. Filiado e militante activo do P.C.P. foi escritor, argumentista, jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta português.
Foi galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.
A sua obra: «Memorial do convento» é a mais conhecida e faz parte do programa de estudos do 12º ano.
«“Com José Saramago”, diz Carlos Reis, desaparece não apenas um grande escritor português, mas sobretudo um enorme escritor universal”. No entanto, acrescenta, “fica connosco um universo: esse que Saramago criou, feito de uma visão subversiva da História e dos seus protagonistas, dos mitos estabelecidos e das imagens estereotipadas”.

Ainda que a sua obra “tenha a dimensão plurifacetada e sempre em renovação que é própria dos grandes escritores”, Carlos Reis arrisca “evocar, neste momento de comovida homenagem, alguns dos seus componentes mais fortes e expressivos”. Lembra que “o romancista que em 1980 publicava ‘Levantado do Chão’ – uma espécie de romance de iniciação que confirmava a aprendizagem representada em Manual de Pintura e Caligrafia – pagava uma espécie de tributo literário ao extinto neo-realismo, com o qual mantinha fortes laços de solidariedade ideológica e política”. Mas acrescenta que “logo depois, e na sequência do admirável ‘Memorial do Convento’, Saramago escreve e publica, entre outros ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’ (1984), ‘A Jangada de Pedra’ (1986) e ‘História do Cerco de Lisboa’ (1989)”. Isto, diz Carlos Reis, “significa que ‘Memorial do Convento’ não era um caso isolado, no que à inscrição da História na ficção diz respeito, e significa também que a tematização da História desencadeava inevitavelmente um jogo de variações e de modulações temáticas”.

Entre “os grandes temas que a ficção saramaguiana nos legou”, Reis assinala “a reflexão sobre Portugal e o seu destino (mau destino, para Saramago) de integração europeia, a problematização de mitos portugueses (o de Fernando Pessoa, por exemplo) em articulação com um tempo histórico tão bem identificado como o dos inícios do salazarismo, a revisão crítica e provocatória do Cristianismo, ou a reflexão em clave ficcional sobre as origens históricas e políticas de Portugal, de novo em incipiente “diálogo” com a Europa”.

Após os anos 80, “a mais fecunda década da escrita literária de Saramago, abre-se”, diz Reis, “um tempo de tematização de sentidos, de valores e de temas com um alcance universal”. E “é então, sobretudo, que o registo da alegoria entra decididamente na escrita literária de Saramago; e é por isso que romances como ‘Ensaio sobre a Cegueira’ ou ‘Todos os Nomes’ são e serão lidos como grandes romances da literatura universal”, afirma o ensaísta e professor universitário.

“Diz-se que José Saramago era um escritor polémico. É verdade. São polémicos os escritores que, com desassombro e com arrojada visão do futuro, interpelam os homens e os poderes do seu tempo”, diz ainda Reis, para concluir: “E é justamente quando o fazem, em conjugação com o impulso inovador que às suas obras incutem, que dizemos deles que são grandes escritores”. E Carlos Reis, que acabou há dias de escrever um prefácio para uma edição especial de “O Memorial do Convento”, ilustrada por João Abel Manta – o livro deverá ser lançado em Setembro pela editora Modo de Ler, não hesita em afirmar que “Saramago foi e será um grande escritor”.

O último crente

Para Eduardo Lourenço, Saramago foi, na sua história pessoal e de escritor, “o que de mais próximo tivemos da Gata Borralheira, uma gata borralheira rústica, que nasceu num berço pobre e chegou àquele trono de Estocolmo”. O prémio Nobel, diz, “foi importante para ele, mais foi-o também para o país, por ter sido o primeiro Nobel da Literatura português e porque as probabilidades de que venhamos a ter outro não são muitas”. No futuro, prevê, “a geração dele, que é também a minha, será a geração do Nobel”.
Recordando que o escritor não tinha muito apreço “pelo patético” e que “não gostaria de grandes efusões a título póstumo”, Lourenço considera que o que o romancista trouxe para a literatura foi uma “visão do mundo segundo José Saramago, uma espécie de evangelho segundo Saramago”.

Algo que o ensaísta define como “um diálogo profundo, ambíguo, extraordinário, entre a visão evangélica propriamente dita, na qual foi criado, e uma transformação dessa mensagem, da qual Saramago acreditava ter conservado a essência”. Embora a sua obra “parecesse uma coisa blasfema, ele foi de certo modo o último crente numa civilização que já não crê em nada”. É esse, diz, “o paradoxo da sua vida”.

Saramago, afirma, “imaginou uma arquitectura romanesca que é uma espécie de inversão de signo da tradição mais canónica das nossas letras, construiu um mundo ao revés, que era, para ele, o mundo às direitas, reviu a história de Portugal e da Península – a história dos árabes que poderíamos ter sido –, e reviu a história da modernidade numa espécie de apocalipse”.

Para Lourenço, a obra de Saramago “é incompreensível” se não se tiver em conta “a exposição” do autor”, enquanto “jovem autodidacta”, à Bíblia, que o escritor depois “transformou numa epopeia fantástica”.

Sublinhando que Sramago “não foi um neo-realista canónico”, Lourenço nota que a sua obra “acabou por dar ao neo-realismo uma espécie de glória fantástica”. O ensaísta lembra ainda que o escritor “partilhou a utopia” dos neo-realistas e que viveu o suficiente para “ver o seu fim, em termos históricos”. Mas assinala que este “não se resignou” e que o novo mundo, “embora triunfante, não o convenceu”. Daí que, argumenta, “lhe tenha oposto, numa espécie de vingança, um mundo às avessas”.
A título pessoal, Lourenço diz que, “um pouco paradoxalmente”, gosta em particular de “Todos os Nomes”, um “livro triste”, que considera “um dos grandes romances de amor da literatura portuguesa”. » In Público, 20 Junho 2010
Publicada por Luís Filipe Pires"

Visita à delegação da Fundação José Saramago na Azinhaga (Golegã)

Delegação de Azinhaga da Fundação José Saramago
Os presentes dados podem ser consultados na página da FJS, aqui

Largo das Divisões
Azinhaga
2150-008 Golegã
azinhaga@josesaramago.org
Tel. ( 351) 249 957 032

Horário de  funcionamento
Horário de Inverno: De 3.ª a sábado, das  10 às 13 horas e das 15 às 18 horas

Horário de Verão: De 3.ª a sábado, das  10 às 13 horas e das 15 às 19 horas
Entrada gratuita

Como chegar à Azinhaga, de carro
1. Na A1, ir pela saída nº 6 em direção a Torres Novas.
2. 1,5km depois, sair em direção Torres Novas / Porto de Mós, entrando na N3.
3. Na N3 seguir as indicações de Torres Novas.
4. Cerca de 4,5km depois, passagem por Póvoa de Santarém.
5. Cerca de 3,5km depois, ir pela saída para Alcanhões, entrando na N365 a seguir até ao destino final.
6. 2km depois, em Alcanhões, virar à esquerda em direção a Golegã.
7. 400m depois, virar à direita em direção a Golegã / Pombalinho / Vale de Figueira.
8. Cerca de 3,5km depois, em Vale Figueira, virar à esquerda em direção a Golegã.
9. 700m depois, virar à direita em direção a Pombalinho / Golegã.
10. Cerca de 7,8km depois, no Pombalinho, virar à direita em direção a Golegã
11. 200m depois, virar à esquerda em direção a Golegã.
12. Cerca de 2km depois, chegada ao destino: Azinhaga.

Tempo estimativo de Lisboa → Azinhaga: cerca de 70 minutos.
How to arrive to Azinhaga by car
1. Take the high-way A1, take exit no. 6 to Torres Novas.
2. 1,5km (0,93206mi) after, take the direction Torres Novas / Porto de Mós, in the main road N3.
3. In N3 follow the direction to Torres Novas.
4. About 4,5km (2,7962mi) after, you’ll find Póvoa de Santarém.
5. About 3,5km (2,1748mi) after, take the exit to Alcanhões, in the side road N365 to be followed till the final destination.
6. 2km (1,2428mi) after, at Alcanhões, turn left to Golegã.
7. 400m (0,248mi) after, turn right to Golegã / Pombalinho / Vale de Figueira.
8. About 3,5km (2,1748mi) after, at Vale Figueira, turn left to Golegã.
9. 700m (0,435mi) after, turn righ to Pombalinho / Golegã.
10. About 7,8km (4,846mi) after, at Pombalinho, turn right to Golegã
11. 200m (0,124mi) after, turn left to Golegã.
12. About 2km (1,2428mi) after, arrival to final destination: Azinhaga.

Estimate time Lisboa → Azinhaga: about 70 minutes.

 

 




















(Créditos fotografias: Helena Mesquita, 24/11/2017)

II Jornadas Internacionais José Saramago da Universidade de Vigo (Casa das Campás - Pontevedra, 4 e 5 de dezembro de 2017)

Cartaz alusivo ao evento
"Saramago nos 300 anos do Convento: Comunicação, Arte e Política"

Aqui mais informações via,

"A segunda edição das Jornadas Internacionais José Saramago da Universidade de Vigo, organizadas anualmente pela I Cátedra Internacional José Saramago, realiza-se na Casa das Campás, em Pontevedra, nos dias 4 e 5 de dezembro de 2017. 

As atividades destinam-se a especialistas de várias áreas do conhecimento, aos alunos da Universidade de Vigo e ao público em geral. Os estudantes das áreas de Filologia Galega e Portuguesa, Belas-Artes, Ciências Sociais e Comunicação da Universidade de Vigo estão diretamente envolvidos nestas Jornadas: colaboram na organização, apresentam comunicações e participam nos debates. 

Há, portanto, nestas Jornadas, uma aspiração simultaneamente académica, interdisciplinar, didática e de divulgação do pensamento ético e da ação político-cultural de José Saramago. As II Jornadas Internacionais José Saramago da Universidade de Vigo dedicam uma atenção especial quer ao tricentenário do Convento de Mafra, quer aos trinta e cinco anos da primeira edição do romance de Saramago Memorial do Convento (1982), mas também aos 30 anos da edição de O Ano de 1993, ilustrada por Graça Morais. Abordam-se também temas relacionados com os videojogos, poesia política, feminismo, arte e cinema, com o propósito de demonstrar o alcance e a pluralidade da obra saramaguiana. 

Estas Jornadas cumprem com o principal objetivo da I Cátedra Internacional José Saramago (CJS) da Universidade de Vigo, que é o estudo e a difusão da obra e do pensamento do autor de Memorial do Convento, Prémio Nobel da Literatura em 1998. Ao mesmo tempo, estas Jornadas centram-se nos três principais eixos da ação universitária que guiam a I Cátedra Internacional José Saramago: ensino, investigação e atividades de extensão. 

As seguintes palavras de José Saramago, ditas em 1987, resumem bem o espírito e o intuito destas II Jornadas José Saramago da Universidade de Vigo, que visam contribuir para a divulgação da obra de Saramago junto do público galego (e não só): 

O ser humano não deve contentar-se com o papel do observador. 
Tem responsabilidade perante o mundo, tem de actuar, intervir

Burghard Baltrusch e Carlos Nogueira 
(Comité executivo da CJS-UVigo)"

Casa das Campás  
Salão em Pontevedra, Espanha
Endereço: Rúa Don Filiberto, 9, 36002 Pontevedra, Espanha
Telefone: +34 986 80 20 80
Província: Pontevedra